...— Suellen —...
Quando eu sinto o päu dele endurecendo, eu me assusto e me levanto. Ele parece parar no tempo me olhando sem entender. Me viro de costas e começo a respirar rápido, e as lágrimas começam a se formar em meus olhos. Sinto as mãos dele tocando em meu ombro, então, levanto a cabeça, limpo as minhas lágrimas e me viro para olhar para ele.
— Porque está chorando, Suellen?
— Eu não posso fazer isso, Edson. Por favor, vai embora.
— Não pode o quê? Só porque é comigo? — Fecho os meus olhos tentando controlar as lágrimas para não cair na sua frente. — Eu não entendo você, no os dois tínhamos uma ligação tão forte, eu ia me casar com você, eu tinha planos para nós dois, e você me deixou antes e está me recusando agora?
— Eu não posso, eu não estou limpa para fazer isso. Eu... Eu me sinto imunda, suja, eu sou um lixo e não posso fazer isso com você, então, vai para sua casa, Edson, você tem uma família linda, não pode ter alguém como eu perto de você.
— Não vou embora, essa é a segunda vez que você me despacha sem nenhuma explicação, e eu só saio daqui depois de ouvir tudo o que aconteceu com você.
Quando vou abrir a boca para mandar ele ir embora, a minha campainha toca. Olho assustada, pois tenho certeza que seja a Amélia.
— Vai, se esconde em algum lugar, anda. — Falo empurrando ele.
— Porque, é um dos seus clientes? — Olho para ele com raiva, porque foi ele mesmo quem me disse para não contar para ninguém que já tivemos alguma coisa. A campainha toca novamente, e eu empurro ele para o quartinho da limpeza. Olho para trás para ver se está tudo no lugar e abro a porta.
— Pensei que você não ia abrir. — Desço até o portão e abro. — Como eu disse, vim para nós conversarmos... você estava chorando?
— Não, eu... Eu estou bebendo. Se você puder voltar outra hora... — Ela nega com a cabeça e entra. Respiro fundo e fecho o portão. Seguimos até a sala, e eu fico de olho no quartinho que ele está.
— Olha, não sei porque, mas senti um clima estranho entre você e o Edson na minha casa. Eu ia conversar com ele, mas como quero que sejamos amigas, quero que você me conte a verdade.
Mando ela se sentar e tento buscar alguma desculpa para dar a ela. Pego a minha taça, encho de gin novamente e bebo. Ofereço para ela, que nega com a cabeça. Me sento no sofá, onde posso ver o quartinho, e ele está com a porta um pouco aberta. Com certeza, para ouvir a nossa conversa.
Tento enrolar ela do jeito que eu posso, até porque percebi que toda hora ela olha no relógio. Acho que para não perder o horário das aulas na universidade.
— Pelo jeito você também não vai me contar. Acha que não percebi que você só me enrolou, não foi?
— Eu não tenho nada para falar. É verdade.
— Tá bom, sei que vou descobrir um dia. Agora tenho que ir, se não eu não entro na sala. — Me levanto e saio com ela, a levando até o portão. Tranco assim que ela entra no carro e entro em casa. Mas quando eu abro a porta do quartinho, ele já não está mais aqui. Vou andando procurando por ele e o encontro no meu quarto.
Ele olha para mim e abre a minha gaveta. Acho que está procurando alguma coisa, só não sei o quê. Ele abre uma por uma, mexe nas roupas do meu closet e, como eu não falo nada, ele continua. Volto até a sala, pego o gin, coloco gelo, o limão e encho a taça.
Volto para o meu quarto, e ele começa a mexer nas caixas que estão em cima da prateleira do closet. Vou para cima dele e não deixo ele abrir as caixas.
— Estava quieta até agora, porque não posso mexer aqui?
— São coisas do meu passado, não quero que você veja isso.
— São as fantasias que você usava para dançar pros caras, não é?
— Acho que está na hora de você ir embora. A casa é minha, e se não for, eu vou chamar a polícia. E acho que não vai ser legal ver um juiz saindo no camburão de uma viatura, não concorda?
— Eu vou, só me diga porque, PORQUE? — Ele grita, mas como eu disse, essas coisas ficaram no passado, e entre ele e eu não haverá mais nada. — Eu não sou só um juiz, eu vou além disso, e vou descobrir tudo, Suellen, mesmo que seja difícil, vou pesquisar toda sua vida.
— Vai mexer nisso para quê? No que vai te favorecer? — Ele estica a mão e aponta o dedo. Vou andando para trás mais uma vez até encostar novamente na parede.
— Naquele tempo eu não queria te ver, mas sei que se eu tivesse me aprofundado em saber o que estava acontecendo com você... — Ele para de falar e olha para minha boca. — Eu te odeio, e não sei porque eu estou fazendo isso.
Ele fica me olhando por um tempo, mas depois sai do meu quarto. Vou atrás dele, que sai quase correndo. Ele abre a porta e olha para trás.
— Acho que eu só quero provar para minha consciência que esses seus olhos de inocente são enganadores. Porque você está toda mudada, mas a merdä do seu olhar continua o mesmo.
— As circunstâncias me fizeram mudar. Aprendi que o amor de uma pessoa não é real, que só existe em contos de fadas, filmes e novelas. A realidade é bem diferente, ninguém ama ninguém, é apenas prazer do corpo.
— O amor existe sim, Suellen, só que você não conheceu ele. Eu... Até logo. — Ele bate a porta com tudo, e dessa vez eu me permito chorar. Me ajoelho no chão e me desmancho. Está sendo difícil demais bancar a durona perto dele, e por mais que eu tente me afastar, mais ele aparece na minha vida.
Volto para o meu sofá, e volto a beber. E dessa vez, só vou parar quando esquecer tudo que aconteceu aqui hoje. Só espero que ele procure pela minha vida nos lugares errados, seria tão ruim para ele saber que me julgou esse tempo todo sem eu ter culpa.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Elisângela Araújo
agora só resta os dois conversarem e esclarecer as coisas,e ver no que vai dar.
2024-12-22
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Paty Moreira
Merda, ela devia contar tudo para ele. Não entendo esses romances
2024-12-14
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Vó Ném
Ele vai perdoá-la sim , coitada foi vítima da bruxa da tua dela
2024-12-06
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