ALIANÇAS

Na cabana de caça, a atmosfera era carregada de tensão constante. A cada manhã, Elara despertava com a sensação de estar sendo observada, seu corpo sempre em alerta enquanto os betas permaneciam de guarda ao redor. Damon era um dos únicos que se aproximava, e sempre com a mesma expressão de impassibilidade, mantendo a postura distante. Mesmo assim, ele parecia inclinado a quebrar o silêncio habitual.

Naquela manhã, ele entrou na cabana e parou diante dela, observando-a com um olhar que misturava curiosidade e cansaço. Elara, acorrentada em um canto, levantou o rosto com o mesmo desafio nos olhos.

— Até quando pretende manter essa atitude de resistência? — ele perguntou, os braços cruzados. — Está isolada, cercada. Não há como escapar.

A jovem respondeu com um sorriso irônico. — Até o fim, se for necessário. Vocês não entenderiam. Nunca se curvaram a ninguém para sobreviver.

Damon suspirou, passando a mão pelo rosto. — Sempre a mesma resposta, sempre a mesma resistência. Achei que fosse ter um pouco mais de razão.

Ela estreitou os olhos, cada palavra carregada de desprezo. — Os Sköll não são como vocês, Damon. Preferimos a morte à submissão.

Ele revirou os olhos, mas havia uma ponta de respeito em seu olhar, como se admirasse a coragem dela, embora não dissesse isso em voz alta. — Há uma diferença entre honra e orgulho cego, Elara. Fique esperta. Talvez sobreviva mais tempo do que imagina se aprender essa diferença.

Ela apenas o fitou em silêncio, recusando-se a dar qualquer sinal de rendição. Damon balançou a cabeça, frustrado, mas deixou-a sozinha, ainda acorrentada, mantendo-se à distância enquanto seus betas continuavam de guarda.

...----------------...

No castelo, Safira permanecia confinada em um dos salões de pedra sombria, onde raramente via a luz do sol. As correntes ainda prendiam seus movimentos, mas ela estava atenta a tudo ao seu redor. Cada som, cada movimento dos guardas, era registrado em sua mente, pronta para encontrar qualquer oportunidade de escapar.

Foi então que Valéria apareceu novamente. Ela entrou devagar, olhando para Safira com um olhar misto de cautela e curiosidade. Desta vez, havia um ar mais tenso entre elas, como se cada palavra carregasse um peso que ambas entendiam.

— Vejo que ainda está… determinada a manter sua postura de orgulho — começou, a voz suave, mas com um tom que parecia querer entender mais a prisioneira.

Safira respondeu com frieza, os olhos fixos nos dela. — E esperava o quê? Que eu estivesse chorando, implorando pela liberdade?

Valéria deu um pequeno sorriso, mas sem deboche. — Talvez não implorando, mas poderia facilitar as coisas. Essa resistência… só tornará sua vida mais difícil.

— Eu já perdi tudo o que era importante para mim — respondeu Safira, seu tom cortante. — Se pensa que eu vou esquecer isso, está muito enganada.

Valéria parecia refletir sobre as palavras de Safira, como se tentasse compreender o peso da dor que ela carregava. — Sei que não é fácil. Mas entenda que, dentro dessa hierarquia, Hadrian fez o que achou que fosse necessário para manter a ordem.

Safira soltou uma risada amarga. — Vocês realmente acreditam nisso, não é? “Ordem.” Mas isso aqui é apenas uma prisão glorificada, e Hadrian não passa de um tirano.

A irmã de Hadrian estreitou os lábios, quase em um sinal de entendimento misturado com tristeza. — Eu sei que parece cruel. Mas em nossa vida, às vezes, sacrifícios são necessários para a sobrevivência.

Safira revirou os olhos, mas por um momento pareceu considerar as palavras dela. Mesmo com o desprezo ainda estampado em seu rosto, algo na atitude de Valéria a fazia hesitar, como se reconhecesse um pingo de empatia que não esperava ver na família Drake.

— Eu nunca vou aceitar suas desculpas — disse ela, mas sua voz saiu menos cortante. Valéria assentiu, como se aceitasse essa realidade, e após uma breve troca de olhares, saiu da sala, deixando Safira imersa em pensamentos conflituosos.

...----------------...

No grande salão do castelo, Hadrian estava reunido com seus conselheiros e betas, discutindo as constantes tentativas de resistência do que restou da matilha Sköll que ainda permanecia em território inimigo. A expressão de Hadrian era dura, e ele parecia dividido entre a necessidade de exterminar os rebeldes e o desejo de encontrar uma maneira de controlar aquela população rebelde sem dizimar todos.

Aric adiantou-se, o semblante preocupado. — Alfa, os remanescentes dos Sköll são… incorrigíveis. A cada dia, enfrentamos novos ataques, novas tentativas de confronto. Muitos de nós estão lidando com isso da única forma que conhecemos… — ele parou, temendo a reação do Alfa.

Hadrian franziu a testa, refletindo em silêncio. — Eu não os quero todos mortos. Não precisamos de mais sangue. — Seus olhos, embora frios, pareciam hesitar. — A obediência deles… seria mais útil do que simplesmente exterminá-los.

Os conselheiros se entreolharam, hesitantes, mas um deles, mais velho e de semblante tenso, tomou coragem para falar. — Há uma forma de se conseguir isso, Alfa. Embora seja… algo a se considerar com cautela.

Hadrian ergueu o olhar, intrigado. — Fale.

O conselheiro respirou fundo, a voz baixa e cuidadosa. — Uma aliança… uma união de sangue com um Sköll. Um casamento com alguém de sua linhagem poderia trazer a lealdade que deseja, ou ao menos acalmar as chamas da rebelião.

O salão ficou em silêncio, e Hadrian o fitou com um misto de surpresa e desagrado. O pensamento de unir-se a uma Sköll era como uma afronta a tudo o que ele fora ensinado sobre controle e poder. Mas a ideia começou a se infiltrar em sua mente, e ele refletiu sobre a possibilidade de ter a obediência daquele povo, de ser venerado em vez de temido.

— Casamento? Com uma Sköll? — Ele riu, mas havia uma seriedade em seu olhar, como se estivesse considerando o plano. — E qual delas vocês sugerem para essa… aliança?

O conselheiro hesitou, mas continuou com cautela. — A jovem Safira. Ela tem o respeito dos remanescentes, a força de liderança. Uma união com ela seria um sinal de que os Sköll ainda têm importância entre nós.

Hadrian ficou em silêncio, os olhos escurecendo enquanto ponderava. Uma parte de si rejeitava completamente a ideia, mas outra, mais calculista, via o potencial dessa união para finalmente consolidar sua posição.

Depois de alguns instantes de tensão, Hadrian assentiu, uma expressão fria e decidida estampada em seu rosto. — Então teremos esse casamento.

A decisão fora tomada.

Mais populares

Comments

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

Uma ótima opção... porém não condiz com o motivo pelo o qual eles os atacaram. Ele queria poder, submissão, medo... sendo assim, ele destruiu uma família por simplesmente nada

2025-02-18

2

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

Não o entendo... uma hora é um tirano que começa uma guerra sem cabimento, n'outra parece piedoso...

2025-02-18

2

Marcia Cristina Carneiro

Marcia Cristina Carneiro

Quem vái dominar Quem casamento que loucura ó amor vái ser A cura de um coração quebrado 16/03/25/

2025-03-16

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!