O sol já estava alto quando os lobos começaram a se reunir ao redor da arena, todos ansiosos pelo evento que marcava o ponto alto do ano: os Jogos dos Betas. Ali, os melhores e mais fortes betas das matilhas iriam competir, em uma série de lutas brutais que testariam suas forças e habilidades. Hadrian estava rodeado por outros alfas, discutindo negócios e acordos com seus aliados enquanto Safira se mantinha ao seu lado, impassível.
Afastando-se discretamente, a jovem decidiu explorar o lugar, aproveitando um breve momento de liberdade. No meio de sua caminhada, seus passos desaceleraram ao avistar uma senhora de aparência frágil e cabelos brancos. Safira reconheceu seu rosto imediatamente; era uma mulher da sua matilha.
— Safira... — A mulher a chamou, a voz baixa e rouca, enquanto seus olhos calejados pela vida carregavam um brilho de compreensão. — Como você está, menina?
— Sobrevivendo, após tudo...— Respondeu a jovem, suspirando.
— Não posso imaginar a dor que carrega. Mas às vezes, para destruir um inimigo, é preciso conquistá-lo primeiro. Disse a senhora, a voz quase um sussurro.
— O que disse? — Indagou Safira, que a fitou confusa, com uma mistura de raiva e curiosidade.
A senhora prosseguiu, sua voz cheia de experiência e astúcia. — Seja aquilo que ele ama. Deixe que pense que possui seu coração. E um dia... será o que ele mais ama que trará sua ruína.
Ela se afastou antes que a jovem pudesse responder, deixando-a perdida em seus pensamentos. A ideia de se aproximar de Hadrian, de fingir qualquer sentimento, lhe parecia repulsiva. Mas... e se fosse realmente o único caminho? Por horas, ela ponderou sobre aquelas palavras, tentando decifrar se conseguiria cumprir algo tão difícil.
Quando finalmente os Jogos começaram, a jovem Sköll se viu obrigada a sentar ao lado de seu marido, enquanto a arena fervilhava de gritos e incentivos. Ele estava concentrado nas lutas, observando cada movimento dos betas com uma atenção implacável. Safira, no entanto, tinha a mente distraída, ainda digerindo as palavras da velha senhora.
As lutas seguiram acirradas, com betas competindo ferozmente. Um deles, um lobo robusto e implacável, parecia dominar todos os adversários, e a plateia rugia a cada vitória sua. Safira o observou com interesse, seus olhos brilhando em desafio. De repente, uma ideia cruzou sua mente, e ela se levantou, atraindo os olhares da multidão e, principalmente, de Hadrian.
— O que está fazendo? — ele perguntou em tom severo, os olhos estreitados, mas havia uma ponta de preocupação em sua voz.
— Vou lutar, Hadrian — ela respondeu, firme. E antes que ele pudesse impedir, Safira desceu até a arena.
A multidão murmurava, incrédula, enquanto o lobo beta vitorioso a encarava com um sorriso de escárnio.
— Vai se machucar, senhora. Deve pensar duas vezes antes de se colocar aqui — ele zombou, o riso ecoando ao redor.
Safira rasgou a saia do vestido, preparando-se para o combate e expondo a força dos músculos nas pernas e a determinação fria nos olhos. — É o que veremos.
Com um rosnado baixo, as garras da jovem começaram a se alongar, os caninos expostos. Ela não se transformaria completamente, mas sua aparência deixou claro que ela era uma Sköll, a última loba vermelha.
O beta avançou com uma investida feroz, tentando intimidá-la com sua força bruta, mas Safira esquivou-se com agilidade, lançando-se para o lado e desferindo um golpe certeiro em seu rosto, deixando três cortes profundos. O sangue começou a escorrer, e o beta recuou por um instante, surpreso com a habilidade dela.
— Não vou pegar leve, Sköll. — Ele a advertiu, irritado.
— E eu não espero menos de você — respondeu ela, com um sorriso desafiador.
A luta continuou, feroz e intensa. Os golpes eram brutais, cada um tentando subjugar o outro, mas Safira se mostrava uma oponente surpreendentemente hábil, movendo-se com uma mistura de precisão e fúria. O beta tentava dominá-la, mas a jovem Sköll esquivava-se de cada investida, aproveitando para rasgar sua carne com as garras, deixando uma trilha de sangue. A plateia observava em silêncio e choque; ninguém esperava que ela pudesse lutar tão bem.
Do alto, Hadrian assistia, seus punhos cerrados, a tensão em seu rosto mais evidente do que nunca. Ele conhecia a força dela, mas não imaginava que fosse tão intensa. Pela primeira vez, uma ponta de preocupação atravessou sua expressão, algo que ele raramente demonstrava.
No final, Safira conseguiu derrubar o beta com um golpe final, prendendo-o contra o chão, as garras pressionando seu pescoço. Ele, ofegante e derrotado, apenas assentiu, aceitando a derrota.
Safira se levantou, o rosto manchado de sangue e poeira, enquanto ergueu o olhar para Hadrian, que ainda a observava da arquibancada. Seu olhar desafiador dizia tudo; ela havia vencido, mas, mais que isso, mostrara a ele que não era uma simples loba indefesa.
Hadrian a fitou, o olhar carregado de uma admiração contida e um toque de irritação. Ela acabara de desafiá-lo diante de toda a matilha, e ele sabia que aquela vitória silenciosa dela era uma ameaça clara.
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Enquanto isso, Damon se aproximou de Elara, ele observou os pulsos dela, machucados e vermelhos pelas correntes, e hesitou antes de começar a soltá-las.
— Deixe-me soltar isso... — ele murmurou, tentando esconder o desconforto na voz.
Ela o encarou, os olhos reluzindo com uma força bruta e uma leve fragilidade. — Não preciso da sua pena, Damon.
Ele soltou as correntes lentamente, os dedos roçando levemente a pele dela. Por um instante, os olhares se cruzaram, e a intensidade no olhar do jovem revelou algo inesperado, um cuidado contido que a surpreendeu.
— Não é pena. — Ele respondeu, a voz baixa, quase suave. — Só queria... aliviar um pouco essa dor.
Ela desviou o olhar, mas não pôde evitar sentir o coração disparar levemente, confusa com o efeito que a presença dele causava em seu peito. Damon se afastou em silêncio, mas a suavidade daquele breve momento ecoou no ambiente, deixando ambos pensativos, cientes de que algo ali estava mudando.
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O alvoroço da arena ainda vibrava no ar quando Safira finalmente deixou o espaço de combate, sentindo o peso dos olhares sobre ela, tanto de aprovação quanto de surpresa. A adrenalina ainda corria em suas veias, e o sabor da vitória fazia seu coração bater forte, mas o instante de satisfação foi interrompido abruptamente. Hadrian a puxou pelo braço, e uma tensão quase palpável se instalou entre eles.
— O que foi isso? — ele rosnou, os olhos faiscando de raiva contida. — Quem você pensa que é para me desobedecer e se expor dessa forma diante de todos?
Safira ergueu o queixo, sustentando o olhar dele com desdém. — Sou uma Sköll, já esqueceu?
Hadrian apertou um pouco mais o braço dela, e sua expressão endureceu ainda mais. — Isso não é um jogo, Safira. Você poderia ter se ferido, exposto uma fraqueza. Lembre-se de que está aqui para servir à minha matilha, não para brincar de heroína.
Ela esboçou um sorriso irônico, sem se importar com o aperto no braço. — Me admira muito, o homem que destruiu minha vida se preocupando com minha segurança.
Ele a puxou para mais perto, os olhos fixos nos dela, a voz baixa e cortante. — Não pense que pode desafiar minha autoridade assim. Se ousar me desobedecer novamente, garanto que as consequências serão muito piores.
Eles se encararam por mais um tempo até que ele a soltou e ambos voltaram ao evento.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
sandra helena barbosa
Ela mostrou a sua força .
2025-02-06
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Claudia
safira tu é a melhor!!! 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
2025-03-28
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Marcia Cristina Carneiro
👏👏👏👏👏
2025-03-17
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