...— Edson Ambery —...
Alguns minutos depois, ela sai parecendo um furacão, e antes que ela entre em seu carro, chamo pelo seu nome. Ela olha para mim e entra rápido. Corro, mas não consigo alcançá-la. Entro no meu carro e a sigo. Sei que ela vai direto para sua casa, pelo menos ela pega o caminho para lá. Ela para o carro, e eu paro bem atrás. Ela desce, e eu junto.
— Não adianta fugir, vamos ter essa conversa.
— Me deixe em paz, Edson. Já tive que levantar as pressas por causa de você, ainda vou ter que te ouvir?
— Vai! — Ela abre o portão, e eu entro junto com ela. Fecho-o e seguimos para dentro da sua casa. — Você foi obrigada a se prostituir, por que não contou para mim?
— E o que você poderia fazer?
— Muitas coisas. Uma delas, denunciar a cafetina da sua tia e todos os pedófilos que estavam envolvidos.
— Não era assim tão simples. — Ela se senta no sofá e coloca a mão no rosto. — Você não tem ideia dos homens que iam naquele lugar. De bandido a policial, de traficante a general. — General, isso me fez lembrar do Jacob. Mas não ficaria impressionado se fosse ele.
— Ainda sim, deveria ter me contado. Agora me diga, com o que ela te ameaçou para você terminar comigo? — Ela olha para mim por alguns segundos e depois se levanta. Vai direto para a cozinha e depois volta com uma garrafa de bebida.
Pego a garrafa da mão dela. Ela tenta pegar de novo, mas eu levanto para o alto, onde ela não consegue alcançar. Ela me olha com raiva, mas essa conversa vai ser sem nenhum tipo de álcool no meio.
— Antes de tudo, deixa eu fazer uma pergunta. Você disse que se sente suja. Você tem HIV?
— Não. Depois que sai dessa vida, todos os meses eu fazia exame de sangue para ter certeza que eu não tinha pegado essa doença. Se tivesse pegado, eu teria acabado com a minha vida, porque eu não ia querer adoecer ninguém. — Respiro aliviado, pelo menos ela não está doente.
— Vocês duas não dividiam os mesmos homens?
— Não. Ela me arrumava outros clientes. De acordo com ela, os dela já a bancavam, ela só precisava de homens para fazer isso comigo também. Sem contar que eu mandava eles pelo menos usar a camisinha, ou eu fecharia as pernas. A única coisa que eu era obrigada a fazer para os machos dela era dançar em cima da mesa para eles, enquanto eles transavam e me humilhavam.
— Agora me fala, por que Suellen, por que terminou comigo ao invés de me contar pelo que estava passando?
— Me devolve a minha garrafa que eu conto. — Entrego para ela, e ela coloca na taça que já está com limão e gelo. Ela se senta no sofá, dá um gole e fala. — Ela te ameaçava. Na primeira vez, ela disse que poderia ser bem cruel com você se a atrapalhasse. Mas depois as ameaças foram ficando mais sérias e perversas. Você não tinha dinheiro para se proteger, e eu não achava justo ficar com você e fazê-lo passar por essa humilhação. Ter uma namorada prostituta.
Ela vira o líquido do copo todo de uma vez na sua boca e enche o copo novamente.
— Que tipo de ameaças perversas?
— Te sequestrar, mandar vários homens abusar de você, cortar seu pênis, mandar você para a Itália, onde tem uma rede enorme de prostituição forçada. E eu não duvidava, porque os caras que ela botava para abusar de mim tinham muito dinheiro. Eles sempre que terminavam, se levantavam e jogavam as notas em cima de mim. — Ela vira outro gole e depois fecha os olhos, espremendo eles.
Me sento ao seu lado, pego o copo da sua mão, e ela me olha. Tô me sentindo tão mal agora que ela está falando tudo isso. Tudo passou pela minha cabeça, mesmo que ela tenha feito tudo isso para me proteger.
— Agora você pode ir embora. Já sabe da história. — Ela se levanta, se afastando de mim.
— Ir embora? — Me levanto também e pego no seu braço, puxando-a com tudo para perto de mim. — Não vou embora, Suellen, não depois de tudo que eu ouvi aqui.
— Só te contei para você parar de me perturbar. Não vamos ter mais nada... — Faço ela se calar com um beijo, que no início ela tentou relutar, mas aos poucos foi cedendo.
Nossas línguas dançam tão gostoso, que me faz lembrar da minha adolescência com ela, onde namorávamos no parque perto de casa. A levanto, pegando-a em meu colo, e me sento com ela. As vezes ela tenta novamente fugir, mas eu a seguro, pois sei que ela quer, só está lutando contra por se sentir suja.
Passo minha mão pelo seu braço, até chegar no seu maxilar, e então, dou um selinho e afasto um pouco o meu rosto do dela. Olho em seus olhos, e passo o meu nariz no seu, gesto esse que fazíamos quando éramos namorados.
— Por favor, não faz isso, eu não posso eu...
— Eu não vou fazer nada que você não queira, mas sei que você quer, por isso que estou aqui ainda. Sua respiração não nega, mesmo com sua boca dizendo que não. — Desço a mão até o seu coração. — Veja, ele está batendo bem rápido, como era antes, e isso sabemos o que significa.
Ela me olha por um tempo, mas quando eu me aproximo mais uma vez para beijá-la, ela se levanta com tudo do meu colo.
— Vai embora, por favor. Ter te contado toda a verdade não muda nada. Ainda me sinto do mesmo jeito, e depois que eu fugi dessa vida, não deixei nenhum homem tocar em mim nunca mais.
— Isso porque você só me queria , não era? — Me levanto e vou me aproximando mais dela, mas ela continua a se afastar.
— Não, eu não vou mais ser um objeto sexual na mão de um homem. Vai embora, Edson, VAI EMBORA AGORA! — Ela grita e vira as costas para mim. Mesmo querendo ficar aqui, sei que ela precisa de um tempo para aceitar que ela não está suja, e que ela não é meu objeto. Vou dando passos para trás, me viro e vou embora. Vou sorrindo, pois agora sei de toda a verdade, e agora tudo vai mudar.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Vilma Pereira
Quanto sofrimento, quem tem uma tia dessas não precisa ter inimigos.
2025-03-07
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Simone Ferreira
Como Suellen sofreu,tadinha,essa tia deveria ter o pior final .
2025-02-17
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Ivanilde T. Serra
Um Jacob da vida qualquer uma tem pavor, entendo perfeitamente.
2025-01-17
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