Quando Hadrian entrou no salão, encontrou sua família já reunida ao redor da mesa. As conversas fluíam de maneira descontraída e calorosa, um contraste gritante com a postura rígida e fria de Safira ao lado deles. Os Drakes mantinham uma atmosfera acolhedora, e ainda que todos percebessem o desconforto de Safira, tentavam, cada um a seu modo, suavizar o ambiente.
John, o pai de Hadrian, olhou para Safira com um certo respeito, embora ciente das tensões entre ela e seu filho. Ao lado dele, Laena, ofereceu um sorriso acolhedor para Safira, como se tentasse construir uma ponte. Anya observava Safira com olhos brilhantes, uma admiração inocente que suavizava o ambiente.
Quando a conversa se aquietou, Laena, sempre atenta e amigável, perguntou, com um tom suave:
— E então, Safira? Conseguiu descansar bem?
Safira reprimiu o impulso de lançar um comentário ácido, mas a lembrança da noite anterior com Hadrian ainda pulsava em sua mente. Ela lançou um olhar rápido e desafiador para ele, um sorriso sarcástico brincando em seus lábios antes de responder:
— Foi... tranquila. — As palavras saíram como uma ironia velada, e tanto ela quanto Hadrian sabiam que aquela resposta carregava um tom muito distante de tranquilidade.
Hadrian apenas arqueou uma sobrancelha, um leve sorriso frio aparecendo em seu rosto antes de desviar o olhar, como se aceitasse o desafio silencioso dela.
Anya, entusiasmada, aproveitou a brecha para se inclinar em direção a cunhada, sorrindo alegremente:
— Safira, você gostaria de conhecer o jardim? Eu posso te mostrar! Tem muitas flores novas que a mamãe e eu plantamos.
Safira hesitou, incerta se desejava se afastar da mesa com a menina. Mas antes que pudesse recusar, sentiu um leve toque de Hadrian em seu braço, quase imperceptível, mas com a intensidade de uma ordem silenciosa. Com um suspiro discreto e resignado, ela se levantou, acompanhando Anya.
Assim que chegaram ao jardim, o ar fresco e o aroma das flores começaram a aliviar a tensão que a jovem Sköll carregava. Anya a conduzia animadamente por entre as fileiras de flores, mostrando cada uma com entusiasmo genuíno. Era quase impossível não sentir-se tocada pela energia da menina.
— Essa aqui é a minha favorita! — disse a garota, apontando para uma pequena flor branca, delicada e discreta, mas incrivelmente bonita. — Ela é pequena, mas acho que é a mais forte. Mesmo quando chove muito, ela não quebra. Sempre achei isso... incrível.
Safira observou a flor por um instante, absorvendo o significado das palavras da menina. Ela se viu esboçando um leve sorriso, quase involuntário, enquanto respondia:
— Sabe, Anya, acho que você está certa. Algumas coisas parecem frágeis, mas têm uma força que ninguém imagina.
A pequena Drake sorriu, feliz por Safira estar se abrindo um pouco. Ela a guiou para outra parte do jardim, apontando para uma fonte pequena e tranquila.
— Quando fico triste ou assustada, venho aqui. É o lugar mais calmo do castelo. E, sabe… acho que agora você também pode vir aqui quando precisar de um pouco de paz.
Safira olhou para a ela, surpresa pela oferta genuína de apoio. Pela primeira vez, permitiu que uma expressão de suavidade atravessasse sua postura reservada.
— Obrigada, Anya. — Ela disse, a voz um pouco mais gentil. — Talvez eu realmente venha aqui de vez em quando.
O momento foi breve, mas no silêncio que pairou entre as duas, uma conexão sutil parecia ter se formado, longe da tensão que Safira sentia em relação ao restante dos Drakes.
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Enquanto a manhã ainda estava envolta em uma névoa fria, Damon caminhava pela floresta, trazendo um pesado feixe de lenha sobre o ombro. Seus passos eram firmes, silenciosos, e a expressão no rosto trazia um misto de determinação e algo mais profundo, talvez relutância. Ele se aproximou da cabana isolada onde Elara permanecia acorrentada.
Ao entrar, encontrou a jovem sentada no chão, os olhos firmes, observando-o com uma frieza inabalável. Damon parou diante dela, oferecendo-lhe uma caneca de água, que ela aceitou sem uma palavra de agradecimento. Ela apenas bebia, os olhos fixos em algum ponto distante, recusando-se a demonstrar fraqueza.
— Você precisa de mais alguma coisa? — Ele perguntou, tentando esconder a preocupação.
Elara ergueu o rosto, as correntes ao redor de seus pulsos fazendo um som baixo ao se moverem. — Um pouco de privacidade, talvez. Mas parece que isso é pedir demais por aqui.
Damon franziu o cenho, mas a ignorou. — Precisamos cuidar de você. É o mínimo que posso fazer — ele respondeu, pegando um balde de água fresca e colocando-o ao lado da banheira rústica. — Posso ajudar com o banho. Não deveria ficar sozinha nesse estado.
Ela lançou-lhe um olhar cortante, o rosto ruborizando levemente. — Eu consigo me virar sozinha. E... eu realmente prefiro que me deixe em paz.
Ele hesitou por um momento, mas acabou concordando, afastando-se com relutância. Antes de sair, Elara, em um ato de puro desafio, começou a remover suas roupas, de costas para ele, consciente da tensão entre ambos. Damon desviou o olhar, mas não pôde evitar vê-la parcialmente nua ao sair, o coração martelando em um misto de desconforto e algo que tentava ignorar.
— Eu disse para ir embora, Damon. Não preciso de você para isso — ela murmurou, mantendo o tom firme.
Ele respirou fundo, tentando manter o controle. — Muito bem. Mas lembre-se... só estou cumprindo ordens.
Ela o encarou, os olhos faiscando. — E parece estar aproveitando seu papel de carcereiro mais do que deveria.
Damon saiu da cabana, sem responder, mas a expressão dura e as mãos fechadas em punho revelavam que as palavras dela o haviam atingido.
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Em outra parte da floresta, Hadrian caçava ao lado de seus betas, Alex e Aric. O trio se movia com precisão e habilidade pelos terrenos densos, transformando a caçada em um exercício de pura maestria. Seus sentidos estavam apurados, cada som, cheiro e movimento captado com uma intensidade sobrenatural.
Eles avistaram um cervo imponente, que se movia lentamente pelo vale. Hadrian deu um sinal rápido, e os três se posicionaram de maneira estratégica. Aric circundou a área pela direita, enquanto Alex se movia para a esquerda, ambos prontos para encurralar o animal.
Hadrian, liderando, foi o primeiro a atacar, lançando-se com um salto poderoso. Em um instante, o cervo tentou fugir, mas foi tarde demais; Hadrian já o segurava pelo pescoço, usando toda a sua força para dominá-lo. Com um movimento rápido e eficiente, finalizou a caçada, enquanto Alex e Aric se aproximavam.
— Uma boa caçada, senhor — comentou Alex, sorrindo, enquanto limpava o suor da testa.
— E amanhã, será a vez de alguns dos nossos jovens provarem seu valor nos jogos — Aric acrescentou. — Aposto que teremos um espetáculo.
Hadrian assentiu, satisfeito. — Eles terão sua chance de se provar. E não aceitarei nada menos que excelência.
O trio retornou ao castelo, Hadrian liderando o grupo, carregando o cervo morto sobre o ombro. Seu corpo estava coberto de sangue e suor, os músculos tensos e delineados pelo peso do animal. Cada passo exibia sua força, e seus betas o seguiam com um respeito inquestionável.
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Mais tarde, no castelo, o Alfa decidiu se preparar para um banho. Chamou uma das servas e ordenou:
— Avise minha esposa. Diga a Safira que estou esperando... a assistência dela.
A serva hesitou, mas acatou as ordens, se apressando para buscar Safira.
Quando a jovem recebeu o recado, o sangue ferveu em suas veias. Seus olhos faiscaram de raiva enquanto caminhava em direção aos aposentos de Hadrian, o desejo de o desafiar pulsando dentro dela.
Ao entrar no cômodo, encontrou-o na grande banheira, o corpo imerso na água, os músculos definidos e a pele bronzeada refletindo à luz bruxuleante das tochas. Ele a olhou com um sorriso irônico, claramente saboreando o desconforto dela.
— Achei que você pudesse aproveitar a oportunidade para me... ajudar — disse ele, em tom provocativo.
Safira engoliu em seco, os punhos cerrados ao lado do corpo enquanto se aproximava. — Apenas se lembre de que o que estou fazendo é uma obrigação — murmurou, a voz encharcada de desprezo.
Ele deu de ombros, mantendo o olhar predador fixo nela. — Claro, faça o que precisar, esposa.
Ela pegou uma esponja e começou a esfregar o ombro dele com força, despejando a raiva em cada movimento. Hadrian não demonstrou nenhuma reação, fingindo que a força dela não o afetava, o que a irritou ainda mais.
— Está se esforçando demais, Safira. Vai me machucar? — ele zombou, a voz baixa e insinuante.
Ela bufou, os dentes cerrados. — Talvez você mereça isso e muito mais.
Hadrian deu uma risada baixa, estendendo a mão para o braço dela e puxando-a de repente para dentro da banheira. Ela caiu sobre ele, a água espirrando ao redor enquanto ele a segurava firme, uma expressão divertida e perigosa no rosto.
— Sabe, Safira... estou começando a gostar desse lado feroz seu — murmurou, com um sorriso que misturava provocação e desejo.
Ela tentou se levantar, mas ele a segurou, o rosto dela muito próximo do dele, os lábios quase se tocando. O cheiro dele preenchia os sentidos dela, uma mistura de terra e sangue fresco que a atraía, mesmo contra sua vontade.
Ela sussurrou, cheia de ódio e confusão: — Um dia, Hadrian, você vai se arrepender de tudo isso.
Ele deslizou a mão pelo rosto dela, o toque ao mesmo tempo gentil e possessivo. — Veremos, esposa. Até lá, espero que se acostume a estar... perto de mim.
Por um instante, ficaram em silêncio, os olhares trocando uma tensão perigosa e algo mais profundo que ambos se recusavam a reconhecer. Ela finalmente conseguiu se afastar dele, o coração batendo descompassado enquanto deixava o quarto, ainda sentindo o toque dele queimando na pele.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
sandra helena barbosa
Vou dar um voto de confiança , pois ele não sabia que ela era a companheira dele . Por isso vou continuar lendo para ver o que vai acontecer .
2025-02-06
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Tania Maria
espeto que ela consiga se vingar
2025-03-26
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Marcia Cristina Carneiro
16/03/25/
2025-03-17
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