Narração: Sophie
A sala estava mergulhada em silêncio, exceto pelo som de nossas respirações descompassadas. Eu estava deitada no sofá, o corpo ainda quente, enquanto ele se levantava e começava a ajeitar as roupas. Eu o observei em silêncio, tentando entender o que havia acabado de acontecer.
Era estranho. Não me sentia arrependida, mas também não estava satisfeita. Havia algo em mim, uma mistura de culpa e vazio, que me deixou inquieta. Tudo tinha sido rápido, quase brutal, e mesmo com o cuidado que ele tentou demonstrar no final, ainda parecia que eu tinha perdido mais do que imaginava.
Ele vestiu a camisa novamente, ajustando os punhos com movimentos precisos. Cada gesto dele era metódico, como se nada daquilo o tivesse afetado.
— Você está bem? — ele perguntou, sem olhar diretamente para mim.
Assenti, mas minha voz não saiu. Era óbvio que ele não esperava uma resposta verdadeira.
— Vou buscar algo para você beber — disse, caminhando para fora do escritório.
Aproveitei o momento. Eu precisava sair dali. Antes que ele voltasse, peguei minhas roupas e me vesti o mais rápido que pude. Meu coração estava acelerado, não pelo que acabara de acontecer, mas pela urgência de fugir.
Enquanto cruzava o salão da boate, ainda com o eco da música ao fundo, senti as pernas trêmulas e o rosto quente. Cada passo parecia um erro, mas não parei. Não olhei para trás. Apenas saí.
Quando finalmente cheguei à rua, respirei fundo, sentindo o ar frio bater no meu rosto. Eu precisava de distância, de tempo para entender o que havia feito.
Narração: Damián
Voltei para a sala com um copo d’água na mão, mas ela não estava mais lá. Apenas o silêncio preenchia o espaço, como se ela nunca tivesse estado ali.
Por um momento, fiquei parado, olhando para o sofá vazio. Aquele perfume leve que ela usava ainda pairava no ar, e aquilo me incomodou mais do que deveria.
— Intéressant, — murmurei para mim mesmo, tentando afastar o pensamento.
Eu deveria estar aliviado. Ela havia ido embora por conta própria, sem criar cenas, sem exigir explicações. Era melhor assim. Era o que eu sempre quis: encontros sem compromissos, sem bagagem emocional.
Mas algo nela... algo naquela mulher mexeu comigo.
Lembrei-me de seus olhos enquanto ela estava deitada ali, tentando esconder o nervosismo, mas ao mesmo tempo entregando-se completamente àquele momento. Não era algo que eu esperava, e isso me deixou desconfortável.
"Não tenho tempo para isso", pensei, apertando os dedos ao redor do copo.
Minha vida era complexa demais para essas distrações. Negócios, acordos, expectativas familiares... e o casamento que estava à minha porta.
Sim, eu estava noivo. Em algumas semanas, me casaria com Margot, a filha do meu sócio. Era um arranjo perfeito. Margot era linda, sofisticada e sabia como jogar as regras desse mundo de poder e aparência.
Mas ela não me despertava nada.
Não como aquela garota ruiva, que havia surgido na minha noite como um erro em um plano perfeitamente calculado.
Suspirei, ajeitando o relógio no pulso. Era hora de voltar ao que importava. Mulheres como Sophie eram distrações que eu não podia me dar ao luxo de ter.
Narração: Sophie
Quando cheguei em casa, tudo parecia diferente. O cheiro do lugar, o silêncio, até mesmo a luz que atravessava a janela parecia mais fria. Larguei a bolsa no chão e me joguei no sofá, sentindo o peso do que havia acabado de fazer.
Eu passei os dedos pelos cabelos, ainda tentando processar tudo. Era como se cada detalhe daquela noite estivesse gravado na minha mente, desde o jeito como ele me olhou até o tom perigoso em sua voz.
"Como você foi capaz disso, Sophie?"
A pergunta ecoava na minha cabeça. Eu sempre fui a garota que fazia tudo certo, que seguia as regras, que se preocupava com o que os outros pensavam. E agora... agora eu era alguém que havia se entregado a um estranho por pura dor e raiva.
Olhei para minhas mãos, ainda trêmulas. O pior de tudo era que, no fundo, eu sabia que não tinha sido apenas sobre Henrique e sua traição.
Era sobre mim. Sobre uma parte de mim que eu não conhecia, uma parte que estava cansada de ser previsível, de ser "certinha".
Mas isso não tornava mais fácil de aceitar.
Tomei um banho quente, tentando lavar a sensação dele da minha pele, mas não consegui. Quando me olhei no espelho, vi alguém diferente. Alguém que ainda tentava entender quem era.
Eu deveria me sentir livre, talvez até empoderada, mas o que eu sentia era culpa. Culpa por ter cruzado uma linha que nunca imaginei cruzar.
Deitei na cama, mas o sono não veio. Fechei os olhos, mas tudo o que consegui ver foram aqueles olhos escuros me encarando, como se ainda estivessem presos a mim.
— Isso foi só uma loucura — murmurei para mim mesma. — E vai ficar no passado.
Mas uma parte de mim sabia que isso não era verdade. Algo havia mudado em mim naquela noite, e eu não sabia se estava pronta para lidar com isso.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Claudina Damasceno
li uma história com início parecido com essa, e foi uma história muito bonita, pra quem quiser lê ela o nome é AO SOM DO MAR.
2024-12-17
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Carmem Lùcia Pimenta
PIOR VOCÊ ESTAVA CONSCIENTE DOS SEUS ATOS,TANTO FUGIU DELE,MAS AGORA SEGUIR EM FRENTE E NÃO TER COMO SE ARREPENDER MAIS. ELE APROVEITO OPORTUNIDADE, POIS MESMO FRAGILIZADA, VC QUERIA EXTRAVASAR RAIVA ,MÁGOA E A DOR TRAIÇÃO, FAZENDO O QUE NUNCA FEZ ANTES. O BEIJANDO E ATÉ SE ENTREGANDO. AGORA AGUARDANDO O DESENROLAR DE SUAS VIDAS. PIOR, O CARA É NOIVO /Facepalm//Facepalm//Shy//Shy/
2025-02-28
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Cryslane Ramos
O que vc fez n vai ficar no passado porque o passado sempre volta ou aparece de novo 😏😉
2025-02-26
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