A noite parecia mais sombria do que nunca, como se a própria escuridão conspirasse para esconder os mistérios daquele lugar. Sophie caminhava rápido pelas ruas quase desertas da cidade, ainda processando o que havia acontecido horas antes. A imagem de Lucian enfrentando aqueles homens, ou o que quer que fossem, continuava viva em sua mente. Havia algo de sobrenatural nele, algo que ela não conseguia explicar, mas que a deixava inquieta.
O vento frio carregava um sussurro estranho, e Sophie não podia negar a sensação incômoda de estar sendo seguida. Seu instinto a alertava, mas sua mente racional insistia que ela estava apenas nervosa.
— Preciso parar com isso — murmurou para si mesma, apertando o casaco em volta do corpo enquanto apressava os passos.
Foi então que ouviu o som. Um farfalhar suave, como asas cortando o ar. Ela parou e olhou ao redor, tentando identificar a fonte. Nada. Apenas as sombras dançando sob a luz fraca dos postes.
De repente, algo a puxou violentamente para um beco.
— Quem está aí?! — Sophie gritou, lutando para se soltar.
Um homem apareceu diante dela, os olhos vermelhos brilhando na escuridão, o mesmo olhar animalesco que ela tinha visto antes nos atacantes. Ele parecia prestes a atacá-la quando, num piscar de olhos, uma figura negra o interceptou.
Era Lucian.
Sophie mal teve tempo de registrar o que acontecia. O atacante foi arremessado para longe com força sobre-humana, batendo contra a parede de tijolos. Lucian se moveu com uma rapidez impressionante, quase como uma sombra viva. Antes que o atacante pudesse reagir, Lucian o imobilizou, sussurrando algo em um idioma que Sophie não reconheceu. Em um instante, o homem — ou criatura — parou de se mexer, deixando apenas o som de sua respiração pesada.
Lucian se virou para ela, os olhos prateados brilhando, intensos e quase hipnotizantes.
— Você está bem? — perguntou ele, a voz tão calma que parecia inapropriada para o caos que acabara de ocorrer.
Sophie deu um passo para trás, o coração disparado.
— O que foi isso? Quem... o que você é?
Ele hesitou, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras.
— Você não vai acreditar em mim.
— Tente. — Apesar do medo evidente em sua voz, Sophie manteve a firmeza.
Lucian suspirou e deu um passo para a frente, mas ainda mantendo uma distância respeitosa. Ele parecia... cansado.
— Eu sou um vampiro.
O tempo pareceu parar. Sophie piscou algumas vezes, tentando absorver o que ele havia acabado de dizer.
— Um vampiro? — ela repetiu, com uma mistura de incredulidade e nervosismo. — Isso é uma piada?
— Eu queria que fosse.
Ela riu, um som nervoso e quase desesperado.
— Certo. Vampiro. Como nos filmes? Você brilha ao sol também?
Lucian não sorriu. Apenas a observou, os olhos fixos nos dela, intensos e graves.
— Sophie, você viu com seus próprios olhos. Os outros que me atacaram antes... também eram vampiros, mas diferentes de mim. Mais selvagens, mais perigosos.
Ela cruzou os braços, tentando disfarçar o tremor de suas mãos.
— E por que eu deveria acreditar nisso?
— Porque, se não acreditar, vai acabar morta.
Havia algo na seriedade de sua voz que a fez hesitar. Lucian parecia genuíno, não uma ameaça, mas alguém que estava tentando protegê-la.
— Se você é um vampiro, por que me salvou? Não deveria ser o contrário? — A pergunta escapou antes que ela pudesse se conter.
Lucian desviou o olhar por um momento, como se a resposta fosse difícil de admitir.
— Eu... não sei ao certo — confessou. — Algo em você me impediu.
Sophie não soube como reagir àquela declaração. Parte dela queria correr, esquecer que tinha conhecido aquele homem — ou criatura. Mas outra parte, uma parte que ela não entendia, sentia-se curiosa, atraída pelo mistério que ele representava.
— Você deveria fugir — Lucian continuou, interrompendo seus pensamentos. — Este mundo não é para você. Quanto mais perto ficar, mais perigoso será.
— Então por que você está aqui? — desafiou ela.
Ele hesitou novamente, os olhos brilhando como se carregassem um peso de séculos.
— Porque eu não posso ficar longe.
As palavras atingiram Sophie como um golpe inesperado. O que ele queria dizer com aquilo? Por que ela, de todas as pessoas?
De repente, um som ecoou pela viela. Mais sombras surgiram, e Lucian ficou imediatamente em alerta.
— Temos que sair daqui — ele disse, agarrando seu braço com firmeza, mas sem machucá-la.
— O que está acontecendo? — Sophie tentou se soltar, mas a força dele era inegável.
— Eles estão vindo. E você não vai sobreviver se ficar aqui.
Sem dar mais explicações, Lucian a puxou para longe do beco, movendo-se rápido demais para que ela pudesse acompanhar. A sensação era surreal, como se ele estivesse carregando-a através da escuridão com a leveza de uma pluma.
Quando pararam, estavam em uma clareira isolada, longe da cidade. Sophie estava sem fôlego, não apenas pela corrida, mas pelo choque de tudo que tinha acabado de acontecer.
— Você não pode continuar voltando para aquele lugar — Lucian disse, encarando-a com intensidade. — Cada vez que você se aproxima, eles sentem sua presença. Humanos são um convite irresistível para os selvagens.
— E você? — Sophie perguntou, desafiadora. — Você não é perigoso para mim?
Lucian apertou os lábios, o brilho em seus olhos diminuindo um pouco.
— Eu poderia ser. Mas não quero ser.
Algo naquela resposta, na vulnerabilidade que ele demonstrava, fez Sophie hesitar. Havia algo profundamente humano nele, algo que contradizia tudo o que ela achava que sabia sobre monstros.
— Eu não vou fugir — ela disse, finalmente.
— Isso não é coragem, Sophie. É teimosia.
— Talvez seja. Mas se você quer que eu acredite em tudo isso, vai ter que me mostrar mais do que palavras e olhares enigmáticos.
Lucian a observou por um longo momento antes de suspirar, derrotado.
— Você não vai facilitar para mim, vai?
— Não.
Ele balançou a cabeça, e, por um breve instante, um pequeno sorriso curvou seus lábios.
— Então acho que estamos presos um ao outro.
Enquanto Sophie processava o que ele queria dizer, a única certeza que tinha era que sua vida jamais seria a mesma.
✨Muito obrigada por acompanhar mais um capítulo! ✨
Fico imensamente grata por você ter dedicado seu tempo para ler a minha história. Cada leitura, comentário e curtida significam muito para mim e são o que me motiva a continuar escrevendo. Saber que você está aqui, torcendo pelos personagens e acompanhando suas jornadas, torna tudo mais especial.
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Mal posso esperar para trazer mais emoções e surpresas para você no próximo capítulo. Até lá, cuide-se e continue sonhando!
Com carinho,
Biazinha 💖
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Atualizado até capítulo 30
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