Narração: Damián
A dor no ombro ardia como um lembrete da noite. Meu sangue ainda manchava minha camisa, mas eu não demonstrava fraqueza. Fraqueza era algo que ninguém, nem mesmo ela, poderia ver em mim. Quando Sophie abriu a porta, sua expressão foi uma mistura de horror e desespero.
— Damián! O que aconteceu? — Sua voz tremia, e antes que eu pudesse respondê-la, ela me segurou pelos braços, quase me puxando para dentro.
— Nada que já não tenha enfrentado antes, cherie, — respondi com um sorriso sarcástico. — Preciso de um pano, não de um sermão.
— Você está sangrando, seu idiota! — ela gritou, me empurrando até o sofá. — Fique quieto! Vou cuidar disso antes que você morra na minha frente!
Eu ri, mesmo com a dor pulsante no ombro.
— Morrer? Sophie, se fosse assim tão fácil, já teria acontecido.
Ela desapareceu e voltou com um kit de primeiros socorros, jogando uma toalha contra meu peito antes de rasgar o tecido da minha camisa. Eu gemi de dor quando ela tocou o ferimento, mas permaneci firme, observando-a.
— Por que está me ajudando? Pensei que me odiasse.
— Porque sou humana, ao contrário de você, que parece ser feito de pedra! — ela rebateu, a voz carregada de raiva enquanto pressionava a toalha contra meu ombro.
Quando terminou de limpar o ferimento, levantou-se para pegar algo mais, e eu, instintivamente, segui seu movimento. Ela usava apenas um pijama de cetim, curto e justo, que deixava suas curvas expostas. Por um momento, o mundo parou, que mulher gostosa da porra.
Cinco anos. Fazia cinco anos desde a última vez que eu tinha visto o corpo dela nu, e ainda assim, parecia mais provocante do que qualquer lembrança minha.
— Se soubesse que você ainda era tão... charmante, talvez tivesse tomado outro tiro antes de aparecer aqui, — murmurei, o sarcasmo dançando em minha voz.
Ela me lançou um olhar assassino enquanto pegava uma blusa e calças para vestir.
— Você é um idiota, Damián.
— E aquele merda do Liam? Ele não está aqui com você para salvar o dia? — perguntei, mesmo sabendo que a resposta iria irritá-la.
Sophie virou-se para mim, os olhos faiscando.
— Pare de insultar o Liam! Ele é um homem decente, diferente de você!
— Ah, sim. Decente. Aposto que ele não conseguiria nem limpar um tiro como você acabou de fazer, — retruquei, minha voz carregada de ironia.
Ela bufou, puxando a camisa pela cabeça, cobrindo o corpo que, por alguns segundos, havia me feito esquecer até da dor.
— Você é insuportável, sabia? Agora cale a boca, porque vamos ao hospital.
Sophie me ajudou a levantar, mesmo relutante, e me conduziu até o carro. A cada passo, meu ombro latejava, mas eu mantinha o controle. Ela estava claramente irritada enquanto dirigia pelas ruas desertas, as mãos apertando o volante com força.
— Que tipo de homem você é, Damián? Um bandido, um criminoso que só sabe resolver tudo com tiros e mortes! Como você vive assim?
— Vivo bem, cherie. Melhor do que você, aparentemente, considerando o fato de que ainda me odeia depois de tanto tempo.
Ela lançou um olhar furioso para mim pelo retrovisor.
— Você acha que isso é engraçado? Você quase morreu, Damián! Isso não é um jogo!
Eu ri, baixo e rouco, deixando minha cabeça descansar contra o encosto do banco.
— Você fica adorável quando está brava, sabia? Faz valer a pena suportar toda essa dor só para te ouvir reclamar.
— Idiota! — ela gritou, pisando no acelerador com mais força, claramente irritada com minha atitude.
Mas, por mais que ela dissesse odiar, eu sabia. Lá no fundo, Sophie não tinha me esquecido. Assim como eu nunca tinha esquecido dela.
O hospital estava tão silencioso quanto uma tumba, exceto pelo som dos meus passos ecoando no corredor, apoiados no braço de Ma fille (minha garota). Cada movimento fazia meu ombro gritar de dor, mas eu fingia não me importar. Mostrá-la seria pior que o ferimento.
— Você podia ser menos teimoso, — ela murmurou enquanto me ajudava a sentar na cadeira da sala de espera.
— E você podia ser menos preocupada, cherie, — rebati, esfregando o rosto com a mão boa.
Sophie lançou um olhar irritado na minha direção antes de se virar para falar com a recepcionista. O tom dela era de urgência, quase uma súplica, enquanto explicava que eu precisava de atendimento imediato. Apesar de estar com raiva, ela se preocupava. Isso fazia valer a pena o incômodo.
Poucos minutos depois, um médico apareceu e pediu que ela me acompanhasse até uma sala de avaliação.
— Ele levou um tiro, — ela disse, sua voz carregada de nervosismo.
— Só um? Que decepção, — murmurei, arrancando um olhar incrédulo dela.
— Você não consegue levar nada a sério, consegue?
— Estou aqui, não estou? Isso é sério o suficiente.
O médico olhou para nós dois, claramente desconfortável com a troca.
— Por favor, sente-se. Vamos tirar a camisa e examinar o ferimento.
Sophie, como sempre, tomou a dianteira. Antes que eu pudesse protestar, ela já estava puxando o que restava da minha camisa, com as mãos ligeiramente trêmulas.
— Vai devagar, mulher. Não sou uma boneca, mas também não sou feito de aço.
— Engraçado. Achei que você achasse que era, — ela retrucou, os olhos semicerrados enquanto me ajudava.
Quando o médico começou a tratar o ferimento, o silêncio finalmente tomou conta da sala. Sophie estava ao meu lado, os braços cruzados, a expressão uma mistura de irritação e preocupação.
— Por que você vive assim, Damián? — perguntou, a voz mais suave dessa vez.
— Porque alguém tem que fazer o trabalho sujo, Sophie, e ninguém faz isso melhor do que eu.
Ela balançou a cabeça, claramente insatisfeita com minha resposta.
— Você vai se destruir um dia, e nem vai perceber.
Ri, baixo, enquanto o médico me dava alguns pontos no ombro.
— Se isso acontecer, cherie, prometo que você será a primeira a saber.
Ela não riu.
Depois que o médico terminou, deu algumas instruções sobre repouso e medicamentos. Sophie agradeceu por mim, e eu me levantei com certa dificuldade.
— Está tudo bem, Damián? — ela perguntou enquanto me segurava novamente pelo braço.
— Estou ótimo. Como sempre.
Enquanto caminhávamos de volta para o carro, ela me lançou outro olhar, cheio de algo que eu não conseguia definir. Raiva, frustração... ou talvez preocupação genuína.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Marilia Garcia
coisa sem sentido. ele leva um tiro e vai atrás dela? 🤦🏻♀️😒
2024-12-12
59
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Bom..... aqui no meu país, quando alguém chega baleado , a polícia é logo chamada .Então eu não sei , o que um mafioso, foi fazer no hospital , de livre e espontânea vontade. 🥴
2025-02-18
1
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Esse verme anda com seguranças? Porque todo mafioso tem ! Na verdade, eles são chamados de soldados.
2025-02-18
1