Da próxima vou te foder

Zion me levou até meu quarto mais uma vez naquela noite, me deixando um selinho suave sobre minha testa antes de se afastar e entrar no quarto em frente ao meu. Ele não me disse mais nada e eu também não tinha mais o que dizer.

Tudo que eu poderia dizer eu não disse pela segurança de muitas coisas, principalmente envolvendo que sou bem mais nova do que o planejado. Se a senhora dona da casa de prostíbulo descobrisse faria coisas terríveis comigo e nem mesmo teria chance de ser vendida, tudo por ser nova e forte, eu seria como um porco sendo preparado para o abate.

Paro em frente a um espelho, onde me olho com estranheza, não podendo acreditar em tudo que estou vivendo agora. Será isso um sonho ou um pesadelo? Eu ainda não sei o que é.

— Certo, vamos começar. — tiro o vestido, vendo ainda marcas recentes de agressões, não tão escuras, mas ainda presentes.

Vou até o banheiro vendo a banheira enorme que me faz dar pulinhos de alegria. Faz tanto tempo que não consigo descansar direito.

Enquanto me aproximo da banheira, sinto um suspiro de alívio escapar de meus lábios. Água quente, paz e silêncio. É exatamente o que preciso agora.

Começo a preencher a banheira com água quente, adicionando alguns sais de banho que encontro na prateleira. O aroma de lavanda e chamomila invade o ar, relaxando meus músculos tensos.

Antes de entrar na banheira, olho para as marcas ainda presentes em meu corpo. Zion não comentou nada sobre elas, mas posso sentir sua preocupação. Será que ele realmente se importa comigo?

Entra na banheira, sentindo o calor da água envolver meu corpo. Fecho os olhos e deixo meu cabelo flutuar na superfície da água. É um momento de paz, longe das lembranças dolorosas e das incertezas do futuro.

Fico ali por um tempo, simplesmente relaxando, até que começo a sentir meu corpo pesado e meu cérebro cansado. É hora de dormir.

Saio da banheira, me seco e me dirijo à cama. Sequer lembro de me vestir, só caio na cama e fecho os olhos, e estou quase dormindo quando ouço um barulho vindo do corredor. Zion?

Levanto-me da cama e vou até a porta, ouvindo passos leves do lado de fora. A porta se abre lentamente, e Zion entra no quarto.

— Você está bem? — ele pergunta, sua voz baixa e preocupada.

— Sim, senhor — respondo, sentindo-me um pouco desconfortável.

— Eu queria apenas verificar se você precisava de alguma coisa — ele diz, aproximando-se de mim.

Sinto meu coração acelerar enquanto ele se aproxima. O que ele quer?

— Não preciso de nada, senhor — respondo, tentando manter minha voz firme. — Tudo que já fez por mim foi até mais do que eu merecia...

Zion olha para mim por um momento, depois se vira para sair.

— Você merece isso e muito mais... — ele se aproxima ainda mais. — Boa noite, Sienna — ele diz, antes de beijar minha boca e se afastar.

Horas se passam e eu não consigo dormir. Meu cérebro está em constante atividade, pensando em tudo que aconteceu desde que cheguei aqui. Zion, o prostíbulo, a senhora dona da casa... Tudo parece tão surreal.

Finalmente, não aguento mais e saio da cama para tomar um copo de água na cozinha, mas claro, garanto de estar vestida dessa vez. A casa está silenciosa e escura, apenas o som da geladeira quebrando o silêncio.

Enquanto caminho em direção à cozinha, meu olhar se dirige para a porta proibida. A porta que Zion me disse para nunca entrar. Sinto uma curiosidade intensa, um desejo de saber o que está escondido atrás dela.

Tento ignorar a porta e continuar em direção à cozinha, mas meus pés parecem ter vida própria e me levam até ela. Eu me paro na frente da porta, sentindo o coração acelerar.

O que está escondido aqui? O que Zion não quer que eu veja?

Minha mão se estende automaticamente para a maçaneta, mas hesito. E se Zion me pegar? E se eu descobrir algo que não devo?

Mas a curiosidade é mais forte. Eu preciso saber.

Respiro fundo e giro a maçaneta. A porta se abre com um clique suave.

O quarto preto se transforma em um espaço iluminado, revelando uma atmosfera sombria e intensa. Meus olhos se deparam com objetos que nunca havia visto antes, mas que parecem ter um propósito sinistro.

Há cordas e correntes penduradas nas paredes, além de uma cadeira com algemas e um colar de couro com uma coleira. No centro do quarto, há uma cama com uma estrutura metálica acima, parecendo uma cruz.

Minha atenção é atraída para uma prateleira específica, onde estão dispostos vários chicotes de couro, com cabos grossos e fios finos. Sinto um arrepio percorrer meu corpo, lembrando-me de momentos dolorosos do passado.

Meus pés me levam até a prateleira, como se movidos por uma força invisível. Eu me sinto atraída pelos chicotes, mas também repelida pelo medo.

Ao ver os chicotes, um gatilho é acionado dentro de mim. Memórias dolorosas ressurgem, e eu sinto meu coração acelerar. O quarto começa a girar, e eu me sinto tonta.

Não consigo segurar-me em pé. Caio no chão, sentindo-me assustada e vulnerável. Os chicotes parecem estar me encarando, lembrando-me de momentos em que fui impotente.

— Não... não quero isso — murmuro, sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

O quarto parece fechado sobre mim, sufocante. Preciso sair daqui. Preciso encontrar um lugar seguro.

Mas, enquanto me levanto, ouço um som atrás de mim. A porta se abriu. Zion está parado na entrada do quarto, olhando para mim com uma expressão intensa.

— Sienna... — Zion repete, sua voz firme e autoritária.

Mas eu não quero ouvir. Estou cansada de ser controlada, cansada de ser tratada como uma prisioneira.

Com um impulso de raiva, eu me lanço sobre ele, batendo em seu peito com meus punhos fechados.

— Você! Você me fez isso! — grito, minha voz ecoando pelo quarto.

Zion não reage, apenas me olha com uma expressão surpresa.

Eu continuo a bater nele, minha raiva e medo explodindo em lágrimas e gritos.

— Você quer me machucar! Você quer me controlar! — grito, minha voz rouca.

Finalmente, Zion reage, segurando meus pulsos com suas mãos fortes.

— Sienna, pare! — ele diz, sua voz firme.

Mas eu não paro. Eu me debato, tentando me livrar de sua pegada.

Com um esforço, eu consegui me soltar e corro em direção à porta.

— Você não vai me manter aqui! Você não vai me machucar! — grito, enquanto corro pelo corredor.

Zion grita meu nome, mas eu não paro. Eu continuo correndo, minha respiração ofegante.

Eu alcanço a porta principal da mansão e a abro com um empurrão. A noite fria me recebe, mas eu não sinto nada.

Eu corro pelo jardim, sem saber para onde estou indo. Só sei que preciso sair daqui.

Preciso ser livre.

As coisas não podem se repetir !

Enquanto corro pelo jardim, meu coração batendo forte no peito, sinto minha respiração se tornar mais difícil. O ar parece escapar de meus pulmões, e minha visão começa a embaçar.

De repente, minhas pernas cedem, e eu caio no chão, sentindo o impacto da queda. Não consigo respirar, não consigo pensar. Estou completamente perdida.

Uma crise de pânico tomou conta de mim, e eu não consigo controlá-la. Sinto meu corpo tremendo, minhas mãos trêmulas, e minha mente em completo caos.

Começo a chorar, soluçando descontroladamente. Não consigo parar.

— Não... não posso... — murmuro, sentindo-me completamente desamparada.

De repente, sinto uma mão em meu ombro. Zion. Ele está aqui.

— Sienna, respira — ele diz, sua voz calma e suave.

Ele se senta ao meu lado, envolvendo-me em seus braços. Sinto seu calor, sua força, e começo a me acalmar.

— Você está segura — ele repete, sua voz um mantra de conforto.

Ele me segura com firmeza, mas gentilmente, até que eu comece a respirar novamente. Meus soluços se tornam mais espaçados, e minha mente começa a clarear.

— Não estou... — choro. — Não estou.

— Você está, Sienna... Mais segura que em qualquer lugar no mundo.

— Você vai me machucar com aquelas coisas, vai me torturar.

— Vamos conversar com calma sobre aquilo, Sienna, mas não agora, não com você aqui, não me perdoaria por isso.

— Desculpa... Eu entrei no quarto...

— Mais tarde te darei um castigo, agora você precisa descansar. Vou te levar pra dentro agora e se fugir de mim novamente eu vou te foder, garota.

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