Narração: Sophie
Os dias voaram. Depois de toda a tensão com Damián, minha mente se manteve ocupada em finalizar os preparativos para a inspeção no terreno. Não havia espaço para distrações, e a presença de Liam ao meu lado me dava forças para seguir em frente, apesar de tudo.
Naquela manhã, eu e Liam saímos cedo, seu sorriso caloroso e a gentileza com que abriu a porta do carro para mim eram reconfortantes.
— Você está linda hoje — comentou, lançando um olhar que sempre me fazia sentir especial.
— Obrigada — respondi com um sorriso, tentando afastar o peso que ainda pairava sobre mim desde a última conversa com Damián.
Ao chegarmos ao local, a equipe já estava posicionada. Um grupo de arquitetos, engenheiros e consultores nos aguardava. Entre eles, o senhor Castelli, é claro. Seu olhar sombrio era impossível de ignorar. Mesmo à distância, senti o peso de sua presença, como se ele estivesse me observando a cada passo.
— Vamos começar? — perguntei, me dirigindo ao grupo, mantendo o tom profissional.
O terreno era vasto, com potencial para transformar-se em um espaço de convivência inovador. Durante a inspeção, lideramos os pontos principais do projeto. Caminhei ao lado dos demais, ajustando detalhes com a equipe técnica e explicando a visão que havíamos elaborado.
— Aqui, no lado oeste, planejamos uma área de lazer integrada com a natureza — expliquei, apontando para a planta. — Os espaços verdes precisam ser preservados, mas vamos adicionar trilhas e pontos de descanso.
Um dos engenheiros assentiu. — Certo. Vamos precisar ajustar o cálculo de drenagem. Isso pode impactar a pavimentação das trilhas.
— Sim, exatamente. — Respondi com firmeza. — Por isso estamos propondo um material permeável. Reduz o impacto ambiental e mantém a estética.
Enquanto eu falava, sentia o olhar dele fixo em mim. Ele permanecia calado, mas seus olhos me analisavam de uma forma que começava a me desconcentrar. Mesmo quando tentava evitar, era impossível ignorá-lo.
Margot, que estava ao lado dele, também notou. Ela cruzou os braços, visivelmente incomodada.
— O que acham? — perguntei, olhando para os demais.
Liam foi o primeiro a concordar. — É uma solução inteligente, Sophie. A sustentabilidade é uma prioridade aqui, e você equilibrou bem os fatores.
Assenti, tentando focar apenas no trabalho. Seguimos para a próxima área, discutindo pontos técnicos como ventilação cruzada e iluminação natural nas construções planejadas. A equipe parecia satisfeita com os ajustes finais.
Quando chegou a hora da pausa, meu celular vibrou. Olhei para a tela e vi o nome da minha tia piscando. Uma chamada de vídeo. Meu coração apertou. Se ela estava ligando naquele momento, deveria ser importante.
— Licença, eu já volto — murmurei, afastando-me do grupo.
Atendi rapidamente. O rosto preocupado de minha tia surgiu na tela.
— Sophie, querida, desculpe incomodar você no trabalho.
— Não, está tudo bem. O que aconteceu?
— Noah não está muito bem hoje. Ele está quieto, mais abatido. Disse que queria muito falar com você.
Meu coração disparou ao ouvir o nome do meu filho. A preocupação tomou conta de mim.
— Deixe-me falar com ele, tia Clara.
Ela virou a câmera, mostrando Noah enrolado em uma manta. Seus olhos grandes me encararam pela tela, e um sorriso tímido surgiu quando ele me viu.
— Mamãe...
Minha garganta apertou. — Oi, meu amor. O que houve? Está sentindo alguma coisa?
— Estou com saudades. — Sua voz era baixinha, e meu coração partiu um pouco mais.
— Eu também estou com saudades, meu anjo. A mamãe vai te ver logo, prometo. Você tomou seus remédios? Está descansando direitinho?
— Sim... mas queria que você estivesse aqui.
Antes que eu pudesse responder, uma sombra surgiu atrás de mim. Uma voz profunda e inconfundível que fez meu sangue gelar.
— Mamãe?
Virei-me bruscamente. Damián estava parado ali, me observando com um olhar curioso, mas havia algo mais. Confusão. Ele havia ouvido.
— Com licença — murmurei, desligando a chamada rapidamente. Meu coração disparava, e eu tentava manter a calma.
— Quem era? — ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada, claramente intrigado.
— Era... minha tia. O filho dela não está bem e queria falar comigo — menti, esforçando-me para parecer natural.
Seus olhos se estreitaram. Ele sabia que eu estava omitindo algo.
— Desde quando sua tia tem filhos, Ma fille?
Damián me olhou fixamente, como se tentasse ler a verdade nos meus olhos. Antes que eu pudesse responder, fomos interrompidos.
— Damián? — A voz de Margot quebrou o silêncio. Ela surgiu ao lado dele, sorrindo, mas havia uma ponta de curiosidade em seu tom. — Estava te procurando.
Ele recuou, sua expressão voltando ao tom sombrio de sempre. — O que foi?
— Temos que falar sobre o jantar com os investidores esta noite. Precisamos revisar os pontos principais antes.
— Agora não, Margot — ele respondeu, mas seu tom não era tão cortante quanto de costume. Seus olhos voltaram para mim por um breve segundo antes de ele se virar e caminhar ao lado dela.
Respirei fundo, tentando me recompor. Ele estava desconfiado, e eu sabia que essa situação ainda iria voltar. Damián não era o tipo de homem que esquecia algo facilmente. E isso me preocupava profundamente.
Narração: Damián
A voz daquela criança continuava ecoando na minha mente. Mamãe... Era impossível ignorar. Cada palavra carregava um peso que eu não conseguia afastar. Mamãe. Sophie havia mentido? E se mentiu, o que exatamente estava escondendo?
Mesmo enquanto Margot falava sem parar ao meu lado, minha mente estava presa naqueles instantes. Eu a interrompi finalmente, sem paciência para suas tentativas de me manter entretido.
— Margot, taisez-vous, você está falando demais.
Ela me lançou um olhar irritado, mas logo suavizou o tom, ajustando o casaco enquanto caminhávamos para a saída da inspeção.
— Não entendo, Damián. O que está acontecendo com você? Ultimamente parece tão... distante.
Soltei um suspiro, tentando conter minha irritação. — Tenho muita coisa para resolver. E você insistindo não ajuda.
— Insistindo? Estou tentando ajudar! — retrucou ela, o tom ofendido. — Afinal, não somos sócios apenas nos negócios, meu amor.
Eu parei de andar, virando-me para ela. — Margot, arrête ça (pare com isso). Essa conversa acaba aqui.
Ela revirou os olhos, mas não insistiu. Seguimos para o carro, e eu a deixei em casa. O caminho até meu escritório foi silencioso, minha mente consumida por pensamentos. A resposta de Sophie não fazia sentido.
Sozinho no meu escritório, joguei o paletó sobre a cadeira e servi um copo de uísque. A lembrança da criança, das palavras de Sophie, do olhar nervoso dela quando perguntei... tudo parecia uma enorme mentira.
Refleti sobre as informações que tinha do passado dela. A tia que Sophie mencionou era uma mulher idosa, viúva e sem filhos. Nada batia com a história dela.
"Filho da minha tia..." Eu ri amargamente, sentindo a ponta de raiva crescendo. Ela achava que podia me enganar tão facilmente?
Levantei-me, pegando as chaves do carro. Eu precisava de respostas, e Sophie não me deixaria mais no escuro.
Dirigi até o hotel onde ela estava hospedada, o plano claro na minha mente. Assim que cheguei, fui direto à recepção.
A recepcionista me olhou com um sorriso profissional. — Boa noite, senhor. Em que posso ajudar?
— Estou aqui para ver Sophie Duval. Preciso do número do quarto dela.
A mulher hesitou. — Sinto muito, Senhor, mas não posso fornecer informações dos nossos hóspedes sem autorização.
Inclinei-me levemente, meu tom firme e inconfundível. — Ouça bem, ma chère. Tenho assuntos urgentes a tratar com Mademoiselle Duval. Não vou perguntar duas vezes.
Ela piscou, claramente nervosa. — Eu realmente...
Tirei algumas notas altas da carteira, deslizando-as pelo balcão. — Vamos facilitar isso. Diga-me o número do quarto. Agora.
Ela olhou para o dinheiro, hesitando por mais um momento antes de pegar discretamente. — Quarto 204.
— Bon travail (bom trabalho). — Dei um sorriso frio antes de me dirigir ao elevador.
Cheguei à porta e bati firme. Demorou alguns instantes até que Sophie a abrisse. Quando o fez, vi a expressão no rosto dela mudar. Surpresa. Tensão.
— Senhor Castelli? O que você está fazendo aqui?
Antes que ela pudesse fechar a porta, segurei-a com firmeza e entrei. — Precisamos conversar.
Ela recuou, olhando para mim, claramente incomodada. Antes que pudesse responder, ouvi passos vindos de dentro do quarto. Liam.
Ele saiu do banheiro, secando as mãos, e olhou para nós com uma expressão confusa. — Está tudo bem aqui?
Minha paciência estava no limite. Meu olhar para ele foi direto, deixando claro meu descontentamento. — O que você está fazendo aqui?
Liam ergueu as sobrancelhas, ainda calmo. — Estou ajudando minha namorada com os últimos ajustes do projeto. Por quê?
Sophie interveio, sua voz firme. — Liam, está tudo bem. Eu resolvo.
Ele hesitou, mas então se aproximou dela, colocando a mão em seu braço e lhe dando um beijo rápido na bochecha antes de pegar suas coisas. — Estarei no meu quarto se precisar de algo.
Quando a porta se fechou atrás dele, voltei meu olhar para ela. Fúria e algo mais.
— Então, é assim? Vocês dois estão... — Fiz um gesto vago com a mão, o sarcasmo transbordando. — Dormindo juntos agora?
— O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta, Damián. — A voz dela estava tensa. — Eu e Liam temos um relacionamento, e isso não diz respeito a você.
Eu ri, um som baixo e sombrio. — Não diz respeito a mim? Sophie, merde (merda)! Não me venha com essa. Não esqueça do porque estou aqui.
Ela cruzou os braços, desafiadora. — E não se esqueça de que você é casado.
A acusação pairou no ar por um instante. Mas eu não estava aqui para discutir meu casamento.
— Vamos falar do que realmente importa. A ligação de mais cedo. A criança.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Cleidilene Silva
vai adiantar ela fala da existência do Nhoah, se quando ela precisou dele ele ele foi um canalha ,e ainda por cima se casou.
2024-12-06
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Krystyna emilia
Oi o cara é um boçal sem noção cafajeste, acostumado a ter a última palavra pela força quando ela procurou ele para e disse que estava grávida o que ele fez a humilhou chama do ela de golpista agora ele não nenhum direito, além do que ele é casado /Awkward//Smug//Panic//Sleep/
2025-02-24
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Neuza Lucia
agora eu perguntou que direito ele tem sobre ela ou sobre o filho que ele mesmo renegou?👊🤦
um idiota babaca nojento escroto cafajeste um sem noção nenhuma 🤔😏🤫🫢😶
2025-02-23
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