CAPÍTULO 11

Narração: Sophie

O silêncio no quarto era opressor, e meu coração ainda batia rápido após o encontro com Damián. Eu me joguei na cama e respirei fundo antes de pegar o celular. Precisava de algo que me reconfortasse, algo que afastasse o turbilhão de emoções que ele causava.

— Vou ligar para eles — murmurei para mim mesma, abrindo o aplicativo de vídeo.

A ligação demorou alguns segundos, e então o rostinho do meu filho apareceu na tela. Meu coração quase explodiu ao ver Noah, com seus olhos brilhantes e um sorriso que iluminava meu mundo.

— Mamãe! — Ele exclamou, animado, enquanto segurava o celular com as duas mãos pequenas.

— Meu amor! — Minha voz saiu trêmula, a saudade transbordando. — Como você está, meu garotinho?

— Eu tô bem, mamãe! A tia Clara fez panquecas hoje! E eu desenhei você e eu juntos!

Ri baixinho, tentando ignorar a dor no peito. — Ah, eu quero muito ver esse desenho quando voltar, meu amor. E promete que vai guardar panquecas para mim?

— Prometo! — Ele respondeu com seriedade, o que me fez rir mais uma vez.

Logo a tia Clara apareceu no vídeo, sorrindo calorosamente. — Sophie, ele está impossível hoje! Só fala de você.

— E eu só penso nele — respondi, a voz embargada. — Obrigada por cuidar tão bem dele, tia.

Noah correu para brincar enquanto ela se aproximava mais da câmera, o olhar agora preocupado. — Você está bem, querida? Parece cansada.

Suspirei e passei a mão pelos cabelos, hesitando por um momento antes de dizer: — Encontrei ele.

Ela arregalou os olhos, surpresa. — O pai do Noah?

Assenti, e lágrimas ameaçaram cair. — Ele é o sócio do meu chefe. Responsável pelo projeto. Não sei como vou suportar isso.

Tia Clara ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo a informação. — Ele te reconheceu?

— Claro que sim — respondi, amarga. — Mas ele não sabe de Noah. E vou fazer de tudo para que continue assim.

— Sophie, você precisa ser forte — ela disse, séria. — Lembre-se, você não está sozinha. E Noah é a sua prioridade.

Assenti, mas a saudade apertava. — Sinto tanto a falta de vocês. Talvez eu devesse trazê-los para cá, mas...

Ela me interrompeu. — Ainda não, Sophie. Espere um pouco mais. Ele não precisa saber de Noah agora.

Eu concordei, ainda hesitante. — Tem razão. Mas me dói tanto.

— Você é forte, minha querida. E estamos com você.

Nos despedimos, e eu desliguei o celular, abraçando o travesseiro enquanto o choro vinha.

Mais tarde, no banho

A água quente escorria pelo meu corpo, mas minha mente estava longe. Eu não conseguia afastar a lembrança dele. Sua voz grave, o sotaque que fazia cada palavra parecer uma provocação, o toque dele...

Fechei os olhos com força, tentando expulsar essas memórias. Ele era um monstro, eu repetia para mim mesma. Um homem frio, cruel, que me destruiu uma vez e agora estava me testando novamente.

Mas meu corpo parecia trair minha mente. Ainda sentia os dedos dele segurando meu braço mais cedo, o calor de sua proximidade.

"Pare com isso, Sophie," pensei, com raiva de mim mesma. Ele não tinha poder sobre mim. Não mais.

Eu já estava de pijama quando ouvi uma batida na porta. Franzi o cenho e fui abrir.

— Liam? — Perguntei, surpresa ao vê-lo ali.

Ele sorriu de um jeito despreocupado, segurando um pacote de snacks na mão. — Achei que você gostaria de um pouco de companhia.

Abri espaço para ele entrar, rindo. — Está tarde, não acha?

— E você está fazendo o quê? Trabalhando? — Ele olhou para a sala com papéis espalhados, arqueando a sobrancelha. — Sophie, você é impossível.

— Estou focada — brinquei, mas acabei rindo. — Ok, talvez eu precise de um pouco de distração.

Sentamos no sofá, e ele começou a procurar algo para assistir. Enquanto isso, abri os snacks que ele trouxe.

— Liam, por que sempre aparece nos momentos certos? — Perguntei, sincera.

Ele deu de ombros, sem desviar os olhos da tela. — Talvez eu tenha um radar para amigos que precisam de um empurrãozinho.

— Você é o único que consegue me fazer rir nessas situações.

Ele sorriu, olhando para mim. — É porque te conheço bem demais, Sophie. Desde os tempos de faculdade, quando você já era uma perfeccionista incorrigível.

Rimos juntos, e o clima descontraído foi um alívio bem-vindo. Liam sempre foi essa força calma na minha vida, e eu era grata por isso.

Assistimos a um filme, conversando sobre coisas aleatórias, e por um momento, consegui esquecer Damian e tudo o que ele representava. Liam tinha esse poder de trazer leveza, e eu precisava disso mais do que nunca.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***