Capítulo 11

...— Edson Ambery —...

Dois dias depois, logo pela manhã, o Gê me liga falando que já está com o meu pedido pronto. Combino com ele numa lanchonete perto do tribunal de justiça daqui a uma hora, pois não quero que ele venha até a minha casa.

Tomo banho, me troco e antes de ir para o encontro, passo na casa da Amélia. Ela fala sobre uma mulher que acabou atropelando e está com o braço quebrado. Sua preocupação é grande, já que ela tem um bom coração.

— Como você não viu a mulher, Amélia? — brinco com ela sorrindo.

— Se eu não tivesse freado, teria passado por cima. Ela estava bêbada, atravessou a rua sem olhar para os lados.

— Então você não teve culpa. Ela que foi desatenta. — James fala e eu ergo a sobrancelha.

— Não é assim que funciona. Temos que ver os dois lados. Se a Amélia estava correndo, se ela estava fora da faixa de pedestre, tem muita coisa a ver antes de julgar um culpado. — Explico e os dois ficam em silêncio olhando um para o outro.

— Esqueci que você é um juiz agora, acho que não deveria ter falado nada na sua frente. — Amélia fala e depois dá um sorriso, ao perceber que eu não estou sendo o juiz aqui, e sim seu irmão.

Dou um beijo em sua testa e mando ela procurar pela mulher e ver se ela precisa de ajuda. Se ela trabalhava, com certeza deve estar impossibilitada agora. Saio de casa e vou direto até a lanchonete que combinei com o Gê. Assim que eu chego, ele já está sentado na última cadeira. Me aproximo dele e me sento à sua frente.

— Olha, puxei o básico como você mandou. Não sei porque você está querendo saber da vida dessa mulher, pode me falar? — ele me passa o envelope e eu apenas estendo a mão para ele, sem responder sua pergunta.

— Muito obrigado, Gê, mas agora tenho que ir para o tribunal. Depois nos falamos mais.

Saio da lanchonete e chego no meu gabinete. Me sento na cadeira e abro o envelope.

"Suellen Rivera, 36 anos, solteira e sem filhos.

Aos 16 anos começou a se prostituir particularmente junto com a sua tia, que tinha o pseudônimo de Lala.

Aos 17 anos entrou em uma casa de prostituição, e lá tinha alguns clientes fixos, um em especial com quem ela tinha mais relação sexual. Seu nome artístico era Nina nesse prostíbulo.

Aos 18, ela saiu da casa de prostituição e voltou aos estudos, terminou o ensino médio e entrou na universidade e se formou em advocacia.

Já pegou mais de cinquenta casos, e teve apenas 3 casos perdidos. É chamada de advogada fria, já que não demonstra nenhum tipo de emoção com ninguém.

Pesquisa básica encerrada."

Meu estômago chega a virar quando li os primeiros parágrafos. Mas tudo isso que tem aqui foi o que eu imaginei, não tem nada de especial. Ainda bem que não paguei pelo serviço, pois mesmo que tenha sido o básico, era para ser um pouco mais detalhista.

Sou chamado para um julgamento. Então deixo a pasta dentro da minha gaveta e vou ao trabalho. Presto atenção em tudo, mas com a cabeça nela. Jurava que ela iria estar sentada novamente na cadeira de defesa, com aquele olhar dela que é a única coisa que não mudou.

Que droga! Eu sempre fui focado no meu trabalho, e ela está me prejudicando de certa forma. Sei que não vou vê-la nunca mais, e eu deveria estar agradecido por isso, e não incomodado. O julgamento acaba e como já tem todas as provas que o incriminam, e não tem júri popular, já dou o meu veredito de culpado.

Volto para o meu gabinete e me sento olhando para a pasta. Acho melhor eu mesmo fazer essa investigação, só assim as coisas vão sair do jeito que eu quero. Assim que pego o meu notebook para fazer a pesquisa da vida dela, sou chamado novamente para um novo julgamento. Talvez seja melhor eu fazer isso em casa, pois aqui não vou ter concentração.

(...)

Chego em casa quase anoitecendo, e vou direto para a casa da Amélia para jantar com eles. Amélia está toda feliz, falando que conseguiu convencer a mulher de vir almoçar aqui amanhã.

— Ela estava totalmente diferente do dia que a atropelei. Quando ela estava bêbada, ela estava mais divertida, hoje ela estava um pouco mais grossa. Mas ainda sim, a convenci de vir aqui.

— Você e seus poderes de persuasão. Acho que vou dar me dar uma folga amanhã no trabalho, ou venho na hora do almoço para conhecer sua nova amiga. — falo e ela sorri.

— Ela é bonita, Edson, quem sabe não seja a mulher que vai ganhar seu coração e te levar para o altar?

Reviro os olhos e pego o meu prato para sair de perto dela, pois quando ela e James começam com essa história de que eu preciso me casar, eles não param mais. Vou até a sala, ligo a TV e como assistindo ao noticiário. Bem mais tranquilo aqui.

(...)

Acordo pela manhã, e resolvo ir trabalhar, mas voltarei no horário do almoço para conhecer a nova amiga dela. Quem sabe ela realmente seja bonita e eu tenha uma transa legal com ela. Claro, se essa mulher quiser um relacionamento sério, eu já vou dispensá-la logo.

No primeiro turno foi tranquilo, apenas teve dois casos: um casal em processo de divórcio e outro casal em processo de pensão alimentícia. Na hora do almoço, vou para casa, invento que não estou me sentindo bem, e assim, eu só voltarei amanhã para o tribunal.

Vou para minha casa, tomo um banho para ficar bem lindo para a visita da Amélia. Gosto de acelerar os corações das mulheres. Saio da minha casa e entro na casa da Amélia. Da porta já escuto os sussurros das duas conversando, e parece que estou até ficando louco, pois posso jurar que estou ouvindo a voz da Suellen.

Chego na sala e a visita dela está no sofá que fica de costas para a porta, e a Amélia de lado. Ela se levanta e fala:

— Olha, Suellen, meu irmão chegou. — Ela se levanta também e me olha sorrindo, mas quando ela vê que sou eu, seu rosto muda de expressão.

— O que você está fazendo aqui?

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