Capítulo 18

Suellen,

Não era para ele ter descoberto isso agora. O médico me ligou, e eu não dei permissão para ele falar com ela. Ele deve ter falado algo para o médico, uma chantagem ou uma ameaça, só assim ele teria seguido em frente e entrado. E o pior, me seguiu e me fez falar tudo. Como fui besta!

Assim que ele sai, fico andando de um lado para o outro, nervosa com a situação. Ele vai embora, mas deixou o cheiro dele aqui. Eu preciso dar um jeito de ir embora, mudar de país, mudar de continente até se for preciso.

Ele deve estar se sentindo culpado agora por ter me julgado todos esses anos, e tenho certeza que agora ele vai querer fazer de tudo para que eu fique com ele, mas eu não posso, não vou conseguir. Principalmente porque agora ele vai ficar no meu pé.

Mas meu corpo todo se perde quando está junto ao seu, meu coração acelera quando seus lábios tocam os meus, e me estremeço quando a sua língua se junta com a minha. Eu não tenho o direito de ser amada, não depois de tudo que eu fiz.

Edson merece uma menina boa, limpa, sem um passado nojento como o meu. E, mesmo sentindo tudo isso quando ele está próximo de mim, eu devo deixá-lo livre.

Estou achando que, por eu não estar trabalhando, estou pensando muito nele e em tudo que está acontecendo. Vou pegar um cliente e voltar ao trabalho, assim tenho algo para ocupar a minha mente.

Pego o meu notebook, mas quando vou clicar, meu cotovelo dói. Vai ser difícil, mas não impossível. Ligo o notebook e vejo os casos. Um deles me chama atenção: é de uma mulher que acusa o marido de espancar a filha até a morte. Porém, o cara nega que tenha feito isso com a própria filha.

Entro em outra página, e a notícia já está espalhada: ele levou uma surra dos moradores antes da polícia chegar. Está preso, mas ainda não foi julgado. Preciso averiguar bem o caso, para não colocar um bandido na rua, pois isso, mesmo que eu seja advogada de defesa, eu não faço. Pelo contrário, ajudo a criminalista a deixá-lo mais anos na cadeia.

Vejo em que presídio ele está e faço um agendamento para a visita. A família me contratou, mas eu precisa saber da verdadeira história. Marco para amanhã, às 10h30 da manhã. Entro em contato com a família que me contratou e aviso que vou conversar com ele. Claro, não dando garantia de nada.

(...)

Acordo pela manhã, faço a minha higiene e saio para o Califórnia State Prison Los Angeles Country. Assim que chego, passo pela revista e sou conduzida até uma sala, onde tem várias mesas e cadeiras. Em seguida, eles trazem o Zion Parker. Ele se senta na cadeira à minha frente, e pela expressão dele, não acho que seja inocente. Ligo o meu gravador para ouvir a conversa com mais detalhes depois, e ele fala:

— Que bom que você aceitou o meu caso, doutora.

— Não disse que aceitei. Estou aqui para averiguar o caso. Vai depender do que eu achar de você. Se realmente é culpado ou não. Mas para isso, preciso que você me diga a verdade.

— Eu não matei a minha filha. A mãe dela, que sempre foi explosiva, ela matou a nossa filha e para não ser culpada, jogou a culpa em mim.

— Certo. Onde você estava?

— Em casa, estava na garagem arrumando o meu carro quando ouvi os gritos. Quando eu cheguei na cozinha, ela estava enforcando a nossa filha, que já estava morta. Levei ela para a sala, tentei dar os primeiros socorros, mas não tive sucesso.

— No laudo fala que vocês demoraram três horas para acionar o resgate. Por que demorou tanto?

— Porque eu fiz de tudo para trazer ela de volta, e ainda estava segurando a minha esposa, que estava muito alterada.

— Certo. Vou dizer para você como eu trabalho. Preciso da verdade em cada detalhe, pois uma coisa que você ocultar pode prejudicar os dois no tribunal. A parte da acusação vai reforçar todas as provas que incrimine mais você, e se eu ver que o lado deles está sendo verdadeiro, eu acabo com a sua vida no tribunal. Então, você me conta a verdade, e eu posso ao menos te dar uma chance de não pegar prisão perpétua ou pena de morte. Então, vamos voltar ao início e me diga o que aconteceu naquele dia.

Ele olha para mim e solta um suspiro. Ele abaixa a cabeça e demora um pouco para começar a falar, até que começa:

— Eu tinha bebido demais naquele dia. Meu time tinha perdido, e as duas estavam me enchendo o saco. Eu não vi, ceguei. Quando dei por mim, ela já não estava mais respirando, e eu em cima dela. Minha esposa tentou me tirar de cima e começou a chorar. Ela quis chamar a polícia, mas eu não deixei. Só que eu me deitei no sofá para dormir, e acordei com os moradores me puxando pelas pernas. Me bateram muito, até mesmo tentaram colocar fogo em mim, mas a polícia chegou e os impediu de eu morrer queimado.

— Então você a matou e ainda acha que tem direito a uma advogada para te defender e te tirar da cadeia?

— Sim, eu tenho o direito como todo mundo. Eu não estava em mim, estava bêbado.

— Vai usar isso para sua defesa? Que estava bêbado? Você matou a sua filha, e tenho certeza que ela tinha você como um herói. Ela confiava em você, e olha como você pagou.

— Minha família vai pagar seus honorários. Então, já sabe o que tem que fazer. — Ele se levanta, coloca as duas mãos em cima da mesa para me ameaçar. — E acho melhor você me tirar daqui, porque posso ser cruel até mesmo sem beber.

Me levanto, ficando de frente para ele, dou-lhe um sorriso carregado de sarcasmo.

— Se depender de mim, você nunca vai sair daqui, seu verme. — Ele levanta a mão para me bater, mas eu me descontrolo e acabo batendo nele.

Os policiais vêm me tirar de cima do Zion, só que acabam me colocando em uma cela, presa. Que legal, era tudo que eu precisava. Algumas horas depois, a cela é aberta.

— Alguém pagou para você sair.

— Quem?

— Amélia Forth. — Droga, quando é que eu vou me livrar dessa família?

Autora:

Me digam o que estão achando da história de Edson e Suellen? Deixe sua opinião nos comentários e não esqueçam de deixar a curtida do capítulo. Um beijo no coração de cada uma, um excelente final de semana e até segunda, meus Loves ❤️

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