...— Edson Ambery —...
Ela mudou muito a sua aparência, afinal, são vinte anos que não a via. Fecho a minha cara, porém, tento não parecer abalado ao olhar para ela, e ela também parece estar indiferente com a minha presença. O promotor se levanta e começa a falar sobre o caso que dará início nesse exato momento.
— Estamos aqui hoje no julgamento do Leone Bravary, acusado de matar a sua esposa no banheiro da casa usando uma arma branca. Vou chamar agora uma testemunha, vizinha do casal. Pode entrar, Morgana Saltiere.
Uma mulher entra e eu olho para ela até que se senta na cadeira das testemunhas. Olho para Suellen que mantém o olhar fixo nela. O oficial de justiça entra e estende a bíblia para ela, mandando-a dizer a verdade. Então, depois da sua resposta, as perguntas começam.
— O casal Bravary brigava muito? Você podia ouvir a brigas deles de sua casa?
— Sim, senhor. Raramente ouvia os gritos do Leone, ouvia mais da Sarah. Mas sempre ouvia coisas se quebrando.
— E a senhora sabe se ela já chegou a fazer algum boletim de ocorrência? — O promotor continua com as perguntas.
— Não, eu não sei. Ela raramente saia de casa para conversar com os vizinhos. Achávamos até que ela tinha vergonha de falar sobre o que todos da rua ouvíamos. Mas acho que ela tinha medo que ele pudesse fazer algo mais grave com ela.
As perguntas e respostas continuam até ele finalizar, falando que não tem mais perguntas. A Suellen bate algumas folhas na mesa e se levanta, se aproximando mais da testemunha.
— Sabe se o casal, ou pelo menos a senhora Bravary, usava drogas? — A mulher balança a cabeça negando. — Tenho o resultado da perícia médica que constatou drogas no organismo dela...
— Protesto, meritíssimo! Ela tomava remédio para depressão. — O promotor se intromete. — Isso está no laudo da perícia.
— Primeiro que é a minha vez de falar, segundo, é a testemunha que responde e terceiro, eu não perguntei sobre o medicamento e sim da droga. Se o senhor não sabe... — Ela vai até a mesa dela e pega uma folha, entregando-a para o promotor. — Remédio controlado não é cocaína, então, ela usava drogas ilícitas também.
Começa um pequeno murmuro no tribunal, e eu bato o martelo para todos ficarem em silêncio. O jeito que ela falou com o promotor me fez perceber o quanto ela mudou. Suellen tinha um jeito doce de ser quando éramos namorados, e agora, ela parece mais fria, como se não tivesse nenhum tipo de sentimento nem compaixão por ninguém.
— Eu não recebi esse laudo. Ele pode ser forjado, não pode? — Ela pega o papel da mão dele e o trás até a mim. Puxo o meu corpo para trás, porque a odeio tanto que não quero que ela encoste em mim.
Ela percebendo a minha recusa, coloca o papel na minha frente e vira de costas para mim. Pego o papel e vejo os exames da autópsia da vítima, e sim, consta cocaína no organismo, e o laudo é legítimo.
— Ela era dependente química, e os exames do meu cliente, mostram que ele não era e não é. — Novamente ela leva uma folha para o promotor e outra para mim, mas deixando a minha frente. — Pelo que eu pesquisei, a cocaína deixa a pessoa fora de si por alguns momentos, faz ela pensar que pode fazer grandes coisas, e fica com os pensamentos todos desregulados. Mas voltando para a testemunha, você nunca viu nenhum comportamento estranho dela?
— Não, senhora. Como eu disse, ela só saia de casa para comprar alguma coisa. Só sabíamos que tinha gente dentro da casa porque ela sempre gritava. — Suellen também continua com as perguntas, e eu sempre olhando para ela, medindo dos pés à cabeça.
Até que ela encerra com a testemunha, e o réu é sentado para depor. O promotor se levanta e começa a fazer as primeiras perguntas. Suellen se senta, e nossos olhos se encontram, e ela mantém o contato dessa vez, mas eu desvio.
— Porque a sua esposa gritava dentro de casa, senhor Bravary?
— Porque na maior das vezes ela queria dinheiro, e eu não dava, porque era para comprar as coisas dos meus filhos, e não para ela gastar com drogas.
— Porque nunca procurou uma clínica de reabilitação para ela?
— Procurei, mas por ela se negar a ir, nunca foi e não podiam obrigar ela a ir.
— Porque matou a sua esposa? Porque ela queria dinheiro seu? — Ele abaixa a cabeça soltando um suspiro. Vejo que tem muitos momentos para a Suellen pedir protesto, mas ela não interrompe o advogado, por isso ela achou ruim quando ele protestou.
— Porque ela estava afogando os nossos filhos na banheira. — Outro murmuro se forma no tribunal, e mais uma vez sou obrigado a bater o martelo para manter o silêncio e o respeito, pois todos estavam chamando ele de assassino mentiroso, se tornando um ambiente de guerra.
— Você tem provas? — Ele nega com a cabeça, e explica que na casa não tinha câmeras, porque não podiam pagar por isso. Depois de algumas perguntas, ele encerra os questionamentos e a Suellen se levanta e começa.
— Porque ela queria afogar os filhos de vocês?
— Porque sempre que ela me pedia dinheiro, eu falava que não ia dar porque meu pagamento era para as despesas da casa e alimentação nossa e das crianças. Eu sempre fui o mais responsável da casa, e sei que criança não vive só de arroz e feijão. Tem que ter salada, fruta e as besteiras que toda criança gosta de comer.
— E porque não se separou dela?
— Por ameaças dela, sempre dizia que se eu me separasse, eu nunca mais veria os meus filhos.
— Certo. Então, conta para nós o que aconteceu naquele dia. — Ela fala, e ele solta outro suspiro, olha para todos e começa a falar:
— Estava na cozinha fazendo a janta. Tinha mandado as crianças tomarem banho para jantar e depois dormir. Estava cortando os tomates quando ouvi as crianças gritando pedindo para a mãe parar porque estava doendo. Subi as escadas correndo e vi ela afundando a cabeça dos dois. Agi sem pensar, nem me lembrei que estava com a faca na mão, só me toquei quando senti ela arqueando as costas e ver a minha mão suja de sangue. Peguei os meus filhos e fugi, com medo de ser preso e eles irem para algum orfanato.
— Trouxeram as crianças para depor? — Pergunto, e eles balançam a cabeça negando. — Vamos remarcar essa audiência para daqui dois dias, quero o depoimento das duas crianças. — Eles concordam com a cabeça, e eu encerro a audiência.
O réu é levado novamente para a penitenciária. Olho para ela vendo-a guardando tudo na sua bolsa. Ela olha para mim e se vira para sair. Saio do tribunal, retiro a roupa e tento chegar no estacionamento para encontrá-la ainda na garagem, quero saber o porquê ela está aqui, no meu tribunal.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Gisele de Paula
Vi algumas pessoas reclamando que na melhor parte da história a autora para .Mas antes de começar o livro a Day deixou bem claro aqui que o livro está em andamento. Se você é uma pessoa ansiosa e não conseguir esperar leia outros livros da Day que já está finalizado. Tem autoras aqui na plataforma que nem se dão ao trabalho de explicar o porquê de não atualizar passam dias e até meses sem atualizar. Aqui a autora deixou bem claro que atualizar 3 cap por dia. Então vamos respeitar assim como ela também respeitar as leitoras. Day sabe que sou sua fã espero sim ver uma história fantástica como todas são💕💕❣️❣️
2024-11-05
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Vanedrigues
Oxi Edson?!! Ela está no "seu" tribunal pq como vc, ela estudou e se tornou uma advogada. Está exercendo sua profissão, defendo o réu.
2025-01-25
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Fafa
Posso estar errada, mas parece realmente que o homem matou pra salvar os filhos. E esse reencontro do Edson com a Suelen hein 😬?
2025-01-19
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