Agora ele sabe

Na manhã seguinte eu tive o vislumbre de ser acordada deliciosamente bem pelo cheiro bom do café da manhã. Me levantei, me espreguicei, penteei meus cabelos e os prendi apenas por um momento para me banhar e me limpar de toda e qualquer impureza que estivesse em meu corpo durante o sono.

E me senti revigorada quando finalmente terminei de tomar banho, passei o óleo corporal que ainda estava lacrado com cheirinho de morango e soltei finalmente meu cabelo do pequeno pompom preto que estava dentro da penteadeira.

De roupa, vesti apenas um simples vestido, o dia estava quente e eu definitivamente não desejo usar algo apertado para um dia como esse.

Quando pronta desci para o café da manhã, Zion já estava na mesa, sua cara não estava nada boa enquanto falava algo para o homem com terno ao seu lado.

Talvez algo que eu não deveria saber já que parou de falar assim que me viu entrando na sala.

— Senhor... — sussurro temerosa e ele me encara de cima abaixo.

— Bom dia, Sienna. Como você dormiu?

— Dormi bem, senhor. Melhor do que já dormir em toda minha vida. — ele sorri.

— Hoje você vai ao shopping, vou comprar suas roupas já que veio pra cá com trapos e coisas do tipo.

— O vestido é feio? — segurei a saia do vestido, verificando seus detalhes simples enquanto eu começo a ficar triste com seus comentários.

— Ele é lindo, mas você ficaria ainda mais linda com algo dado por mim, é por isso que eu te levarei ao shopping hoje.

— Não quero te dar gastos.

— Não é com o meu dinheiro que deve se preocupar. — ele resmunga, bebericando do seu café.

— E com o que eu deveria? — ele não responde, só sorri, o sorriso mais lindo que já vi e que faz meu coração errar as batidas.

— Coma, Sienna. — ele pede e eu me sento à mesa, segurando o pão com geleia e me servindo um copo de suco.

— Nunca vi as empregadas daqui, onde estão?

— Elas fazem o café e vão embora. Não gosto de tanta gente na minha casa de forma desnecessária, eles só precisam fazer o que devem e eu farei o que querem. O pagamento é bem gordo, mais do que qualquer um recebe, e tudo que quero é apenas pelo mínimo de respeito diante de mim e os meus desejos.

— Você parece controlador.

— Se é bom ou ruim você decide. — ele levanta e se aproxima de mim, pegando algo do bolso e balançando na minha frente, naquele momento o homem que parece um segurança sai da sala e eu ruborizo de vergonha. — Abra as pernas.

— Me deixe apenas comer um pouco, Senhor. E-eu não conseguirei comer com isso dentro.

Ele abre um sorriso enquanto segura a cadeira com somente uma mão e a vira em sua direção, me deixando com os joelhos em sua direção. — Abra. — ele ordena, seu perfume erótico me deixando fraca das pernas, me fazendo abrir sem que eu permitisse.

— Boa garota... — ele sobe meu vestido e coloca a calcinha para o lado. Em seguida ele se abaixa, o suficiente para conseguir colocar um pouco de saliva nos dedos e me penetrar, para ai então enfiar bola por bola daquele cordão de prata.

— A-ah, Z-zio- — sua mão agarra meu pescoço com força impedindo que eu fale.

— O que eu falei, Sienna? — ele sussurra em meu ouvido, apertando com mais força.

— S-senhor!

Quando ele solta eu puxo o ar com tanta força que meus olhos lacrimejam enquanto minha garganta arde. Ele da tapas em minhas bochechas enquanto deixa um beijo em minha testa. — Ainda está com fome?

Nego com a cabeça e ele me ajuda a levantar da cadeira, vendo minha dificuldade pra andar tanto pelas bolas dentro de mim quanto pelas sensações quentes que ele deixa em meu corpo, ainda quando me enforca e me machuca.

Fomos até o carro, um especialmente caro e muito bonito, de uma cor preta que jamais vi em qualquer outro. Zion colocou o cinto em mim e abaixou a janela para que eu conseguisse ver melhor a cidade sem as cores escuras que o vidro fumê deixa.

Parando pra pensar é a primeira vez que saio pra rua e que vejo a rua como ela deve e não pela janela de casa, trancada entre os muros altos e escutando as risadas de outras pessoas. Quando dou por mim estou chorando ao lembrar.

Zion se aproxima, enxuga minhas lágrimas preocupado, sei que está, pois mesmo em pouco tempo posso adivinhar suas expressões.

— Quer voltar pra casa?

Nego. — Estou só feliz, estou tão feliz que minha cabeça não consegue parar. Nunca achei que estaria aqui um dia.

— Você fala como se fosse presa em uma caverna. — muito pior, eu era presa em uma casa, uma prisão e meu pai era o próprio demônio que desejava eu, sua própria filha de forma pecaminosa e doentia.

— Então esse é o shopping? — mudo de assuntos e ele concorda. — É tão grande.

— Você realmente nunca veio aqui?

— Não que eu lembre. — sorri.

Nós entramos no shopping e ver tantas pessoas no mesmo lugar me fez cair a boca, as lojas de vários tamanho e vários tipos.

Zion me levou primeiro pra comprar roupas e de cara pude perceber quão chique ela era. A atendente sorriu enorme só de vê-lo, mas não parece ter gostado nenhum pouco de mim, já que me olhou com desgosto.

— Zion, querido, quanto tempo. Veio comprar roupas pra você ?

— Não, para ela. — ele me segura pela cintura

— Ah... Certo... — ela concorda.

— Vou ficar esperando e enquanto isso você pega as melhores roupas que tem disponível na ala feminina e leva ela até o provador.

— Tudo bem, Zion. Me siga — ela me guia até o provador e eu espero lá enquanto ela vai buscar as roupas. Minutos se passam e nada, até que finalmente traz uma pilha de roupas em um carrinho.

— Isso tudo? — pergunto surpreendida.

— Zion Dcart poderia comprar o shopping inteiro se quisesse querida, não se impressione com tão pouco. — ela desdenha, fechando o provador e me deixando sozinha com todas aquelas roupas, que parecem até normais até que visto a primeira em meu corpo e percebo que é muito larga, bem mais larga do que deveria, posso dizer até que cabe uma 5 de mim aqui dentro.

— Senhora — chamo por ela que aparece rapidamente com um sorriso de felicidade. — Acho que errou meu número, esse é muito grande.

— Esse é perfeito para você, gorda. — ela ri. — Não sei o que você é do Zion, mas tenho certeza que não é muito mais que uma puta, apenas isso. Além disso é feia e gorda.

Meus olhos lacrimejam.

— Você não tem o direito de falar assim comigo. — brado irritada. — Não sou puta e nem nada disso que está falando.

— É a pior que poderia entrar no caminho dele, vagabunda desgraça. Confessa que você só quer o dinheiro dele!

— Cala a boca! — minha mão acerta a cara dela, borrando aquele maldito batom vermelho e bagunçando seu cabelo.

O vestido que até então cobria todo meu torso cai pelos meus ombros, largo demais para me manter coberta. E no mesmo momento que Zion aparece. Eu gelo.

Minhas costas...

— O que está acontecendo aqui?! Clara, trouxe ela aqui sabendo que era a melhor, mas que porra está acontecendo com você!? — me cubro desesperada, tentando subir o vestido.

— Estava cuidando da sua nova puta. — seguro o choro andando para trás.

Zion me encara, sua expressão primeiro de preocupação se torna algo que não posso reconhecer dessa vez, seu olhar vai para algo atrás de mim e para mim, intercalando. Seus olhos azuis se tornando ainda mais escuros como uma tempestade no mar.

E então eu olho para onde ele está olhando. O espelho atrás de mim, a mostra dentro do provador para onde estou de costas, mostrando as cicatrizes e cortes ainda se recuperando em minha pele carne viva. Alí eu desabo, desabo de desgosto e tristeza, principalmente quando nossos olhos se encontram pelo vidro.

Agora ele sabe da verdade.

Estou perdida.

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