Capítulo 14

Tatiane…

Estou gostando muito do meu trabalho novo. Só não entendi o motivo de João Pedro, ficar todo estranho. Naquele dia que me levou para casa, tivemos uma conversa bem tranquila, mas depois mudou da água para o vinho.

Vejo-o de manhã e confesso que, uma noite dessas, sonhei com ele e nos beijávamos. Acordei toda molhada, totalmente molhada, se é que me entendem.

Não sou emocionada, mas o homem é lindo, cheiroso, corpo perfeito e bem-vestido. No entanto, sei me colocar no meu devido lugar. Um homem desses jamais olharia para uma mera mortal como eu.

Assim que cheguei hoje de manhã, vi que o carro dele estava na garagem. Então, preparei o café e lavei as roupas que usou ontem. Quase todos os dias, tem as roupas que usa no trabalho e uma troca de roupas casuais, que saí à noite. Suas camisetas, sempre têm marcas de batom na gola. Cada noite deve estar com uma mulher diferente. Recordo, de algumas vezes que ouvi seus pais conversando, preocupados por ele não levar nenhuma mulher a sério.

Hoje tem previsão de chuva na cidade, espero que não venha nenhuma tempestade, sou medrosa nessas partes. Não sei o motivo, mas desde criança tenho pavor de relâmpagos e trovões. Vim o caminho todo pedindo a Deus que essa chuva só venha depois que eu chegar em casa.

Preparava o almoço, quando João Pedro entrou na cozinha, usando apenas uma bermuda. Meu olhar percorreu todo aquele monumento de cima a baixo rapidamente e logo desviei para que não percebesse.

Tivemos uma rápida conversa, que fez com que eu o conhecesse melhor e fugindo do assunto ele foi para a sala trabalhar e eu continuei o preparo do almoço.

Não compreendi o motivo de uma pessoa que conviveu com pais que tem um lindo amor, não acreditar nesse sentimento tão lindo e único.

Assim que terminei o almoço e organizei a mesa, fui até a sala o chamar para o almoço. Ele estava concentrado na tela do computador e eu o admirei por alguns segundos, com sua testa franzida e boca se movendo enquanto lia algo, sem emitir som.

— Senhor João Pedro! — chamo e ele olha intensamente para mim.

— O almoço está servido!

— Ok, obrigada, já vou!

Me retiro, indo até o quartinho, pegar as suas roupas que estão lavadas e passadas.

Passo pela sala e está falando com alguém pelo telefone, subo as escadas, indo até o seu quarto para dar uma organizada, antes de ir embora.

Arruma a sua cama, em seguida o banheiro e por último vou até o seu closet. Começo a guardar as coisas e começo a cantar a música“ Medo bobo — Maiara e Maraisa”. Sou bem eclética em relação a estilos musicais.

Estava empolgada cantando quando sinto a presença de alguém e levei um susto.

— Senhor… eu… que susto!

— Você tem a voz muito bonita!

— Obrigada! — sorrio sem graça.

— Pensei que curtisse outros tipos de música!

— Sou bem eclética, gosto de todos os tipos de músicas! O senhor precisa de algo?

— Vim te convidar para almoçar comigo… não quero almoçar sozinho!

— Não sei se isso é uma boa ideia, senhor!

— Não tem nada de mais nisso! Almoçamos e te libero para ir embora mais cedo!

Assenti com a cabeça.

— Vou terminar aqui e já vou!

Ele saiu do closet e eu termino de arrumar as roupas e saio logo em seguida. 

Ao chegar na sala de estar, ele está de pé mexendo no celular. 

Assim que nota a minha presença, ele puxa a cadeira para eu me sentar. Confesso que fiquei tensa e envergonhada com a situação.

Nos servimos…

— Quantos anos tem mesmo, Tatiane?

— Vinte e três anos.

— Tão novinha e tão responsável!

— Minha mãe é um grande exemplo para nós! Sempre trabalhou e deu duro para criar eu, a minha prima e depois minha melhor amiga!

Ele me olha de uma maneira diferente.

— Por que escolheu administração?

Não estou entendendo o motivo de sua curiosidade.

— Escolhi o curso de administração por ser um curso com formação abrangente, múltiplas oportunidades de carreira, desenvolvimento de habilidades de liderança, e um mercado de trabalho promissor. É uma carreira que oferece uma base sólida para um futuro profissional de sucesso! Mesmo a minha mãe trabalhando muito, nunca ganhou um salário digno, sempre foi a conta de nos alimentar! Ela nunca assumiu, mas sei que algumas noites dormiu com fome, para nos alimentar! Então, optei por uma profissão que nos trouxesse estabilidade! 

— Entendo e sinto muito por passarem por isso! Infelizmente, vocês não serão as primeiras e nem as últimas a passarem por isso!

— Sim, infelizmente é a verdade! Mas me diz e o senhor, por que escolheu ser policial e não assumir a empresa da sua família?

Seus olhos brilham de uma maneira única.

— É uma carreira que me dá a sensação de pertencimento, entende? A vontade de ajudar e o poder conferido pela profissão foram motivos para eu seguir essa carreira! A escolha foi gratificante e enriquecedora, oferecendo-me oportunidades únicas de crescimento pessoal e profissional, além de contribuir para o bem-estar e a segurança da sociedade na totalidade! Acho que me encontrei nessa profissão!

— Pelo visto ama muito o que faz! Entendo seus motivos, mesmo achando uma profissão perigosa e muito arriscada!

— Sim, eu amo o que faço!

Sorrio com sua confissão e me olha com uma das sobrancelhas arqueadas. 

— O que foi?

— Pelo visto, seu coração sente amor por algo!

Ele sorri de canto e nega com a cabeça. 

Conversamos sobre mais alguns assuntos aleatórios e depois ele me ajuda a retirar a mesa.

Coloquei os pratos na pia, ele se aproximou e colocou os copos, seu braço tocou no meu e senti um arrepio percorrer cada partícula do meu corpo, seguido de uma espécie de descarga elétrica.

Acredito que ele tenha sentido o mesmo, pois nosso olhar se encontrou de uma maneira intensa e profunda.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***