SEDUZIDOS PELA LUA

As semanas se arrastaram com uma intensidade sufocante para Hadrian e Safira, enquanto a ligação entre eles se tornava insuportável. Ambos carregavam o peso desse vínculo involuntário, algo profundo que parecia correr em suas veias contra sua vontade. Mesmo distantes, era como se pudessem sentir o cheiro um do outro, uma presença inquietante que os provocava de forma implacável. Hadrian tentava suprimir a sensação, mas o cheiro de Safira o assombrava, atiçando seus instintos primordiais, como se ela estivesse sempre ali, ao alcance dos sentidos, o desafiando.

Naquela noite, ele estava na floresta com seus betas, perseguindo um grupo de lobos invasores. Os invasores tentavam se esconder, mas Hadrian era implacável, movendo-se entre as árvores com a agilidade de um predador. Os betas o seguiam, visivelmente inquietos, mas nenhum deles ousava questionar a violência e a determinação de seu Alfa.

— Eles pensam que podem cruzar nossas terras impunemente? — rosnou ele, avançando sobre um dos lobos que tentava escapar. — Ensinem a eles o que acontece com quem desafia nosso território.

Os betas o obedeceram sem hesitar, e Hadrian se lançou à frente, derrubando o invasor com um golpe. Seus olhos brilhavam sob a luz da lua cheia, e sua presença irradiava uma força ameaçadora. Quando a floresta voltou a se silenciar, ele permaneceu imóvel, os instintos em alerta, e foi então que o cheiro de Safira o atingiu com uma intensidade avassaladora.

A lua cheia brilhava forte no céu, e ele sentia seus instintos se agitando, a provocação do luar atiçando ainda mais seu desejo de posse, algo que ele tentava suprimir. Mas o cheiro dela… era insuportável. A fragrância intensa fazia seu sangue correr mais rápido, como se Safira estivesse próxima, atiçando-o, desafiando-o.

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Dentro da fortaleza, a jovem mantinha-se calada, com os olhos baixos enquanto servia a família Drake. As correntes a restringiam, mas ela mantinha o semblante impassível, o orgulho intacto mesmo naquela situação degradante. Os pais de Hadrian a observavam com desconfiança, mas não a tratavam com crueldade. Na verdade, havia uma estranha calma no ambiente, como se ela fosse apenas uma presença inesperada à qual ainda não haviam se acostumado.

A irmã mais nova de Hadrian, uma menina de dez anos chamada Anya, olhava para Safira com curiosidade, um brilho de admiração infantil nos olhos. Ela não tinha medo da jovem Sköll, e a observava sem reservas.

— Você é muito bonita, sabia? — disse Anya, puxando a saia de Safira para chamar sua atenção. — Igual a uma loba da floresta.

Safira, inicialmente surpreendida, observou a menina. Apesar de todo o ódio que sentia por aquela família, Anya era apenas uma criança, inocente em meio à brutalidade dos adultos. a jovem esboçou um sorriso pequeno, um gesto raro e sincero que não passou despercebido pelos outros.

Mais tarde, a irmã mais velha de Hadrian, Valéria, aproximou-se dela. Valéria era uma jovem de expressão séria, mas havia uma empatia contida em seus olhos ao encarar Safira.

— É natural que se sinta assim — disse, calmamente. — Eu sei que perdeu tudo. Mas precisa entender que essa é a lei dos lobos. Para se ter poder, para garantir o domínio… é necessário eliminar o que está no caminho.

Safira respondeu com frieza, os olhos firmes. — Justificar crueldade com leis não muda o que vocês fizeram.

Valéria suspirou, como se compreendesse aquela amargura. — Essa é a natureza das matilhas. Não cabe a nós decidir. Mas eu entendo… e acredito que, no fundo, meu irmão também entende.

Safira apenas a encarou, sem responder. Por mais que as palavras de Valéria tentassem racionalizar a situação, aquilo não a acalmava, e o cheiro de Hadrian, mesmo distante, parecia seguir impregnado em seus sentidos, fazendo o coração acelerar de ódio.

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A noite caiu completamente, e a lua cheia iluminava a fortaleza. Os lobos da matilha estavam eufóricos, dominados pelos instintos acesos pelo luar. Hadrian, de volta à fortaleza, bebia ao lado dos betas, mas a sensação inquietante que o atormentava não o deixava em paz. Safira… ele sentia o cheiro dela, mesmo distante, como uma provocação inescapável que fazia cada nervo de seu corpo pulsar.

O amigo de Hadrian, Alex, notou sua tensão, observando-o com curiosidade e preocupação.

— O que está havendo, Hadrian? — perguntou, com o olhar atento. — Está agindo estranho.

O Alfa cerrou os dentes, o olhar sombrio. — Esse cheiro dela não me sai dos sentidos. Não importa onde eu esteja, Alex… ela está sempre aqui. Como uma maldição que me persegue.

Damon ficou em silêncio por um momento, então seus olhos se arregalaram ao entender a implicação daquilo. — Hadrian… isso só acontece quando… quando uma loba é destinada a um Alfa como sua…

— Cale-se, Alex — interrompeu Hadrian, furioso, a voz baixa mas ameaçadora. — Não ouse sequer terminar essa frase.

O amigo assentiu, respeitando o aviso, mas a inquietação era palpável. Para qualquer lobo, sentir uma ligação daquele nível significava apenas uma coisa: a Sköll era sua luna, sua companheira. Aquela mulher que ele tanto tentava subjugar, o destino estava tentando amarrá-la a ele, e isso o enfurecia.

A cela estava mergulhada em um silêncio denso, quebrado apenas pelo som da respiração acelerada de Safira. Presa pelas correntes, seus olhos faiscavam na escuridão, vermelhos como brasas, enquanto a lua cheia iluminava o rosto tenso do Alfa que agora se aproximava. Hadrian estava movido por uma fúria incontrolável, algo que ele não podia suprimir, um desejo misturado ao ódio, uma possessão intensa que o impelia até ela.

Safira ergueu o queixo com desafio, o corpo rígido, e o olhar repleto de um desprezo que só servia para atiçar ainda mais a chama em Hadrian. Quando ele entrou em sua cela, ela tentou dar um passo para trás, mas as correntes limitaram seu movimento, deixando-a vulnerável, presa.

Sem uma palavra, ele avançou, agarrando-a com uma firmeza que misturava brutalidade e necessidade. Ela o encarou com raiva, tentando lutar, mas ele a segurou contra a parede, o corpo pressionando o dela, sem espaço para qualquer resistência.

— Solte-me! — ela exigiu, com a voz carregada de ódio, a respiração ofegante, mas o desafio em seus olhos só aumentava. — Você não tem direito de me tocar!

Ele não respondeu. Em vez disso, sua boca desceu sobre a dela de forma impetuosa, um beijo feroz e possessivo, como se quisesse marcar sua alma. Safira lutou, tentou se afastar, mas seus movimentos eram ineficazes contra a força dele. Cada toque, cada pressão de seus lábios transmitia a intensidade de sua fúria, enquanto suas garras percorriam a cintura dela, o toque frio e afiado arranhando sua pele de forma provocadora.

Ela se debatia, empurrando-o, mas a cada tentativa frustrada, o desejo que ele sentia por ela apenas crescia, seus olhos se fechando ao sentir a pele quente de Safira contra a sua. A respiração dela era irregular, e ela sentia o coração bater descompassado, um misto de repulsa e uma estranha atração que a irritava profundamente.

— Pare… você não é nada além de um monstro! — ela sussurrou entre um intervalo de fôlego, mas sua voz falhou. Ele ignorou suas palavras, aproximando ainda mais o corpo do dela, a intensidade de seu olhar a paralisando momentaneamente.

— Um monstro? — murmurou ele, os lábios roçando os dela, em uma mistura de desdém e desejo reprimido. — Se é isso que sou, então aceite que você está à mercê do próprio demônio que tanto despreza.

As mãos dele seguraram-na mais forte, os dedos escorregando pela pele dela, e por um instante, Safira sentiu um calor estranho a invadir. Ela queria gritar, lutar, mas seu corpo parecia traí-la, arrepiando-se ao toque dele, cada centímetro do seu ser em um conflito torturante.

Mas então, um relance de lucidez passou pelo olhar de Hadrian, como se ele finalmente percebesse o que estava fazendo. Seus dedos vacilaram, e ele recuou ligeiramente, a respiração acelerada, o rosto mostrando um misto de choque e confusão. O silêncio entre eles foi interrompido apenas pelo som de suas respirações ofegantes.

Ele se afastou abruptamente, os olhos fixos no chão, como se estivesse tentando entender o que o levara a esse ponto. Sem dizer uma palavra, Hadrian virou-se e saiu, deixando Safira sozinha, perturbada, e sentindo o gosto amargo daquele beijo, uma marca que a deixava com ódio, mas também estranhamente aliviada daquela tensão insuportável que a atormentava.

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Comments

Marcia Cristina Carneiro

Marcia Cristina Carneiro

Ó laço dê companheiro e muito forte impossível dê segurar o sentimento 16/03/25/

2025-03-16

0

Tania Maria

Tania Maria

coitada não tem como lutar

2025-03-26

0

Adriana Martins da Silva

Adriana Martins da Silva

ela tem que rejeitar ele

2025-02-12

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