Narração: Sophie
Dois meses se passaram desde aquela noite que, por mais que eu tentasse esquecer, ainda assombrava meus pensamentos. O calor do verão começava a dar lugar a brisas frescas, e eu encontrava algum alívio na companhia da Tia Clara. Ela sempre tinha um jeito de me fazer sentir segura, mesmo quando o mundo ao meu redor parecia desmoronar.
— Sophie, você está me ouvindo? — ela perguntou, ajeitando a mesa de chá na pequena varanda de sua casa.
— Hm? Desculpe, estava distraída. O que disse? — Perguntei, pegando uma xícara de chá verde que ela insistia que me ajudaria a relaxar.
— Eu disse que você está mais calada ultimamente. O que aconteceu, querida? Não tem nada a ver com aquele idiota do Henrique, tem?
Suspirei ao ouvir o nome dele. Não era Henrique que ocupava minha mente agora. Era outra coisa... ou melhor, outra pessoa.
— Não, tia. Já superei isso. Só estou... tentando me reorganizar.
Ela me olhou com aquele olhar de quem sabia mais do que dizia. Tia Clara sempre tinha essa habilidade irritante de ler minhas emoções. Antes que ela pudesse insistir, uma onda súbita de náusea me atingiu. O chá ficou pesado em minha garganta, e precisei me levantar abruptamente.
— Sophie? Está tudo bem?
— Eu... volto já — murmurei, correndo para o banheiro antes que o enjoo tomasse conta.
Ao me ajoelhar no chão frio, senti o peso de algo que eu vinha ignorando. Não era apenas o enjoo. Era o atraso, o cansaço constante, a sensação estranha que vinha crescendo dentro de mim.
Algo estava diferente. Algo que eu não podia mais ignorar.
Narração: Damian
A noite em Nova York sempre parecia mais pesada do que em qualquer outro lugar. Talvez fosse o clima ou talvez fosse o tipo de gente com quem eu lidava.
Sentado em meu escritório, com as luzes da cidade ao fundo, eu examinava os relatórios de uma operação complicada com nossos “clientes”de Praga. Pessoas perigosas, sem dúvida. Mas não mais do que eu.
— Sr. Castelli — chamou Marc, meu braço direito, ao entrar na sala com sua postura tensa. — Temos um problema com os checos. Eles não estão cumprindo o prazo acordado para a entrega.
Fechei o relatório, passando uma mão pelo cabelo enquanto ponderava.
— Os checos... sempre subestimando a paciência dos outros. Ils ne savent jamais quand arrêter. — Me levantei, ajustando o paletó. — Ligue para eles. Quero ouvir suas desculpas diretamente.
Marc assentiu, já discando. Em poucos segundos, a linha foi atendida, e uma voz grave respondeu.
— Castelli — disse o homem do outro lado, com um tom tenso.
— Ah, Sr. Novak. Como vai a bela Praga esta noite? — Minha voz era baixa, carregada de ironia.
— Estamos com alguns atrasos, mas nada que não possamos resolver.
— Atrasos... Não são um problema, mon ami, desde que sejam acompanhados de respeito. Mas você sabe o que dizem sobre me fazer esperar, não é?
Houve uma pausa do outro lado da linha.
— Estamos trabalhando nisso. Preciso de mais alguns dias.
— Mais alguns dias? Vraiment? Eu já lhe dei mais tempo do que deveria. Agora, ou você cumpre sua parte, ou eu vou pessoalmente a Praga. E prometo, Sr. Novak, você não vai gostar da minha visita.
— Não há necessidade disso... tudo será resolvido.
— Excelente. Espero não precisar repetir isso. Bonne nuit. — Encerrei a ligação com um clique seco.
Marc me observava, hesitante.
— Algo mais, Marc?
— Não, senhor. Apenas... o Sr. Valente enviou uma mensagem. Ele ainda está atrasado com o pagamento.
Dei um riso curto, sem humor.
— Valente... Ele acha que pode brincar com meu tempo. Ligue para ele e diga que, se não tiver meu dinheiro até amanhã, ele vai descobrir o que significa estar sous pression.
Marc assentiu rapidamente, deixando a sala. Fiquei sozinho novamente, com o silêncio pesado ao meu redor.
Por mais que minha mente devesse estar focada nos negócios, ela vagava. Imagens da garota ruiva, perdida e desafiadora, invadiam meus pensamentos. Fazia dois meses desde aquela noite, e eu ainda me pegava pensando nela.
Ridículo. Sentimentos como esses eram fraquezas, e eu não tinha espaço para fraquezas. Além disso, havia meu noivado. Um compromisso prático com a filha de meu sócio, algo que manteria os negócios seguros e lucrativos.
Mas, por mais que eu tentasse me convencer, o rosto dela insistia em aparecer. Como uma memória que não deveria existir, mas que se recusava a ser esquecida.
Narração: Sophie
Naquela manhã, tudo parecia mais leve. Uma pequena esperança brilhava no horizonte. Estava na cozinha com minha tia Clara quando recebi a ligação que mudaria meu dia.
— É sério? Eu consegui? — perguntei ao telefone, mal conseguindo conter a emoção.
Do outro lado, a voz da coordenadora do programa soava calma, mas sua confirmação era tudo o que eu precisava ouvir.
— Sim, senhorita Sophie. Parabéns! A bolsa para o curso de Arquitetura no Canadá é sua.
Larguei o telefone e me virei para Tia Clara, os olhos marejados de felicidade.
— Eu consegui! Vou para o Canadá!
Minha tia abriu um sorriso caloroso, vindo me abraçar com força.
— Oh, minha menina, eu sabia que você conseguiria. Você merece isso!
— Eu nem sei o que dizer... Isso é tão importante pra mim.
— Então diga apenas que vamos comemorar. — Clara puxou minha mão, animada. — Mas primeiro, vamos ao hospital, como combinado. Não quero atrasos.
Concordei com um sorriso. Saímos para o hospital, meu coração ainda acelerado com a notícia da bolsa. Porém, o que parecia ser um dia perfeito tomou um rumo inesperado.
No hospital
Sentei-me na sala de exames, nervosa sem motivo aparente. Era apenas um check-up, algo que minha tia insistiu para que eu fizesse após tantos enjoos.
A médica, Dra. Mendes, entrou com um olhar sereno, mas carregado de algo que me deixou alerta.
— Sophie, os exames confirmaram algo que precisamos conversar.
Minha respiração ficou pesada. Clara, sentada ao meu lado, segurou minha mão.
— O que houve, doutora? — perguntei, a voz trêmula.
— Você está grávida, Sophie.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Ester menezes
me perdoa autora ela não é nem uma leiga pra não saber que o atraso da menstruação pode ter vários motivos mas o mais óbvio no caso dela e gravidez ,pelo amor de Deus
2024-12-14
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Elisabete Correia
o Damian foi canalha, cafajeste, usou uma bêbada.... e ainda virgem por mais que ela insistisse ela não estava pensando direito.... ele que pegasse qualquer mulher da boate pra satisfazer seus desejos... deveria ter protegido ela e não abusado dela canalha....
2025-02-11
2
Neuza Lucia
essa gravidez é um fruto da irresponsabilidade as consequências de seus atos sem proteção queria o que nem?
2025-02-22
1