EU ACEITO

Julia estava no hospital, sem saber quem era, sem dinheiro, sem documentos pessoais e sem local para ficar.

O futuro parecia incrivelmente incerto e difícil..

A Dra Rebeca, já deveria ter lhe dado alta, pois seu quadro clínico era instável, mas a deixou um pouco mais no hospital, com a esperança de que sua memória retornasse.

A assistente social lhe deu o cartão de um abrigo. Era sua única opção, ela poderia ficar lá um tempo, eles arrumariam um trabalho, até suas lembranças voltarem.

Também disse que poderiam colocar seu rosto no sistema de pessoas desaparecidas.

Por algum motivo, Julia não autorizou essa última possibilidade.

Quem era ela? Porque tinha a sensação que corria perigo.

Ela escutou duas enfermeiras dizerem que as suas roupas, bolsa e sapato eram de grife.

Sua cabeça começou a doer.

Suspirou e fechou os olhos, e derrepente surgiu três homens na sua frente. Dois deles podia-se perceber que estavam embriagados, o terceiro estava lúcido, foi com este que teve a conversa mais absurda da sua vida.

_ Bom dia. Eu me chamo Gilberto e sou advogado do Sr Mateus Calighari.

O bêbedo levantou a mão como se estivesse se apresentando.

_ Eu sei que a Srta. está precisando de um local para morar, de dinheiro para continuar seu tratamento. Estou aqui para lhe fazer uma proposta. Se casar com o Sr. Calighari, através de um contrato de 4 anos. Ele te dará tudo que você precisar.

Julia olhou para os três pasma com a proposta.

_ Eu nem sem quem sou. Só me lembro que me chamo Julia. Posso ser casada, e não sei quem são vocês.

_ Mateus é o CEO e herdeiro das Empresas Áurea, ela trabalha na área de jóias. A Sra deve conhecer.

_ Se conheço, não me lembro.

_ A pedra que a Sra. está usando em sua corrente é uma jóia nossa. Disse o tal Mateus.

Julia colocou a mão sobre a pedra, foi achada dentro da bolsa parcialmente queimada.

_ Quanto a você ser ou não casada, podemos esperar seis meses antes de vocês se casarem, mas a Sra deverá assinar um contrato que garantirá que depois desse prazo se casará com o Sr Calighari. E nesse período suas despesas ficaram por conta do Sr. Mateus.

_ Porque tudo isso para se casar?

_ Minha família está querendo muiiitooo, muito mesmo, se não me casar vou perder a direção da MINHA, empresa, minha namorada me abandonou e você é feia. Mateus disse isso, com a voz embargada.

Julia ficou ofendida.

_ Então está querendo casar comigo porque sou feia? Pois saiba que não és um homem maravilhoso. Aliás acho que é mediano.

Mateus olhou para cara cheia de atadura e não conseguiu imaginar o que estaria por baixo daquilo.

_ Porque não pensa um pouco? Amanhã poderá dar uma resposta. Disse o advogado.

_ Amanhã não, hoje. Mateus falou.

Julia ponderou, mas não tinha muito o que pensar então ela aceitou a ideia absurda.

Naquele mesmo dia foi redigido um contrato, garantindo que após seis meses eles se casariam, a multa para quem o quebrasse era o valor de 5% do património de Mateus.

O contrato de casamento também foi redigido, assinado e seus termos eram. Manter o casamento por 4 anos, e ele pagaria todas as suas despesas a muita pela desistência de casar, quebra por qualquer termo ou divórcio antes dos quatro anos era o valor de 10% do patrimônio de Mateus, após os quatro anos ela receberia cinco milhões de reais.

Contratos assinados agora era esperar os 6 meses.

Após isso Julia foi levada a uma sala particular do hospital onde ficou 5 dias, este foi o tempo para eles arrumarem um local para ela ficar.

O apartamento escolhido era amplo, bem situado, bonito e aconchegante. Mateus também providenciou uma mulher, Tereza, para fazer o serviço da casa e ficar com ela.

Durante esse período apenas Gilberto procurou saber dela.

Ele descobriu que Julia era inteligente e perspicaz, muito bem educada, tinha um humor sagaz e falava outras línguas, soube disso quando em uma vez em que veio ao seu apartamento, ela estava assistindo filme em francês, sem a legenda ou dublagem.

_ Você entende o que estão falando? Perguntou ele.

_Sim.

_ Então, você fala francês.

Julia olhou e observo que lembrara algo sobre si.

_ Eu falo francês!

Desde esse dia passou a ver filmes em outras línguas, e descobriu que era fluente em inglês, espanhol e italiano.

É claro, que depois passar a da bebedeira, Mateus percebeu a burrice que tinha feito, porém era tarde para voltar atrás. Estava preso a versão feminina do fantasma da ópera.

Seis meses depois ninguém havia procurado Júlia, então eles se casaram, em uma cerimônia simples no cartório com a presença de Pedro e Humberto como testemunhas.

Mateus a levou para morar em um apartamento de cobertura, juntamente com duas empregadas, além de Tereza. Ele mesmo continuou morando com os pais na mansão. Ele estava aguardando a hora certa de contar aos mesmos e apresentar Julia.

Depois de seis meses ela ainda usava as ataduras no braço e no rosto.

Mateus vinha vê-la pelo menos duas vezes na semana. E suas conversas eram sobre tudo, ele admiração a inteligência e as vezes até aceitava dicas sobre algum negócio que estava realizando.

Ele criou um carinho pela mulher por trás da máscara.

E Julia foi se tornando dependente emocional de Mateus, e aguardava sua visitas com muita ansiedade.

Três meses após o casamento Julia tirou as ataduras definitivamente.

Aquela noite Mateus veio visitá-la, ela percebeu o olhar de repulsa dele quando a viu, a partir deste dia começou a usar máscara.

Oito meses depois de casados, Amanda retornou a cidade e Mateus voltou a ficar com ela, como se não fosse casado e suas visitas a Júlia ficaram muito raras. Mateus não escondia sua amante, escondia sua esposa. A mídia sempre trazia a imagem dos dois juntos e felizes.

Julia sofria o descaso do seu marido. Ela queria de livrar desse casamento falso, queria torná-lo verdadeiro, mas se sentia, feia e inútil.

Ela começou a cobrar de Mateus atitudes de marido sendo humilhada.

_ Você é apenas uma mulher que se casou comigo por dinheiro.

_ E você se casou por interesse. Mesmo assim estamos casados.

_ Pare de ser piegas e idiota, verdadeiramente não somos nada, não é um papel que dirá ao contrário.

Vendo que ele não mudaria de ideia ou atitude ela começou a tentar agrada-lo, o que também não deu resultado, ele ficava o mínimo possível com ela.

_ Não pode ficar comigo um pouco mais, eu preparei o prato que você adora para jantarmos.

_ Não posso. Tenho compromisso.

_ Com a sua amante? Com aquela mulher que te deixou e deve ter te traído? Ela é uma v@dia.

_ Não falei de Amanda, quem é você para falar dela.

Mateus pegou nos seus braços, e a chacoalhou agressivamente.

_ Não importa o que você acha que é minha. Não é. Eu não suporto olhar na sua cara, com essa máscara ridícula.

Mateus a empurrou e ela caiu no sofá, ele saiu batendo a porta.

Quatro meses depois Júlia recobrou sua memória. E agora era ela quem precisava ficar escondida, até saber o que realmente houve no dia do seu acidente e esse casamento viria bem a calhar.

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