O chão de pedra fria estava molhado e a água do balde já escura, mas Safira continuava esfregando, movida pela raiva e pela determinação de não demonstrar fraqueza. Cada movimento era um lembrete amargo de sua nova condição. Sentia a humilhação ardendo em sua pele, mas mantinha a cabeça baixa, como se o orgulho ainda a mantivesse de pé.
Enquanto ela trabalhava, um dos betas, Kieran, entrou na sala e começou a observá-la com um sorriso debochado. Ele cruzou os braços, observando cada movimento dela, e em pouco tempo começou a zombar.
— Olhe para você, a “orgulhosa” filha de Kael, reduzida a uma serviçal. — Kieran soltou uma risada fria e cruel. — Sabe, até que estou gostando de ver o legado dos Sköll ser reduzido a nada. Seu pai se achava tão invencível, e agora você está aqui, limpando o chão como um cão sem dono.
Safira parou, as mãos trêmulas de ódio. Ela não disse nada, mas Kieran percebeu seu olhar fixo no chão e se aproximou, aproveitando-se de sua posição de poder.
— Sabe o que foi a melhor parte? — sussurrou ele, inclinando-se ainda mais. — Ver o seu pai implorando antes de morrer. Ele não parecia tão corajoso naquele momento… talvez seja de família essa fraqueza.
Essas palavras foram a gota d’água. Safira sentiu o coração pulsando violentamente, e em um movimento rápido e feroz, saltou contra Kieran. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso, os dentes afiados expostos enquanto ela cravava suas garras e dentes nele com fúria.
Kieran tentou se desvencilhar, mas Safira estava implacável. Com um grito de dor e surpresa, ele tentou empurrá-la para longe, mas ela o atacou com toda a sua força, afundando as garras na carne dele e rasgando com uma precisão brutal. O sangue se espalhou pelo chão, e os outros lobos presentes se afastaram, chocados e temerosos da ferocidade dela.
Kieran gritou, tentando reagir, mas Safira o imobilizou. Em um último ataque, ela mordeu o ombro dele com força, prendendo-o em uma mordida que o fez gritar de dor. Sentiu o gosto de ferro em sua boca, mas não recuou, determinada a fazer com que ele pagasse pelo insulto contra seu pai.
Foi nesse momento que Hadrian entrou na sala. Ele avaliou a cena por um instante, observando a violência implacável de Safira. Com um rugido autoritário, ele avançou, empurrando os demais lobos para abrir caminho. Em um movimento rápido, ele agarrou Safira, tentando puxá-la de cima de Kieran.
— Pare! — ordenou, a voz imponente preenchendo o ambiente.
Safira, movida por puro instinto, tentou se libertar, mas o Alfa segurou-a com firmeza. Em sua luta para se desvencilhar, ela se voltou contra ele, mordendo a mão que a segurava, os dentes cravando fundo na pele dele.
Por um instante, o tempo pareceu parar. Safira sentiu uma conexão inexplicável pulsar através daquela mordida. Seus olhares se encontraram, ambos sentidos por uma estranha energia que parecia amarrá-los em um elo profundo e involuntário. Hadrian tentou disfarçar a surpresa, mas seus olhos traíram uma mistura de choque e reconhecimento que ele não conseguiu esconder.
Sentindo a força do Alfa, Safira acabou soltando a mordida e recuou, respirando com dificuldade, o olhar ainda carregado de ódio, mas misturado com uma confusão que ela não entendia.
Hadrian a observou por alguns segundos, os olhos duros, mas algo em sua expressão revelava que também estava abalado. Finalmente, ele soltou um suspiro controlado e olhou para os guardas.
— Levem-na de volta para a cela, agora! — ordenou, a voz fria, mas com um toque de urgência.
Enquanto os guardas se aproximavam, Kieran tentava se levantar, ferido e humilhado. Hadrian lançou-lhe um olhar desaprovador.
— Da próxima vez, Kieran, pense antes de provocar alguém que você claramente não consegue enfrentar.
Os guardas agarraram Safira e a levaram de volta para sua cela. Ela não resistiu, mas ainda sentia o efeito daquela mordida, aquela conexão estranha que a deixava inquieta.
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Mais tarde, o Alfa reuniu seus betas para tratar de assuntos da matilha. Os betas estavam em silêncio, a maioria ainda impactada pelo ataque de Safira e a reação inesperada do Alfa.
Aric foi o primeiro a falar, sua voz séria. — Hadrian, precisamos decidir o que fazer com ela. Não podemos arriscar que algo assim aconteça novamente.
Hadrian o fitou com frieza. — Eu sei o que estou fazendo. A loba Sköll ficará sob vigilância, e quem ousar provocá-la novamente sofrerá as consequências. E isso vale para todos. Ela não é uma prisioneira comum.
Marrok franziu o cenho, mas assentiu, entendendo a ordem.
Hadrian então continuou, voltando sua atenção para outras questões. — A situação com os clãs do leste ainda exige cuidado. Não podemos permitir que vejam os recentes eventos como sinal de fraqueza. A vitória contra os Sköll precisa ser nossa mensagem de poder, não de vulnerabilidade.
Lennox concordou, acrescentando: — Concordo, Hadrian. Mas precisamos de algo para reforçar nossa posição. Talvez uma aliança temporária com os clãs neutros. Se mostrarem apoio a nós, outros pensarão duas vezes antes de nos desafiar.
Hadrian ponderou, assentindo. — Vamos preparar as negociações. Quero que enviem nossos melhores mensageiros. E, acima de tudo, deixem claro que qualquer tentativa de questionar nosso poder terá uma resposta à altura.
Enquanto a reunião prosseguia, Hadrian mantinha seu foco nos assuntos da matilha, mas em seu íntimo, ele ainda sentia a estranha conexão deixada pela mordida de Safira. Algo havia mudado naquele momento, algo que ele não podia ignorar, mas que também não estava pronto para enfrentar.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Tania Maria
tomara que ela não se apaixone por eles cara matou o irmã e o pai por nada
2025-03-26
0
Taty
primeiro a gente odeia, depois a gente ama os personagens 😅
2025-02-07
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Fátima Ramos
Ela deve de ser companheira dele
2025-03-23
0