AMOR E ÓDIO

A lua estava alta quando Elara se viu sozinha, sem as correntes que a prendiam. Damon havia saído brevemente para conferir algo do lado de fora da cabana, e os outros betas estavam distraídos, discutindo entre si sobre os Jogos. Ela percebeu que aquela era sua chance.

O coração batia acelerado enquanto se esgueirava pela porta e, sem hesitar, correu para a escuridão da floresta, suas pernas ligeiras deixando marcas leves na terra úmida. Assim que alcançou uma distância segura, ela se transformou, sentindo a mudança intensa em seu corpo enquanto se transformava em uma linda loba vermelha. Com um uivo baixo e determinado, disparou entre as árvores, o pêlo vermelho brilhando sob a luz prateada da lua.

Não demorou para Damon perceber sua ausência. Ao voltar para a cabana e vê-la vazia, seu coração disparou com uma mistura de preocupação e raiva.

— Elara! — ele rosnou, já sentindo o cheiro dela se esvaindo na floresta. Sem perder tempo, transformou-se em um lobo marrom robusto, rosnando para os outros betas ao redor. — Vamos, ela não pode escapar!

Os outros betas se entreolharam, um pouco hesitantes diante do desafio, mas logo assumiram a forma de lobos e partiram na direção de Elara. Damon liderava a caçada, seus sentidos aguçados acompanhando o cheiro doce e singular dela. Em sua mente, um turbilhão de pensamentos girava; ele sabia que, se não a encontrasse, as consequências seriam severas. Mas, para além disso, sentia uma urgência inexplicável de protegê-la.

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Enquanto isso, a festa pós-Jogos estava em seu auge na Matilha Drake. O som de risadas e conversas altas preenchia o ambiente, enquanto guerreiros e alfas brindavam, celebrando as vitórias e o espetáculo oferecido pelos betas. Safira estava ao lado de Valéria.

A irmã de Hadrian lançou um olhar breve a Safira, sua voz saindo com um tom neutro, mas marcado por certa admiração contida.

— Não esperava que fosse tão... habilidosa. — Comentou, deixando a frase pairar no ar.

Safira sustentou o olhar dela, respondendo com firmeza. — Minha família sobreviveu por gerações por um motivo, Valéria. A habilidade vem no sangue.

Valéria ergueu as sobrancelhas, um leve sorriso surgindo em seu rosto. — Parece que a linhagem Sköll ainda tem surpresas reservadas. Vamos ver até onde sua força vai te levar, Safira.

— Isso é algo que eu mesma quero descobrir. — respondeu a jovem beta, tentando manter a tensão controlada, mas sentindo o peso das palavras de Valéria. Ambas sabiam que aquela troca de elogios disfarçava uma disputa velada, um duelo entre duas forças determinadas.

Do outro lado do salão, Hadrian estava afastado, bebendo com alguns de seus companheiros e observando a festa de longe. Ele analisava o ambiente com olhos atentos, mas seu olhar fixou-se em sua companheira quando a viu afastar-se de sua irmã e caminhar até a mesa onde estava um dos guerreiros. O homem, forte e de traços marcantes, voltou-se para ela com um sorriso curioso e sincero.

— Sköll, preciso dizer — ele começou, olhando-a com respeito. — Não esperava que fosse tão forte na arena. Foi impressionante.

Safira sorriu levemente, inclinando-se para pegar um pedaço de carne da mesa ao lado. — A surpresa faz parte da estratégia, não acha?

O guerreiro soltou uma risada, acenando. — Sem dúvida. Mas ainda assim, foi... inesperado. A última loba vermelha mostrando do que é feita.

De longe, Hadrian observava a cena, e algo dentro dele fervilhava de ciúme e possessão. Sem pensar duas vezes, largou a bebida com força na mesa e caminhou a passos largos em direção a eles, interrompendo a conversa com uma presença quase sufocante.

— Precisamos conversar, esposa. — ele declarou, o tom de voz severo e impositivo, enquanto se colocava entre ela e o guerreiro, marcando seu território.

Safira o encarou, os olhos brilhando com uma mistura de irritação e desafio.

— Ah, claro, Hadrian. — ela respondeu com um toque de sarcasmo. — Afinal, quem poderia questionar a autoridade do grande alfa?

Hadrian a pegou pelo braço, puxando-a para longe dali enquanto sussurrava entre dentes, a voz repleta de ameaça e desejo reprimido. — Você é minha esposa, Safira. E não é nada sábio brincar com limites.

— Eu não brinco, Hadrian. — ela respondeu com um sorriso frio. — Mas se quer tanto a minha presença, talvez devesse pensar em como me tratar.

Ele a soltou, mas seu olhar queimava sobre ela, claramente insatisfeito com o desafio que ela representava.

...----------------...

Mais tarde, em seu quarto, a jovem loba estava exausta e ansiava pelo silêncio da noite. Ela se preparava para dormir, tentando afastar os pensamentos turbulentos e as tensões da festa. No outro lado do corredor, o Alfa também estava em seu quarto, mas algo o impedia de relaxar. O cheiro dela... aquele perfume leve e inebriante parecia preencher todos os cantos, intensificando seus sentidos de forma enlouquecedora.

Ele suspirou, incomodado, e chamou um dos betas para que fosse buscar Safira.

Enquanto o beta a chamava, a moça sentiu seu coração acelerar. Sabia o que aquele chamado significava. Lembrou-se das palavras da velha senhora: “Para destruir um inimigo, é preciso conquistá-lo.” Ela respirou fundo, olhando-se no espelho, e as lembranças do dia em que Hadrian matou seu pai vieram à tona, fazendo uma lágrima escorrer silenciosa. Rápida, ela limpou o rosto, endireitando-se.

Sentindo o cheiro dele mesmo à distância, uma onda de raiva e incerteza a envolveu. Ela sabia que precisava entrar naquele quarto preparada, tanto para enfrentar o homem que odiava quanto para manter o controle sobre suas próprias emoções. Deixou o quarto, atravessando o corredor e batendo levemente na porta de Hadrian.

Ao entrar, encontrou-o de pé, os olhos escuros fixos nela com uma intensidade quase sufocante.

— Chamou? — Ela perguntou, mantendo a voz firme, mas o coração batia frenético.

Hadrian aproximou-se, cada movimento carregado de domínio. — Você acha que pode me desafiar assim, Safira? — A voz dele era baixa, mas carregava uma ameaça implícita.

— Acostume-se, é isso o que acontece quando se casa com uma Sköll. — ela retrucou, os olhos firmes nos dele, sem vacilar.

Ele a segurou pelo queixo, obrigando-a a manter o olhar. — Pois saiba que, se você quer jogar esse jogo, terá que pagar o preço.

Safira não desviou o olhar, mas seu coração parecia dançar entre raiva e algo que ela não queria reconhecer. Ali, naquele instante, a tensão entre eles era quase tangível, cada um tentando dominar o outro, cada palavra e olhar sendo parte de uma batalha silenciosa e perigosa.

A promessa de um embate definitivo pairava entre eles, e Safira sabia que aquela noite não seria como as outras. Ela teria que se preparar para tudo o que Hadrian fosse exigir.

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Comments

Marcia Cristina Carneiro

Marcia Cristina Carneiro

concordo plenamente com VC colega 16/03/25/

2025-03-17

0

sandra helena barbosa

sandra helena barbosa

Vamos ver quem vai se render primeiro 🤔

2025-02-06

0

Cupcake Queen

Cupcake Queen

Nossa. Tô morrendo de medo.

2025-01-08

0

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