CAPÍTULO 13

Narração: Sophie

O calor do momento, somado à visão de Damián sentado com Margot a poucos metros, me deixou vulnerável. As emoções estavam à flor da pele, e antes que pudesse pensar direito, respondi.

— Eu... Aceito.

Um sorriso iluminou seu rosto, e ele se inclinou lentamente em minha direção. Meu coração batia descompassado. Quando seus lábios tocaram os meus, senti o peso da situação, mas não recuei.

O som de um baque forte me fez abrir os olhos. Olhei para o lado e vi Damián. Sua mão estava cerrada sobre a mesa, os olhos vermelhos de raiva. Ele parecia prestes a explodir, mas não fez nada.

Respirei fundo, tentando manter a calma.

— Liam, acho melhor voltarmos para a empresa. Temos muito trabalho a fazer.

Ele concordou, ainda sorrindo, e pagou a conta rapidamente. Enquanto saíamos, senti o olhar daquele homem queimando minhas costas. Ele estava furioso, e eu sabia que aquilo estava longe de acabar.

Narração: Damián

O relógio no canto da minha mesa marcava meio-dia. Eu deveria ter recusado quando Margot entrou no escritório com sua insistência usual.

— Damián, você precisa fazer uma pausa. Vamos almoçar. É raro termos tempo juntos.

Eu mal levantei os olhos do monitor. — Margot, tenho trabalho a fazer.

— Trabalho é tudo que você faz — ela retrucou, cruzando os braços. — Hoje, você vem comigo.

Suspirei. Havia uma ponta de cansaço em sua voz, misturada com a costumeira determinação. Não era o momento para discutir.

— Très bien. Vamos, então — respondi, por fim, levantando-me. — Mas não demore. Tenho uma reunião à tarde.

Ela sorriu triunfante, ajustando o vestido antes de me acompanhar até o carro.

...----------------...

O restaurante escolhido era discreto, mas elegante. Margot sempre teve bom gosto para esses detalhes. Sentamos em uma mesa ao lado das janelas grandes que ofereciam uma vista da rua movimentada.

— Você tem estado tão distante ultimamente — começou ela.

Peguei o menu sem olhá-la. — Tenho responsabilidades. Vous savez cela.

— Suas responsabilidades nunca incluem tempo para mim — ela comentou, mas seu tom era menos acusatório do que de costume.

— Podemos discutir isso depois? — murmurei, tentando evitar mais uma conversa que eu sabia onde terminaria.

Foi então que meu olhar captou algo, ou melhor, alguém. Sophie. Ela estava a poucos metros, sentada com Liam, rindo de algo que ele disse. Meu peito se contraiu, e uma sensação estranha se apoderou de mim. Algo que eu nunca havia sentido antes: ciúmes.

Observei enquanto ele pegava a mão dela sobre a mesa. Meu maxilar se apertou involuntariamente. Eu deveria olhar para Margot, continuar o almoço como se nada estivesse acontecendo. Mas não conseguia.

— Damian? — Minha esposa chamou minha atenção.

— Hm? — murmurei, sem tirar os olhos de Sophie.

— Eu estava dizendo que talvez devêssemos passar o fim de semana na casa de campo. Você está precisando de uma pausa.

— Peut-être (veremos)... — respondi secamente, enquanto ela suspirava com frustração.

Então aconteceu. Liam se inclinou e beijou minha garota. O sangue subiu à minha cabeça, e antes que percebesse, meu punho desceu com força sobre a mesa. O som ecoou no restaurante.

Margot deu um pequeno sobressalto. — Damian! O que foi isso?

— Rien (nada). — Minha voz saiu baixa, quase um rosnado.

Ela olhou ao redor, tentando entender o que tinha causado minha reação, mas não viu nada de extraordinário.

Sophie e Liam se levantaram logo depois, deixando o restaurante. Eu os segui com os olhos, incapaz de esconder minha raiva.

— Você está bem? — Margot perguntou, ainda confusa.

— Sim. Vamos terminar logo aqui. — Empurrei o prato, sem sequer tocá-lo.

No caminho de volta, Margot tentou puxar conversa, mas eu estava perdido em pensamentos.

— Vou visitar meu pai esta tarde — ela anunciou enquanto saíamos do carro em frente ao prédio da empresa.

— Faites ça ( faça isso )— respondi, sem emoção, observando-a se afastar.

Assim que entrei na empresa, a raiva que havia tentado controlar voltou com força total. Minha mente estava dominada pela imagem no restaurante, e isso me consumia.

Não consegui pensar em mais nada. Subi direto para a sala dela. Abri a porta sem bater.

— Sophie. Quero falar com você. Maintenant.

Ela levantou os olhos da planta que estava analisando. Sua postura permaneceu impecável, profissional.

— Estou ocupada. Preciso finalizar esses detalhes antes da próxima reunião.

Meu olhar endureceu. — Isso não foi um pedido.

Ela hesitou por um momento, depois suspirou e se levantou. — Tudo bem. Um minuto.

No escritório, eu andava de um lado para o outro, como um animal enjaulado. Não conseguia me sentar, minha raiva era como um fogo queimando por dentro. Quando Sophie entrou, mal esperou fechar a porta antes de eu avançar em sua direção.

— O que você acha que está fazendo? — minha voz saiu baixa, mas carregada de tensão.

Ela franziu a testa, mantendo a postura. — Não sei do que você está falando.

Me aproximei, encurralando-a contra a porta. Minhas mãos foram para os dois lados, fechando os punhos contra a madeira, enquanto meu corpo se inclinava levemente para o dela.

— Liam. Você e ele. Depuis quand (desde quando)?

Ela respirou fundo, visivelmente desconfortável, mas não desviou o olhar.

— Isso não é da sua conta, senhor Castelli. Minha vida pessoal não tem nada a ver com você.

Minha raiva aumentou, mas era misturada com algo mais primitivo. Meus olhos escanearam o rosto dela, a tensão no ar era quase palpável.

— Não tem nada a ver comigo? — perguntei, minha voz mais rouca agora. — Então por que eu não consigo tirar isso da cabeça?

Ela estreitou os olhos. — Talvez porque você está acostumado a ter tudo sob controle. Bem, eu não faço parte disso.

Minha mão escorregou para a maçaneta, ainda mantendo-a presa contra a porta. — Eu vi você, Sophie. Vi aquele beijo.

— E daí? — Ela levantou o queixo, mas sua voz tremia levemente. — Você está casado. Não tem o direito de se importar com quem eu fico ou deixo de ficar.

— Você acha que é simples assim? — soltei, meu rosto a centímetros do dela. — Acha que posso ignorar o que sinto quando vejo alguém te tocando?

Ela ficou em silêncio por um momento, suas bochechas corando.

— Isso não importa. Você escolheu sua vida. E eu escolhi a minha.

Ela tentou se afastar de mim, mas minha mão foi rápida, segurando a maçaneta antes que ela sequer a alcançasse. Sophie parou abruptamente, e, com uma postura rígida, virou-se para mim.

— Damian, deixe-me sair. Isso já passou dos limites.

Me aproximei, diminuindo ainda mais o espaço entre nós. Meus dedos deslizaram para a nuca dela, segurando-a com firmeza, mas sem machucá-la. Minha testa se encostou à dela, minha respiração pesada misturando-se com a dela.

— Passou dos limites, ma chère? — murmurei, minha voz rouca e carregada de sarcasmo. — Não brinque comigo. Você sabe que não há limites entre nós. Nunca houve.

Os olhos dela brilharam com algo entre raiva e nervosismo. Ela não respondeu, mas eu não precisava de palavras. O rubor em suas bochechas e a forma como sua respiração acelerava diziam mais do que ela gostaria de admitir.

— Je n’oublie pas... (Eu não esqueço...) — sussurrei, minha voz mergulhando em uma memória que parecia queimá-la tanto quanto a mim. — Aquela noite. Seu corpo sob o meu. Sua pele quente... Você me entregando tudo. Eu vejo isso toda vez que fecho os olhos.

Ela piscou rapidamente, como se quisesse afastar as lembranças que eu estava trazendo à tona.

— Pare, Damián — ela murmurou, quase inaudível.

— Não vou parar, princesse. — Meus dedos apertaram levemente sua nuca. — Você pensa que pode simplesmente me apagar da sua vida? Você realmente acredita que pode me esquecer?

Ela tentou se afastar, mas eu a mantive firme. Meus olhos queimavam enquanto a encarava, tão perto que era impossível escapar.

— Me diga, Sophie... — minha voz saiu mais baixa, mais perigosa. — Desde aquela noite, você esteve com outro homem?

Ela arregalou os olhos, surpresa pela pergunta.

— O quê? Isso não é da sua conta!

Inclinei a cabeça, observando cada nuance do rosto dela. — Responda. Você esteve com outro além de mim?

Seu rosto ficou ainda mais vermelho, e ela cerrou os lábios, recusando-se a me dar a resposta.

— Putain! ( porra ) — xinguei em francês, minha frustração transbordando. — Eu fui o primeiro. Sei que fui. Então me diga, ma belle, ele... Liam... Ele sequer sabe o que fazer com você?—

— Isso não é da sua conta, Damián! — ela explodiu, empurrando meu peito com força, mas eu nem me movi. — Para de agir como se tivesse algum direito sobre mim!

Soltei uma risada baixa e sem humor. — Direito? Mon dieu! Sophie, você é a única coisa que eu não consigo controlar. Isso me enlouquece, você entende?

Ela balançou a cabeça, tentando se recompor. — Assim que esse projeto terminar, eu vou voltar para o Canadá. Vou sumir da sua vida. E vou ser feliz, Damian. Talvez até me casar com Liam.

Essas palavras foram como gasolina jogada em um fogo já ardente. Meus punhos apertaram ao ponto de doer.

— Nom de Dieu! ( Por Deus ) — rugi, socando a parede ao lado dela com tanta força que o impacto ecoou pela sala. Ela deu um salto, mas não se afastou.

Meus olhos estavam fixos nos dela, e minha voz saiu carregada de um veneno frio:

— Escute bem, Sophie. É mais fácil eu morrer do que você se casar com aquele merda. Porque, se isso acontecer, ele não vai viver para colocar um anel no seu dedo. Entendeu?

Ela abriu um sorriso amargo, sem humor, e soltou uma risada curta que me fez querer quebrar algo.

— Vamos ver, Damian. — Sua voz estava carregada de ironia. — Vamos ver se você consegue impedir.

Ela virou-se e abriu a porta com um movimento decidido, saindo antes que eu pudesse detê-la novamente. Fiquei parado por um momento, olhando para a porta aberta, minha respiração pesada e minha raiva transbordando.

Minutos depois, explodi. Peguei o peso de papel sobre minha mesa e o arremessei com toda a força contra a parede. O objeto se partiu ao meio, e cacos de vidro voaram pelo chão.

Passei as mãos pelos cabelos, tentando controlar o turbilhão dentro de mim, mas era inútil. A imagem dos dois continuava queimando na minha mente, o som da risada amarga dela ecoando nos meus ouvidos.

— Merde! — xinguei, socando a mesa dessa vez.

Eu a queria. Não, eu a precisava. E a ideia de perdê-la para outro homem... era insuportável. Sophie podia querer fugir, podia dizer que me odiava, mas ela era minha. E eu faria o que fosse necessário para que ela soubesse disso.

Olhei pela janela, tentando me recompor, mas a verdade era clara: aquela mulher estava me destruindo, e eu estava deixando.

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Comments

Zenith Afonso

Zenith Afonso

Ela pode até, estar "balançada, mas não dá o braço a torcer.....
Quem mandou, não acreditar nela,,,,em relação à gravidez...?
Agora fica aí, mordendo o cotovelo,,,kkkkkk Kkkkkk

2024-12-04

102

Gedna Feitosa Gedna

Gedna Feitosa Gedna

Gente isso é um absurdo. Ele não quis o filho, humilhou ela e acima de tudo está casado. Ela como personagens principal se tornará uma destruidora de casamento se tornando uma qualquer?Isso não pode acontecer. Ele que resolva primeiramente o seu casamento dando um fim nele e aí sim vá atrás de consertar o passado que ele mesmo destruiu.

2025-02-14

2

Marli Franroz Hofildmann

Marli Franroz Hofildmann

tem que sofrer seu covarde, egoísta! só pensou em você! ele pode até ter sentimentos por você, mas sofreu muito por tê-la rejeitado, ignorado, .... , agora aguenta! não casou-se por dinheiro? os negócios não eram mais importantes?

2024-12-31

0

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