...— Suellen Rivera —...
Me apaixonei pelo Ed na escola. Apesar de morarmos na mesma rua, nunca tive um contato direto com ele. Mas, ao ver ele jogando futebol, driblando todo mundo, me fez ver o quanto ele é bonito. As meninas, todas loucas por ele, mas todas as vezes que eu grito o seu nome, é para mim que ele olha e sorri.
Espero o jogo acabar e, antes de ele entrar no corredor que vai para o vestiário, ele olha para trás e balança os dedos, tipo insinuando o "depois" com um gesto. Olho para os lados, para ter certeza de que é comigo que ele está falando. Sorrio, e saio da arquibancada.
O time da nossa escola ganhou, e vamos todos para a casa de um dos alunos para comemorarmos. Na casa desse menino tem piscina, o lugar ideal para uma boa festa. Chego com algumas meninas que foram convidadas comigo, e vejo ele já lá, com um copo de plástico na boca, me olhando por cima dele. Porque eu nunca tinha reparado nele antes? Ele se aproxima de mim, e fica do meu lado.
— Estava torcendo por mim? — Ele pergunta olhando para frente.
— Estava torcendo para a escola. Só falava seu nome porque você estava jogando bem. — Respondo sem olhar para ele também.
— Tem certeza? Acho que você gosta de mim, só não quer assumir por vergonha.
— O que você queria falar comigo, que fez assim com os dedos? — Imitando o gesto dele, ele sorri se virando de frente para mim.
— Gostei de você, e gostei mais ainda de ouvir você gritando o meu nome, torcendo por mim. Que tal saindo dessa festa só nós dois para tomarmos um sorvete?
Penso na sua proposta, pois ele é um menino, e pode tentar fazer algo comigo quando estivermos sozinhos. Meus pais sempre me alertam sobre isso. Mas ele jura que será só sorvete e conversas, então, decido confiar nele, e saímos da festa para irmos até a sorveteria.
Conversamos sobre tudo que a gente gosta, como se estivéssemos nos conhecendo há muito tempo. Foi bom, foi legal, principalmente por depois ele ter me deixado na porta de casa, e me dar apenas um beijo na bochecha. Nunca mais vou lavar o meu rosto.
Passo a noite toda pensando nele e no beijo. Até sorrio com as lembranças. No outro dia pela manhã, me animo mais para ir à escola, só para ver ele lá. Pena que é o seu último ano estudando, depois, a escola vai ficar tão chata.
(...)
Os dias vão se passando e enfim decidimos começar a namorar. Mas ele fez questão de falar com os meus pais, já que ele tem 17 anos e eu 14. Meus pais aprovaram, tornando os nossos sonhos mais reais.
Nosso relacionamento foi ficando cada dia mais sério. Parecíamos mais um casal de marido e mulher do que de namorados. Vivíamos grudados, apenas nos soltamos quando o sinal tocava e cada um tinha que ir para sua sala.
No meu aniversário de 15 anos, me senti a mulher mais feliz do mundo. Foi onde nosso amor se tornou mais forte, onde eu me tornei totalmente dele e ele meu. Todo meu. E nosso amor crescia a cada dia que ele vinha me visitar. Até que veio o sonho dele de se casar comigo, e eu queria acelerar o tempo, só para ser logo a sua esposa.
Um ano depois que ele falou que íamos nos casar quando eu completasse meus 18 anos, recebo uma ligação dizendo que meus pais sofreram um acidente. Fiquei sem chão, pois uma parte de mim foi arrancada. Meus pais e o Ed são tudo que eu tenho, e eles terem morrido me desmontou toda. E tudo que é bom dura pouco... Muito pouco, na verdade.
Sofri muito, chorei por dias, mas para minha sorte eu tive o apoio do Ed e do pai dele que faziam de tudo para que eu não sofresse tanto. Mas a minha tia veio para me levar para casa, pois por eu ser de menor, tinha que morar com ela. Deixei o Ed com o coração na mão, mas nosso amor ia continuar. Ele iria me visitar todas as noites como antes, e agora mais ainda. Esse horário era o mais especial para mim. Até que a minha tia me chamou na sala para conversarmos.
— Suellen, você ainda é virgem?
— Por que, tia? — Respondo com outra pergunta, pois nem meus pais me perguntaram isso.
— Porque estamos precisando de dinheiro, ou vamos perder a casa dos seus pais e ainda morrer de fome. É virgem ou não?
— Não, eu e o Ed já fizemos amor. — Ela ergue uma sobrancelha e solta um suspiro bem pesado.
— Bom, não vou interromper seu namoro, mas você vai ter que parar de estudar e vai trabalhar comigo para manter as despesas da casa. — Fico sem entender, pois eu nunca tive que trabalhar, e na verdade nem sei do que ela trabalha. — Vai para seu quarto, toma um banho e veste a roupa que eu vou deixar em cima da cama. Hoje à noite você vai trabalhar comigo.
— À noite? — Não posso sair de casa à noite, o Ed sempre vem ficar comigo. Tento convencer ela de mudar o horário, mas ela fala que é impossível, pois somente à noite que teremos clientes.
Subo para o quarto pensando nisso. Tomo o meu banho como ela ordenou, e assim que eu saio, vejo a roupa em cima da cama. Olho para ela negando. Eu não vou usar isso, nem para dormir fico tão despida desse jeito.
— Tia, não vou usar essa roupa não. — Desço até a sala de roupão e falo com ela, mostrando a roupa.
— Vai sim, coloca um sobretudo por cima e lá você tira.
— Está doida? Eu não sou garota de programa não. Eu não posso usar essa roupa, o Ed não ia gostar.
— Então termine com ele. Não podemos viver sem comer e nem na rua. Vai botar a roupa antes que eu te obrigue te dando uma surra. E caso esse merda me atrapalhe, eu posso ser bem cruel com ele. Se eu posso ser prostituta, você também pode
— Não, eu não posso e não vou. — nunca apanhei dos meus pais na minha vida, acho isso injusto ela me ameaçar desse jeito. Jogo a roupa em cima do sofá, e ela se levanta com tudo para cima de mim, e me dá uma surra tão grande, que acabo até perdendo a consciência.
Quando acordei, fui obrigada a me prostituir por ela, e isso durou anos até que enfim, ela ficou doente, não podendo mais me obrigar a fazer nada. Mas eu mudei, aquela garotinha que um dia era a inocente apaixonada morreu no primeiro homem que fui obrigada a deitar-me por dinheiro.
(...)
Aos 18 anos, fui atrás do meu tempo perdido. Voltei a estudar, concluí os meus estudos e fiquei pensando em que faculdade entrar. A única coisa boa disso tudo foi que consegui enganar ela por um tempo, e guardava uma parte do dinheiro, já pensando em quando ficar de maior, fugir para bem longe dela e não voltar nunca mais.
Mas, como ela ficou doente, consegui sair sem ter que fugir. E o dinheiro, usei para pagar a minha faculdade, e então, pensei em fazer advogacia, quem sabe assim, eu possa limpar o meu passado, já que está mais podre que uma caçamba de lixo. É assim que eu me sinto, um lixo.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Silvana Schuwanz bernardo
talvez se ela tivesse confiado e contado tudo pra ele, no dia que ele procurou ela lá na casa dela,ele tinha tirado ela de lá e ela não precisaria ter passado por tudo isso,
claro que ao mesmo tempo eu entendo ela da vergonha que ela estava sentindo dela mesma,mas era melhor contar do que se prostituir, mas é uma pena que ela teve que passar por isso por anos, também me sentiria um lixo do jeito que ela se sente 😓
agora só nos resta ver se o Edson quando descobrir de toda a verdade perdoar e aceitar ela de volta
2024-11-06
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Rosa Hosana Santos
acho que eles devia ter falado com ele e conversado pois ele tinha os pais dele para apoiar ela obrigando a sobrinha se prostituir também perdia a guarda
2024-12-26
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Marcia Santos
Que maldita essa tia poderia arrumar um outro tipo de emprego pra ela, coitada deve ter sofrido muito, mas acho que ela deveria ter confiado no namorado
2024-12-14
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