Na manhã seguinte, o castelo estava envolto em uma atmosfera de expectativa e tensão. Era o dia do ritual de casamento, e as preparações estavam a pleno vapor. Nos corredores e salões, membros das matilhas, tanto de Hadrian quanto dos sobreviventes dos Sköll, reuniam-se em silêncio, esperando pelo evento que simbolizaria a união forçada entre inimigos. As criadas haviam trazido joias e tecidos luxuosos para adornar Safira, cada item uma lembrança amarga de seu cativeiro.
Safira foi levada ao salão, onde mulheres experientes a aguardavam para preparar cada detalhe. Mesmo em sua resistência, a transformação era inevitável. Sentada diante de um espelho, ela viu as mulheres começarem a tecer delicadas tranças em seus cabelos e aplicar uma tinta fina e escura ao redor de seus olhos, acentuando o brilho feroz de seu olhar. Cada toque, cada ornamento imposto em seu corpo era uma afronta, uma lembrança de que estava sendo transformada em algo que não queria ser.
Enquanto isso, na cabana, Damon observava Elara em silêncio. Ele tinha notado os pulsos dela machucados devido às correntes, marcas vermelhas e roxas se formando onde ela forçava para se libertar. Ele se aproximou, os olhos fixos nos ferimentos.
—Essas correntes foram feitas para evitar que você fuja, não para te ferir, — disse ele, com uma voz calma, mas carregada de tensão.
Elara, que havia permanecido calada e distante, ergueu o olhar, encarando-o com desconfiança. – Ah, que gentileza da sua parte, Damon. Sinceramente, agradeço essa preocupação com meu bem-estar.
Damon suspirou, parecendo um pouco desconfortável. Ele pegou um pequeno frasco de óleo de cura que trazia consigo e, sem dizer mais nada, começou a passar nas feridas dos pulsos dela, sendo surpreendentemente cuidadoso.
— Isso vai ajudar a reduzir a dor e o inchaço - murmurou ele, tentando evitar seu olhar.
Elara o observou, sem esconder sua incredulidade. — Por que fazer isso? Você faz parte do clã que destruiu minha família. Qual é a intenção? Quer me ver ajoelhada, grata por um cuidado que nunca pedi?
Damon hesitou antes de responder, mantendo o olhar firme nos ferimentos que tratava. — Nem todos nós concordamos com cada decisão de Hadrian. Mas somos leais, e eu... estou apenas tentando cumprir meu papel.
Ela o olhou fixamente, notando algo diferente nos olhos dele, uma leveza que contrastava com a rigidez de suas palavras. — Seu papel é ser cruel, então? É assim que justificam suas ações?
Ele suspirou, mas não respondeu, guardando novamente o frasco e se afastando. Por um momento, uma faísca de compreensão passou entre os dois, mas rapidamente se dissipou quando Elara virou o rosto, decidida a não deixar qualquer ato de gentileza confundir seu ódio.
No castelo, Safira estava finalmente pronta para o ritual, vestida com o que parecia ser uma túnica branca adornada com pedras e detalhes em prata, símbolo de pureza e força, mas que para ela era uma prisão ainda mais sufocante. As mulheres a conduziram até o grande salão, onde a cerimônia aconteceria. Ao chegar, viu Hadrian já posicionado, usando um manto negro com bordados em prata, que realçava a figura autoritária e implacável do Alfa.
As matilhas estavam reunidas, os olhares atentos. Do lado dos remanescentes Sköll, os rostos eram de pura revolta e incredulidade; para eles, aquela cerimônia era uma traição, um símbolo de dominação. Safira sentiu um peso ainda maior em seu peito, mas tentou manter a cabeça erguida, sem mostrar fraqueza.
O sacerdote se aproximou do centro do salão e, com uma voz grave, começou a cerimônia. Ele ergueu as mãos, olhando para ambos os lados da união que testemunhavα.
— Hoje, diante dos Deuses, dos espíritos dos antigos e do sangue dos nossos ancestrais, celebramos uma união entre duas linhagens que foram inimigas, mas que agora, sob o comando de seu Alfa e Beta, buscarão um novo caminho. Que esta união traga a paz entre as matilhas e fortaleça nossa aliança.
Safira sentiu o coração acelerar com aquelas palavras. O que para os outros poderia parecer um ritual de honra e união, para ela era a marca definitiva de sua perda. Ela olhou para o Alfa, que permanecia impassível, os olhos fixos nela, como se estivesse ciente do ódio que ela carregava.
O sacerdote então olhou para Hadrian, que segurou a mão de Safira, erguendo-a para que todos vissem. — A força do Alfa se une à resistência da loba — continuou o sacerdote. — Que o sangue dos dois se misture como um só, e que sejam ligados para sempre, um pacto que nem a morte poderá desfazer.
Hadrian retirou uma adaga afiada de prata e, sem hesitar, fez um corte na palma da mão de Safira. Ela estremeceu, mas manteve-se firme, encarando-o com os olhos cheios de fúria. Ele então cortou a própria mão, e sem dizer nada, pressionou as duas palmas juntas, misturando o sangue, selando o pacto.
— Pelo sangue, agora vocês são um. — Proclamou o sacerdote. — Que os Deuses aceitem essa união e abençoem essa aliança. —
O murmúrio entre as matilhas tornou-se mais alto, repleto de espanto e insatisfação. Os lobos dos Sköll observavam em um misto de choque e horror, enquanto os lobos de Hadrian mantinham uma expressão de orgulho silencioso.
A cerimônia havia terminado, e agora o banquete de celebração enchia o grande salão com o aroma de carnes assadas e vinhos raros. Os lobos das matilhas de Hadrian e dos Sköll estavam reunidos, alguns em sussurros tensos, outros em risadas que mal disfarçavam a animosidade entre os clãs. O ambiente estava carregado, e Safira sentia cada olhar fixo nela como uma agulha em sua pele.
Ela estava ao lado de Hadrian, que permanecia implacável e imponente, com um olhar que deixava claro que ele não toleraria qualquer demonstração de fraqueza ou rebeldia. Safira, porém, estava cansada de representar o papel da recém-esposa obediente. Ela mal tocava a comida em seu prato, a postura rígida e os olhos distantes. A cada instante, sentia o peso da humilhação crescer dentro dela, e finalmente decidiu romper o silêncio entre eles.
— Espero que esteja aproveitando a sua vitória, — murmurou ela, a voz baixa, mas carregada de sarcasmo.
Hadrian não desviou o olhar, levando uma taça de vinho aos lábios. — Vitória é uma palavra pequena para descrever o que alcançamos aqui hoje, Safira. É o início de algo maior.
Ela soltou um riso seco, inclinando-se levemente para ele, o tom ácido. — Claro, a paz forçada sob o seu comando. E quanto aos rebeldes? Acha mesmo que eles vão esquecer tudo o que você fez?
Ele a olhou com firmeza, os olhos escuros faiscando. — Com o tempo, eles vão entender. O que fiz foi necessário, e um dia você também verá isso.
Safira o encarou, o ódio claramente visível em seu olhar. — Necessário? Você destruiu famílias, matou sem piedade. Só espero que você consiga dormir em paz com isso.
— Paz é um luxo que guerreiros como nós não temos — ele retrucou, mantendo o tom frio. — E você terá de aprender a viver com essa realidade, agora que está ao meu lado.
Ela sentiu o coração bater mais rápido de raiva. Estar ali, ao lado dele, enquanto ele falava de honra e sacrifício como se fossem virtudes, era insuportável. Os murmúrios ao redor dela se tornaram mais intensos, como se todos os presentes estivessem à espera de sua reação.
Com uma última e intensa troca de olhares, Safira se levantou bruscamente da mesa. Sua cadeira fez um som alto ao ser empurrada para trás, chamando a atenção de todos no salão. Ela lançou um último olhar desafiador a Hadrian, que a encarava com um brilho de irritação no olhar.
— Prefiro a companhia das pedras e da solidão a estar em meio a tanta hipocrisia — ela disse, em voz alta, antes de virar e sair do salão, deixando um rastro de silêncio tenso atrás de si.
Hadrian permaneceu sentado, rígido, sentindo o incômodo murmúrio crescer ao seu redor. Alguns membros de sua matilha o olhavam com um misto de surpresa e curiosidade, como se esperassem sua reação. Ele apertou a taça em sua mão, sentindo uma irritação que não costumava permitir.
Alex se inclinou discretamente em sua direção. — Alfa… deseja que ela seja trazida de volta?
Hadrian negou com um gesto firme. — Não. Ela precisa entender seu lugar, mas isso virá com o tempo.
Ele sabia que a decisão de deixá-la sair sem repreensão causava questionamentos. No entanto, a raiva que sentia naquele momento era equilibrada por algo mais profundo. De alguma forma, ele começava a perceber que domar o espírito dela exigiria muito mais do que ordens e intimidações.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Fátima Ramos
Ele dizimou a família dela porque eles eram considerados fortes, ele quis mostrar que eram mais forte do que eles, para ser temido por todos
2025-03-23
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Josilda Maria
Não gostei tô parando mata a família dela agora tem que casar ter filhos e esquecer aceitar o que ele fez to fora
2025-03-25
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Ivania Ferreira da Silva
ainda não entendi o motivo do alfa demo dizimar a outra matilha...então esse alfa não merece respeito
2025-02-25
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