Choque

...Kyle:...

Levei a minha filha para creche, mas antes, fiz o café da manhã, como sempre. Aquela mulher ainda não havia saído do quarto, porém, eu decidi confiar nela e deixar a casa aberta. Ela não tem mais motivos para fugir, eu acho.

Fui trabalhar, enquanto esperava ansiosamente por novidades sobre Amellie do investidor. Já faz uns dias, porém, não encontrou nada sobre ela.

— Bom dia, chefe! — um dos meus funcionários me cumprimentou.

— Bom dia! Como está indo as nossas negociações? — estávamos com um grande projeto para terminar.

— Indo bem, porém, devo passar a direção agora, a nossa parte já foi feita. — todos estavam se dedicando muito.

— Entendo, então terminarei o que está faltando, e logo enviarei ao nosso cliente. O prazo é até a meia-noite, para um projeto de última hora, conseguimos adiantar tudo em apenas uma semana. — eu estava orgulhoso dos meus funcionários.

— Foi fruto do trabalho duro de todos! — a empresa que fundei era muito conhecida, inclusive, recebíamos boas propostas com frequência, mas nada como a dessa vez.

Peguei minhas coisas, para terminar em casa, e enviar via e-mail o documento. Fui para casa mais cedo, pedi que Giorgian fosse buscar Kiara, ela ficaria de novo na casa dele.

— Você chegou cedo. — ela se assustou ao me ver cedo em casa.

— Preferia que eu não saísse do trabalho? Tenho um projeto importante para terminar, preciso entregar até meia-noite. — ela pareceu curiosa, mas não fez perguntas.

Segui direto para o escritório, e comecei a trabalhar. Minha dedicação era pela minha família, pelo futuro da minha filha.

— Amellie, quando você voltar, vai se impressionar com tudo que fiz! — eu estava ansioso, ela era apenas o que faltava para ficar completo.

Continuei trabalhando sem parar, as horas foram passando. Em um certo momento, alguém bateu na porta.

— Eu trouxe algo para você comer. — ela colocou um copo de suco e um sanduíche.

— Esse é o melhor que consegue fazer? Achei que você no mínimo estava trazendo um jantar de verdade? — provoquei, na verdade, estava me acostumando a fazer isso com ela.

— Você quer comer ou não? Agradeça a minha boa vontade, você mesmo disse que não queria minha presença, mas sei ser grata pela ajuda que recebo, OK? — ela virou de costas para sair.

— Obrigado. — peguei o sanduíche.

— Olha, você sabe agradecer! — ela deu língua.

— E eu não gosto de suco de laranja. — eu disse, provocando-a novamente.

— Então, por que tem laranjas na geladeira? — ela pisou forte no chão.

— Talvez porque eu simplesmente tenha uma filha pequena que precisa de vítima? — ela revirou os olhos, e saiu.

Fiquei rindo, sem perceber. Quando me notei, parei e voltei a trabalhar. Não era um assunto complicado para terminar, faltavam pouquíssimos detalhes para finalizar o documento. Haviam dez páginas a serem enviadas, peguei o caderno, que estava anotado o e-mail do cliente.

Antes de eu começar a digitar, meu telefone tocou. Ao ver o nome, meu coração acelerou, era o investigador.

— Alô? Sim, tem alguma notícia sobre Amellie? — estava esperançoso, mas o que me veio foi um choque.

“Sinto muito, Kyle, mas sua esposa está morta há pelo menos três meses”.

— O quê? Você está brincando, certo? Amellie não morreu, ela não… ela não morreria tão fácil, ela voltará, ela…

“Kyle, ela está morta, e tenho provas”.

As palavras que tanto desejei que fossem mentira. Perdi o amor da minha vida? Como pode? Ela não… não a minha Amellie…

— AAAAAAAH! — joguei a bandeja e o copo de vidro no chão, com as outras coisas que estavam na mesa.

A dor dentro do meu peito era tão avassaladora, que eu sentia que ia morrer.

— AMELLIE, AMELLIE! — minhas deixaram minha visão embaçada.

Uma vida sem ela, não faz sentido… eu não via razão, não tinha mais nada, eu me esqueci que tinha outra coisa importante na minha vida, minha filha. Naquela hora, cego pelo sentimento da dor, eu estava prestes a fazer uma besteira.

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