OS SKÖLL NÃO SE CURVAM

A viagem de Elara até a cabana de caça foi silenciosa e tensa. Damon, o irmão de Hadrian, a mantinha sob vigilância apertada, mas ela notava que ele era menos cruel do que o Alfa. Ainda assim, havia um desdém em seus olhos, um respeito relutante pela linhagem Sköll misturado com desprezo.

Ao chegarem à cabana, Damon ordenou que os betas reforçassem as correntes de Elara e a deixassem em um canto da sala. Ele se aproximou com um cantil de água, olhando para ela de cima a baixo.

— Não seja ingrata, Elara. Beba um pouco de água. Não precisa dificultar isso para você — disse ele, com uma voz fria, mas sem a crueldade explícita de seu irmão.

Elara ergueu o queixo com desafio e olhou diretamente para Damon, mantendo o orgulho intacto. Ela aceitou o cantil, mas, ao invés de beber, cuspiu a água de volta, mirando-o nos olhos com uma raiva que parecia queimar.

— Prefiro morrer de sede do que aceitar qualquer coisa vinda de vocês — respondeu ela, com firmeza.

Damon suspirou, passando a mão pelo rosto como se estivesse tentando manter a paciência.

— O orgulho dos Sköll é mesmo irritante — murmurou ele, desviando o olhar, mas sem demonstrar verdadeira raiva. — Mas saiba que, enquanto obedecer, não precisará sofrer mais do que o necessário.

— Obedecer? — Elara riu, uma risada amarga e sem alegria. — Vocês são tolos se acham que algum dia vamos aceitar suas ordens.

Damon apenas balançou a cabeça, observando-a com um misto de respeito e irritação.

— Você é teimosa, como sua irmã. Mas… veremos quanto tempo essa resistência dura, Elara. — Ele se afastou, deixando-a sozinha e retornando para seus betas.

...----------------...

Enquanto isso, na fortaleza principal, Hadrian estava sentado em seu trono, cercado por seus betas e conselheiros. O salão estava cheio de murmúrios, enquanto eles discutiam questões de território e alianças com outros clãs. As tochas iluminavam o ambiente, projetando sombras dançantes nas paredes de pedra, mas o centro das atenções não era apenas o Alfa no trono: era a figura que caminhava em direção a ele, acorrentada.

Safira. Ela carregava uma bandeja de prata com uma jarra de vinho, os pés e as mãos presos por correntes que arrastavam no chão de pedra, ecoando pelo salão. Seus passos eram lentos e cuidadosos, mas sua expressão mostrava a mesma fúria de sempre, o orgulho dos Sköll ainda intacto.

Hadrian a ignorava, ao menos em aparência. Conversava com seus betas, fingindo indiferença, mas sentia o cheiro inebriante dela no ar, uma presença que, por mais que tentasse suprimir, perturbava seus sentidos.

Safira aproximou-se e, com um olhar de puro desprezo, serviu o vinho para Hadrian, que finalmente olhou para ela por um breve instante. Em seguida, voltou a atenção para seus betas.

— Precisamos consolidar nossas alianças ao leste — começou Aric — Os rumores sobre a presença dos Sköll entre nós podem enfraquecer nossa posição. Não podemos dar espaço para dúvidas.

Hadrian assentiu, tomando um gole do vinho. — Precisamos deixar claro que qualquer tentativa de confronto será respondida à altura. — Ele continuou a falar, mas seus olhos deslizaram discretamente para Safira, que mantinha uma expressão fria e o olhar fixo em algum ponto distante, como se estivesse ignorando todos ao redor.

Ainda que tentasse esconder, Hadrian sentia os batimentos dela, a energia pulsante em cada movimento. Era algo involuntário, mas a conexão que os unira parecia tornar cada pequeno gesto dela impossível de ignorar.

Safira, por outro lado, sentia o mesmo, e isso só a enfurecia mais. O cheiro dele, aquela presença imponente que a cercava, fazia seu corpo reagir contra sua vontade, o que apenas aumentava seu desprezo. Como poderia sentir qualquer coisa a não ser ódio por aquele homem?

Após algum tempo, as discussões foram encerradas, e os betas começaram a se retirar, lançando olhares furtivos para Safira, que permaneceu em silêncio. Quando o último deles saiu, Hadrian se levantou e caminhou até ela, deixando que o silêncio pesado do salão se instalasse entre eles.

Safira o observava com uma fúria silenciosa, os olhos brilhando de raiva e orgulho ferido. Por fim, ela rompeu o silêncio.

— Então é isso que você quer? Ter uma Sköll como escrava para inflar seu ego? Isso é tudo que tem a oferecer como líder?

O Alfa parou, seu olhar se tornando frio. Em um movimento rápido, ele avançou, agarrando-a pelo pescoço e a prendendo contra a parede, aproximando o rosto do dela. Os olhos dele estavam cheios de uma intensidade que era um misto de ódio e algo mais profundo, algo que ele tentava suprimir.

— Cuidado com suas palavras, Sköll — rosnou ele, a voz baixa e ameaçadora. — Lembre-se de que está em minha fortaleza, sob meu domínio. Eu decido o que acontece aqui, não você.

Ela não se intimidou, e o olhar de desafio em seus olhos apenas o enfureceu mais.

— Você pode me prender, me humilhar, mas jamais terá o que quer. — Sua voz era um sussurro, mas carregada de força. — O nome Sköll jamais será apagado, mesmo que eu seja a última.

Hadrian apertou o aperto em seu pescoço, seu rosto a milímetros do dela. Ele podia sentir sua respiração, o cheiro dela o perturbava mais do que deveria, e aquele desafio constante fazia algo em seu interior reagir de forma que ele não compreendia. Sentir a pulsação dela sob seus dedos era uma mistura de poder e tentação.

— Você realmente não sabe a posição em que está, não é? — murmurou ele, com um sorriso frio. — Um pouco de obediência pode salvar sua irmã, mas continue assim, e talvez eu a faça pagar por sua insolência.

Ela o olhou com desprezo. — Faça o que quiser, Demônio. Mas saiba que, mesmo que eu morra, alguém virá para fazer você pagar por tudo isso. Você não é nada além de um tirano em busca de controle.

Hadrian, dominado pela raiva, aproximou-se ainda mais, quase roçando seu rosto contra o dela, o olhar fixo nos olhos de Safira. Ele não conseguia entender a intensidade daquela ligação, aquele desejo conturbado de tê-la sob seu domínio, de ver a fúria dela se transformar em algo mais… algo que ele não ousava admitir.

Ele soltou o pescoço dela bruscamente, como se tentasse se afastar daquela sensação. Safira recuperou o fôlego, mas manteve o olhar fixo, ainda desafiador, ainda inquebrável.

— Fique com seu trono. Mas nunca terá minha alma.

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Comments

Vanessa Prado de Avilla

Vanessa Prado de Avilla

começando.a ler agora estou gostando. E olha que leio.de 2a3 livros no mês este me chamou atenção.autora como.estou no princípio.o livro relata sobre a mãe delas ?

2024-12-29

1

Gretchen Silva

Gretchen Silva

em quanto u.a e guitarra a outra é uma idiota

2024-11-27

1

Ggulk

Ggulk

Me recuso a ver ela com esse tirano. Estou abandonando a história por aqui.

2025-03-14

0

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