Narração: Damián
A madrugada estava pesada quando finalmente retornei à mansão. O cansaço me pressionava, mas minha mente continuava inquieta.
Ao entrar pela porta principal, Margot já me esperava na sala de estar. Vestindo um robe de seda que deixava claro que ela havia se preparado para minha chegada.
— Damian, estava demorando demais — disse ela, levantando-se do sofá. O tom dela era de preocupação, mas havia uma ponta de impaciência, como sempre.
— A noite foi longa — respondi, tentando manter o cansaço fora da voz. Passei por ela e me servi de um uísque no bar da sala.
— Você está sempre tão ocupado ultimamente. A empresa, seus "negócios paralelos"... E eu? Quando é que terei um pouco da sua atenção? — Ela veio até mim, os braços cruzados, e sua presença era mais exigente do que afetuosa.
— Margot, você sabia exatamente com quem estava se casando — repliquei, tomando um gole. — Minha atenção é dividida entre muitas responsabilidades.
— E nunca sobre mim — ela respondeu, magoada.
Não respondi de imediato, apenas terminei o uísque e comecei a subir as escadas para o quarto. Mas ela não desistiu, seguindo atrás de mim.
— Damian, você não pode continuar me ignorando assim. Nós somos casados!
No quarto, comecei a tirar o paletó e desatar a gravata. Margot se aproximou, agora com um olhar mais sedutor, tentando uma abordagem diferente.
— Talvez devêssemos aproveitar essa noite, já que você finalmente está em casa... — Ela tocou meu braço, deixando os dedos deslizarem até meu peito.
Suspirei, afastando a mão dela com delicadeza. — Estou cansado, Margot. Não estou no clima para isso.
Ela ficou imóvel por um momento, o olhar ferido e incrédulo. — Isso é sério? Quantas vezes você vai me rejeitar, Damian?
— Margot, isso não tem nada a ver com você — menti, tentando conter minha irritação.
Mas era mentira, e eu sabia disso. Minha mente estava cheia demais de Sophie. A lembrança dela no meu escritório, a força no olhar, as palavras afiadas... Tudo em Sophie era um contraste com Margot. E por mais que eu tentasse, não conseguia afastar a sensação de que havia perdido algo precioso naquela noite de cinco anos atrás.
— Parece que você está sempre longe, mesmo quando está aqui — Minha esposa murmurou antes de sair do quarto, batendo a porta com força.
Eu sentei na beira da cama, passando as mãos pelos cabelos. A culpa vinha à tona, mas não pela rejeição a ela. Minha obsessão com Sophie estava me consumindo, e eu não sabia mais como lidar com isso.
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Eu já estava no escritório antes do nascer do sol. O trabalho era minha melhor distração, e hoje havia uma lista interminável de assuntos urgentes.
Sentei na mesa com o café ainda quente ao meu lado, preparando-me para a videoconferência com um grupo de investidores estrangeiros. A tela piscou, e as figuras apareceram, rostos sérios e vozes determinadas.
— Senhor Castelli, é um prazer falar com você novamente — disse um dos investidores, o sotaque britânico inconfundível. — Esperamos que a apresentação de hoje seja tão promissora quanto as anteriores.
— Claro, senhores. Nosso foco está em resultados, e tenho certeza de que os dados vão impressioná-los — respondi, mantendo meu tom autoritário e confiante.
Projetei a apresentação na tela, destacando os gráficos de crescimento e o impacto do novo projeto arquitetônico na valorização dos imóveis.
— Vocês podem ver aqui — continuei, apontando para os números em destaque — que o retorno sobre investimento para os próximos dois anos deve ultrapassar 40%. Isso é mais do que o dobro da média do setor atualmente.
— Impressionante, senhor Castelli — disse outro participante, dessa vez com sotaque alemão. — Mas há questões de sustentabilidade e impacto ambiental que queremos abordar.
— Essas preocupações são prioridade para nós — garanti, minha voz firme. — Trabalhamos em conjunto com arquitetos altamente qualificados para garantir que cada etapa do projeto atenda aos padrões globais mais exigentes.
— E sobre os prazos? — Perguntou o terceiro investidor, claramente cético.
— Os prazos serão respeitados com precisão. Nosso cronograma é rigoroso, e não há espaço para erros. A equipe que selecionei é a melhor — disse, com um leve sorriso confiante.
A reunião se estendeu por mais uma hora, mas ao final, todos os investidores estavam convencidos e satisfeitos.
— Excelente trabalho, senhor Castelli — disseram em uníssono antes de encerrar a chamada.
Recostei-me na cadeira, soltando um suspiro pesado. O trabalho era minha válvula de escape, mas nem isso conseguia tirar Sophie da minha cabeça.
E eu sabia que, por mais que tentasse resistir, essa batalha estava longe de acabar.
Narração: Sophie
Os corredores da empresa eram tão imponentes quanto eu imaginava. Paredes de vidro e aço refletiam o brilho do sol, enquanto cada espaço parecia gritar modernidade e eficiência. Ao meu lado, Liam estudava as plantas e esboços do projeto enquanto caminhávamos em direção à sala de reuniões. Ele estava especialmente animado.
— Sophie, você está nervosa? — perguntou, levantando os olhos dos papéis.
— Não é nervosismo. É foco — respondi, ajustando a pasta em minhas mãos.
— Claro. Mas sabe, você não precisa se preocupar. Você é a melhor nisso. Vai impressionar todo mundo.
Sorri de leve, apreciando o voto de confiança.
Entramos na sala de reuniões, onde os membros da equipe nos esperavam. Como arquitetos-chefes, era nossa responsabilidade apresentar a primeira parte do projeto. Eu me sentia em casa quando falava sobre arquitetura, e aquele momento não foi diferente.
— Bom dia a todos. Vamos iniciar com o conceito principal do projeto — comecei, ligando o projetor. A planta apareceu na tela grande, e continuei: — A proposta é transformar esse espaço industrial abandonado em um complexo comercial moderno, integrado com áreas verdes. A ideia é unir funcionalidade e sustentabilidade, criando um marco urbano para a região.
Liam tomou a palavra logo depois, explicando os aspectos técnicos.
— Nossa abordagem será baseada em construções modulares, o que acelera o cronograma e reduz o impacto ambiental. É fundamental que cada um de vocês esteja alinhado aos prazos e à visão geral do projeto.
A equipe ouvia atentamente, e as dúvidas que surgiram foram respondidas com tranquilidade. Quando a reunião terminou, senti que havíamos feito um excelente trabalho.
— Tudo pronto para começar? — perguntei, enquanto os membros da equipe saíam da sala.
— Absolutamente. — Liam sorriu e fechou a pasta. — Agora, que tal um almoço? Temos muito a comemorar.
Concordei. Estávamos tão imersos no trabalho que precisávamos de um momento para relaxar.
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O restaurante próximo era elegante, mas acolhedor, com mesas cobertas por toalhas brancas e um aroma suave de ervas e vinho no ar. Liam estava especialmente leve naquele dia, conversando animadamente enquanto escolhia o prato no cardápio.
— Sophie, queria aproveitar esse momento para te dizer algo — ele começou, depois que pedimos.
— O que foi? — perguntei, curiosa com o tom sério que ele assumiu de repente.
— Eu só queria agradecer. Por tudo. Pelo apoio durante a faculdade, por ser minha parceira em todos os momentos difíceis. — Ele sorriu, mas havia algo mais em seu olhar.
Antes que pudesse responder, ouvi um burburinho na entrada do restaurante. Meu coração congelou ao ver quem era.
Damian Castelli.
Ele entrou com Margot ao lado, impecável em um vestido preto que exalava elegância. Ela segurava o braço dele como se ele fosse seu troféu, e o sorriso dela era brilhante. Meu estômago revirou, mas respirei fundo, mantendo a compostura.
Damian também me viu. Seu olhar encontrou o meu, e por um momento, senti como se o tempo tivesse parado. Seus olhos escureceram, uma mistura de surpresa e algo mais que não consegui decifrar.
— Sophie? — Liam chamou minha atenção, trazendo-me de volta à realidade.
— Ah, desculpe. O que estava dizendo?
— Estava dizendo... — Ele hesitou, olhando ao redor. Talvez tivesse notado minha distração. — Estava dizendo que queria compartilhar algo importante com você.
Forcei um sorriso. — Pode falar.
Ele respirou fundo antes de continuar.
— Sophie, você é mais do que minha parceira no trabalho. Você é a pessoa com quem eu sempre pude contar. Eu... — Ele pausou, escolhendo as palavras. — Acho que sempre te amei, mas nunca soube como te dizer.
Senti meu coração acelerar. Liam? Apaixonado por mim? Não era algo que eu esperava.
— Liam... Eu... — comecei, mas as palavras não saíam.
Ele pegou minha mão sobre a mesa, seus olhos sinceros e cheios de carinho.
— Sei que isso pode ser repentino, mas eu precisava te dizer. Você é tudo para mim, Sophie. Quer ser minha namorada?
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Maia Maia
Não gosto de histórias onde a Prota é a amante ou destrói casamentos. Pode ser que o casamento seja só acordo comercial, não deu certeza que dormem em quartos separados. Mas estava torcendo pra Margo se interessar pelo Liam, mas parece que não vai ser o caso... 🤔
2024-12-05
55
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Vixe , e eu pensando que ele era gay 🥴
2025-02-18
2
Helena Ribeiro
Eu acho que não é bom ela começar nada, só o Liam ama ela , ela não esqueceu o Damian, o Damien também não esqueceu ele
2025-01-22
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