Capítulo 6

Depois do jantar, o avô foi até ao quarto para ver Martin.

AVÔ: Espero que com isso aprendas a respeitar o teu marido. Ele é um bom rapaz que, embora se faça de duro às vezes, sofre com os teus maus-tratos. Ele sim te ama de verdade.

MARTIN: Mas eu não o amo, eu amo o Ezra.

AVÔ: Não te bato outra vez porque o Noah me pediu. Idiota, em vez de estares sempre atrás daquele cafajeste devias dar mais atenção ao teu marido, que não faz mais nada a não ser tentar ter um bom casamento. (disse ele antes de sair dali)

Martin ficou ali pensando nas palavras do empregado e do seu avô. Pouco depois da meia-noite, Noah entrou cuidadosamente no quarto de Martin para o observar e pedir desculpas.

NOAH: Não foi minha intenção fazer com que o avô te batesse.

MARTIN: Não é tua culpa que o meu avô seja um troglodita. (respondeu ele assustando Noah, que pensava que Martin estava a dormir)

NOAH: Desculpa mesmo, queres que te ponha algum medicamento para a dor?

MARTIN: Está bem assim, podes ir.

NOAH: Está bem, então vou deixar-te descansar.

Martin não disse mais nada, por isso Noah saiu dali em direção ao seu quarto.

...DUAS SEMANAS DEPOIS...

LEO: Como tens estado, Noah?

NOAH: Bem, nestas últimas semanas o Martin tem sido mais amável comigo.

LEO: Não confio em tanta amabilidade.

NOAH: Eu confio, se ele continuar assim talvez se apaixone por mim.

LEO: Se ele se apaixonar por ti, ótimo. Isso significa que ele percebeu o quão maravilhoso é o marido que tem ao seu lado. (disse ele enquanto lhe bagunçava o cabelo)

NOAH: Sim, seria perfeito se ele também se apaixonasse por mim e se esquecesse do Ezra. (expressou ele feliz)

LEO: Não fales nesse pássaro de mau-agouro. A propósito, Martin, ele não te reclamou mais nada sobre o seu amante?

NOAH: Nestas duas semanas não me disse nada. Talvez aquele idiota já não tenha mais ideias para me acusar.

LEO: Acho que devias denunciá-lo por difamação.

NOAH: Enquanto ele não me fizer nada, vou deixá-lo estar, assim talvez o Martin perceba que ele não é a pomba branca que pensa que é.

LEO: Está bem, mas não baixes a guarda, nunca se sabe o que ele pode fazer para te magoar.

NOAH: Eu sei. Deixando isso de lado, já encontraste trabalho?

LEO: Aceitei a proposta de uma agência estrangeira, por isso vou daqui a um mês.

NOAH: É mesmo verdade? Ou é só para eu não me preocupar?

LEO: É verdade. Esta agência fez-me uma boa proposta, por isso aceitei, os benefícios e o salário que me vão dar são muito melhores do que os que eu tinha na empresa onde trabalhava.

NOAH: Está bem, confio em ti e que te vais sair muito bem neste novo trabalho. Mas já sabes que se tiveres alguma dificuldade, tens de me dizer.

LEO: Claro que te digo se acontecer alguma coisa.

NOAH: Ok, queres jantar?

LEO: Obrigado, mas não, tenho de ir.

NOAH: Está bem, cuida-te.

Por outro lado, Martin estava na sua empresa a rever alguns documentos. Enquanto os seus pensamentos iam e vinham sobre o que tinha acontecido duas semanas antes, ele lembrava-se de cada palavra do empregado e de cada palavra do seu avô, assim como da voz triste de Noah a pedir-lhe desculpas por ter feito com que o avô o batesse. Ele não sabia o que fazer ou em quem acreditar, Ezra assegurava ser maltratado por Noah, mas este negava e os empregados apoiavam o Ômega. Além disso, atualmente ele não sabe o que sente realmente por Noah, no início ele odiava-o por o separar de Ezra. Mas agora ele não sabe o que sente por cada um deles. Os seus pensamentos foram interrompidos por Ezra, que entrou no escritório sem pedir permissão e sentou-se no seu colo.

EZRA: Martin, meu querido, estive a ligar-te o dia todo e não respondeste. (disse ele fazendo beicinho)

MARTIN: Ezra, como podes ver, tenho estado ocupado com o trabalho.

EZRA: Antes também já estiveste ocupado e não me ignoraste. Porque é que agora ignoras?

MARTIN: Ezra, percebe que nem sempre posso estar disponível para ti. O meu trabalho também é importante.

EZRA: Está bem, eu entendo.

MARTIN: Então, para que me ligavas com tanta insistência? E porque estás a esta hora no escritório?

EZRA: Meu querido, já nem posso saber como estás e com quem estás?

MARTIN: Isso não responde às minhas perguntas.

EZRA: Está bem, estou aqui porque sei que hoje começa o teu cio e quero passá-lo contigo.

MARTIN: Eu percebo, mas já tomei supressores, por isso não é necessário.

EZRA: Meu querido, estás a rejeitar-me?

MARTIN: Ezra, estou ocupado com o trabalho, não tenho tempo a perder. Amanhã tenho uma reunião importante e tenho de apresentar o projeto sem erros. Tens de entender, Ezra.

EZRA: Está bem, Martin.

MARTIN: Ótimo, vou dizer ao motorista para te levar para casa. Não é hora de estares sozinho por aí.

EZRA: Está bem. Mas não te esqueças de me ligar.

Martin chamou o motorista e disse-lhe para levar Ezra para o seu apartamento. Este, de má vontade, saiu do escritório, pois a sua intenção naquela noite era passar o cio de Martin com ele e assim poder engravidar para que o avô permitisse que Martin se divorciasse de Noah e pudesse casar com ele.

Martin, depois de terminar o seu trabalho, foi para casa, ao chegar lá viu as luzes da sala de jantar acesas, por isso dirigiu-se para lá e viu Noah a dormir numa das cadeiras enquanto a mesa estava posta com comida.

MARTIN: Noah, Noah, acorda. (chamou ele enquanto lhe tocava no ombro)

NOAH: Martin, já chegaste. (disse ele esfregando os olhos)

MARTIN: O que estás a fazer a dormir na sala de jantar?

NOAH: Estava à tua espera.

MARTIN: Vai para o teu quarto. (disse ele saindo da sala de jantar, visto que os supressores já estavam a perder o efeito)

NOAH: Martin, por esta vez janta comigo, e-eu próprio preparei o jantar. (disse ele enquanto o seguia)

MARTIN: Deixa-me em paz, não quero comer nada.

Martin entrou no seu quarto, sendo seguido por Noah, que tinha os olhos marejados com a rejeição.

NOAH: Porque me tratas assim, eu só quero que tenhamos um bom casamento e que me ames. (disse ele pelas costas de Martin)

MARTIN: Eu não pedi este casamento e também não pedi que me amasses. Agora sai do meu quarto. (disse ele virando-se para olhar para Noah)

NOAH: E-eu só queria que jantássemos juntos hoje, h-hoje fazemos quatro meses de casados. (disse ele com lágrimas nos olhos, ele pensou que a relação deles estava a melhorar, mas parece que se enganou)

MARTIN: Noah, sai do meu quarto, amanhã falamos sobre o que quiseres, está bem? (disse ele limpando-lhe as lágrimas)

NOAH: N-não tens q-que prometer nada, eu sei que não vais cumprir. (disse ele afastando a mão de Martin)

MARTIN: Noah.

Ao ver o Ômega inconsolável, Martin não aguentou mais e agarrou-o pela nuca, dando-lhe um beijo apaixonado enquanto libertava as suas feromonas.

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