PRISIONEIRA

Safira acordou com a cabeça latejando, cada músculo doendo como se tivesse sido esmagada por uma rocha. Ao abrir os olhos, percebeu que estava em uma caverna fria e úmida, as paredes cobertas por musgo, e a única luz vinha de uma fogueira no centro, lançando sombras distorcidas. Sua mente levou alguns segundos para se ajustar, e então a lembrança do ataque devastador veio como uma avalanche: seu pai e irmão mortos, Hadrian... o demônio que destruiu seu lar.

Ela tentou se levantar, mas correntes de ferro prendiam seus pulsos e tornozelos a uma coluna de pedra, fria ao toque. Ao lado dela, Elara, ainda desacordada, também estava acorrentada. Safira sentiu a raiva crescendo, ardendo em seu peito. Hadrian pagaria caro por tudo que havia feito.

Passos ecoaram pela caverna, e Safira ergueu o olhar para vê-lo se aproximando. Ele estava vestido em trajes escuros e carregava o mesmo olhar predatório, como se estivesse inspecionando suas presas. Ao lado dele, havia um grupo de lobos, homens e mulheres, com expressões tão frias quanto a de Hadrian.

— Finalmente acordada — disse ele, com um sorriso sarcástico. — E vejo que a resistência ainda brilha em seus olhos. Interessante.

— Não sei o que você quer conosco, seu Demônio, mas seja o que for, não vai conseguir sem lutar. Você pode ter destruído nossa matilha, mas nós ainda estamos aqui — Safira cuspiu as palavras, tentando manter o tom firme apesar da dor que sentia.

Hadrian deu uma risada baixa, inclinando-se até que seus rostos estivessem a centímetros de distância.

— Ah, pequena Safira, isso não é sobre luta. Se fosse, você e sua irmã já estariam mortas. Eu não destruo o que é valioso... Eu reivindico.

Safira o encarou com uma mistura de raiva e nojo.

— Reivindicar? Acha que vamos nos submeter a você como troféus de guerra? Nunca. Meu pai lutou até o fim, e farei o mesmo.

Nesse momento, uma mulher ao lado de Hadrian, de cabelos loiros como trigo e olhos de um azul glacial, deu um passo à frente. Ela parecia ter uma aura de autoridade que não passava despercebida. Com um olhar frio e calculado, lançou suas palavras afiadas.

— Cuidado com o que fala, garota. A única razão de estar viva agora é por decisão de Hadrian. Eu sou Freya, Beta desta matilha, e a última coisa que você quer é desrespeitar nossas tradições.

Safira lançou um olhar desafiador a Freya, mas percebeu que os outros lobos observavam a cena em silêncio, aguardando as ordens de Hadrian, prontos para atacar ao menor sinal de comando. O Alfa então ergueu a mão, silenciando o murmúrio que começava a crescer entre os presentes.

— Freya tem razão — O Alfa continuou. — E você, Safira, vai entender. Nossa matilha é forte porque não temos espaço para os fracos, e os Sköll, bem... eram apenas um obstáculo. Vocês são os últimos de sua linhagem. É hora de decidir: ou se unem a nós... ou terminam como os outros.

— Não somos fracos — Safira retrucou, a voz trêmula, mas firme. — Somos uma família, e você nunca vai nos corromper com suas ameaças.

Hadrian lançou um olhar divertido, como se estivesse desafiando-a a tentar resistir. Ele se aproximou de Elara, que começava a despertar, e Safira instintivamente tentou avançar, mas foi contida pelas correntes.

— Toque nela e eu juro que vou acabar com você, Demônio! — rugiu a jovem, cada palavra carregada de ódio.

Hadrian sorriu, cruzando os braços.

— Tão protetora. É admirável... e útil. Mas vamos ver o quanto realmente valoriza sua irmã. Esta noite, vocês terão uma escolha. — Ele olhou diretamente para Elara, que observava tudo com uma expressão aterrorizada. — Uma se submete... e a outra é poupada. Mas se as duas recusarem, ambas sofrem as consequências.

Elara agarrou a mão de Safira, o medo visível em seus olhos, mas Safira não recuou. Mantendo o olhar fixo no de Hadrian, falou com firmeza.

— Não vamos nos submeter. Você pode nos torturar, mas nunca terá o que deseja. Os Sköll não se dobram.

Freya deu uma risada baixa.

— Vamos ver quanto tempo dura essa bravura, garota. Há outros caminhos para quebrar a resistência de uma prisioneira.

Hadrian então fez um gesto para um dos guerreiros ao seu lado, um homem alto e de olhar gélido chamado Valen, que parecia ser uma espécie de braço direito do Alfa. Valen se aproximou e lançou um olhar sombrio às irmãs.

— Posso levá-las ao limite, Alfa. Elas não resistiriam muito.

Hadrian olhou para Safira com um brilho nos olhos, como se testasse sua coragem até o último limite.

— Vá em frente, Valen. Leve-as para fora e mostre o que acontece com aqueles que recusam uma oferta generosa. Mas não cause muito dano... Quero que se lembrem de cada segundo.

Safira e Elara foram arrastadas para fora da caverna e levadas para o centro da aldeia dos lobos Drake, onde outros membros da matilha aguardavam. Era um círculo cruel, onde todos pareciam ansiosos para assistir ao que aconteceria.

Valen lançou Safira ao chão, mas ela se ergueu com determinação, seu olhar desafiante, enquanto Elara permanecia ao seu lado, tremendo de medo. Valen olhou para Hadrian, que apenas assentiu.

— Vamos ver até onde vai sua resistência, pequena loba. Afinal, você é a filha do Alfa Kael... Deve ter algum orgulho herdado.

O primeiro golpe veio rápido, mas Safira suportou, sem emitir um som, apenas lançando um olhar feroz ao inimigo. Outro golpe veio, e mais outro, mas ela se manteve de pé, recusando-se a ceder.

Em determinado momento, Elara tentou intervir, gritando.

— Parem! Nós aceitamos... eu aceito... por favor, apenas parem!

Hadrian se aproximou, o rosto exibindo um sorriso satisfeito.

— Então, Safira, agora depende de você. Sua irmã está disposta a se submeter. E você?

Safira olhou para Elara, vendo a súplica nos olhos dela. Tudo dentro de si gritava para proteger sua irmã, mas ela sabia que ceder seria o mesmo que se render à crueldade de Hadrian. Com os olhos fixos no Alfa, ela ergueu o rosto.

— Eu escolho lutar até o fim. Se isso significa que vamos morrer, então que seja. Mas nunca nos submeteremos a você.

Ele deu uma risada fria.

— Muito bem. Gosto de lobos com coragem. Vamos ver o quanto dura sua bravura, Sköll.

Ele acenou para Valen, que puxou Safira e Elara de volta para a caverna, trancando-as, enquanto os lobos da matilha de Hadrian lançavam olhares sombrios, como se aguardassem o próximo movimento do Alfa.

...----------------...

Sob a luz fraca e ameaçadora da lua cheia, a caverna onde Safira e Elara estavam aprisionadas era fria e silenciosa. Safira sentia o peso da noite, que se estendia diante delas como uma longa e escura vigília. Ela sabia que seu destino estava nas mãos de Hadrian, e o pensamento de sua própria morte, apesar de assustador, parecia quase um alívio se comparado ao vazio que a perda de sua família deixara. Elara tremia ao seu lado, sua expressão pálida e desesperada.

— Safira... — sussurrou ela, com a voz quase inaudível. — Não quero morrer...

Safira a puxou para perto, tentando infundir na irmã uma coragem que ela mesma começava a perder. Sentia o coração martelar no peito, mas manteve a voz firme.

— Não vamos mostrar fraqueza, irmã. Se este for o fim, enfrentaremos de cabeça erguida. Nossa linhagem é nobre, e ninguém vai arrancar isso de nós.

O silêncio foi interrompido pelo som de passos. A porta de ferro da caverna se abriu com um estrondo, e dois guardas entraram, segurando correntes pesadas. Seus rostos eram sombrios, e suas expressões deixavam claro o que viria a seguir. As irmãs foram puxadas sem piedade para fora, arrastadas por corredores gelados até a clareira onde o Alfa aguardava, rodeado por membros de sua matilha.

Hadrian estava no centro, observando as irmãs com um sorriso cruel nos lábios, o brilho vermelho de seus olhos iluminando o rosto predador. Quando as duas pararam diante dele, ele levantou a mão, sinalizando para que os guardas se afastassem. Aproximou-se lentamente de Safira, seus passos ecoando pela clareira enquanto a multidão observava em silêncio, como que hipnotizada.

— Safira Sköll, filha de Kael, você será lembrada como a última teimosa de sua linhagem — começou ele, a voz baixa, mas carregada de um tom quase venenoso. — Eu pensei em conceder-lhe uma morte rápida, mas isso seria fácil demais para alguém como você. Não, você merece algo muito pior.

Safira ergueu o queixo, desafiadora.

— Mate-me se quiser. Só vai mostrar o quão covarde você realmente é. Nós nunca nos curvamos, e isso o assombra.

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Comments

sandra helena barbosa

sandra helena barbosa

Quer crescer destruindo outras matilhas 😤😤😤😤

2025-02-05

0

Summer 🔥

Summer 🔥

Porque não treinaram a mais nova?!

2025-03-04

0

Suzana Araujo da silva pereira

Suzana Araujo da silva pereira

ela e mesmo uma gueteira

2025-01-09

0

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