Capítulo 19

...Emily Narrando...

Após o episódio da cozinha Ravi começou a me evitar, eu mal o via em casa, só eu sei como aquela noite me atormentava, eu sonhava com ele, as suas mãos em mim, ele foi o único homem que me tocou sem que eu sentisse repulsa, óbvio que eu o queria, só não queria que isso acontecesse na bancada da cozinha, mais ele deve ter interpretado errado e simplesmente saiu.

A sua ida repentina me deixou com a sensação de vazio, das suas mãos, da sua boca, do seu toque, que droga.

Eu queria confronta-lo mais quando percebi que ele me evitava achei melhor respeitá-lo, afinal o que eu estava pensando? Ele era o meu chefe, nada mais que isso.

O fim de semana chegou, após o almoço coloquei Zoe para tirar uma soneca, peguei a minha bolsa e me despedi da Ravena, estava ligando para a companhia de táxi quando o carro dele parou.

— Já está indo? — Ele perguntou assim que baixou o vidro.

— Sim.

— A leve em casa. — Ele disse para o seu motorista

— Não precisa se incomodar.

— Eu insisto, agora entre. — Disse abrindo a porta para mim e entrou na mansão sem dizer mais nada.

Durante o trajeto os meus pensamentos estavam nele, cheguei em casa, e mal havia entrado, quando vi a minha mãe e minha tia aflitas na nossa pequena sala.

— O que houve? — Perguntei colocando a minha bolsa sobre o sofá

— Filha. Como foi no trabalho? — Minha mãe perguntou, mais eu podia sentir a sua aflição.

— Bem mamãe, o que aconteceu? Onde está a Elisa?

— Ele a levou. — A minha tia Mercedes disparou.

— O Victor? Quando?

— A uns quinze minutos.

Saí quase que correndo de casa e fui até o Victor, esperando que ele tivesse pegado Elisa somente com receio, achando que eu não voltaria, eu estava pedindo muito a Deus que ele não tivesse ousado encostar na minha irmã.

Quando entrei lá Elisa estava sentada, enquanto Victor fumava.

— O que diabos pensa que está fazendo? — Disse para ele e me abaixei na altura da Elisa, que tremia assustada. — Ele machucou você?

— Não. — Ela disse me olhando com medo.

— Vá para casa, eu já vou. — Me levantei e ela saiu. — Eu disse para ficar longe dela.

— Você não manda em mim, esse bairro é meu, e espero que tenha em mente que você continua pertencendo a mim, não tente me fazer de idiota Emily.

— Eu estou aqui, não estou? Fique longe da minha família. — Disse já indo para a saída mais ele puxou o meu braço.

— Espera aí, aonde pensa que vai?

— Para casa.

— Não vai não, ajoelha.

— Victor.

— Ajoelha, agora.

Quando tudo acabou, ele se afastou arrumando as suas roupas.

— Mandei entregar o que vai usar essa noite na sua casa. O Raul vai te levar, esteja pronta as oito. — Ele disse voltando até mim e me beijando violentamente. — Faça tudo o que o cliente quiser, ele é um peixão novo.

Continuei de cabeça baixa, como eu tinha sido burra como eu havia deixado chegar a esse ponto.

Eu apenas me levantei e saí, derrotada mais uma vez, isso tudo ia acabar em breve, eu repetia isso para mim, e esperava tanto que desse certo.

Não me lembro do meu pai, só que ele foi embora depois que a minha mãe disse que estava grávida da Elisa, depois que a Elisa nasceu a minha mãe se desdobrou para nos criar, a minha tia já morava conosco, e desde que me lembro eu era encarregada de cuidar da minha irmã.

Nunca me importei em ajudar, as coisas até que estavam bem, mais um dia enquanto a mamãe ia para o trabalho foi atropelada, nunca acharam o condutor, eu tinha quatorze anos na época, eu era só uma crianca, então não sabia o que fazer, minha tia não podia faltar ao trabalho já que agora era a única fonte de renda, foi aí que ele apareceu, Victor.

Ele tinha vinte anos, ele nunca foi feio, mas a maldade dele fazia a sua beleza não valer de nada, as garotas do bairro gostavam dele, mais eu não, eu tinha sonhos, mas com a tragédia que aconteceu eu me senti perdida.

Eu estava chegando em casa depois da aula com Elisa, quando o vi parado do lado de fora de casa, mandei a minha irmã entrar e perguntei o que ele estava fazendo ali, foi naquele dia que eu assinei a minha sentença.

Ele disse que ficou sabendo o que havia acontecido e ia arcar com tudo que a minha mãe precisasse, mais em troca eu daria a ele algo que ele queria muito, na época eu não entendi, mais com o passar do tempo eu me toquei, os garotos que se aproximavam de mim apareciam machucados, ninguém do sexo oposto queria se aproximar, eu descobri o porque depois.

Quando terminei o ensino medio, trabalhei por um tempo numa loja de roupas, estava sendo constantemente vigiada, não conseguia fazer faculdade por não te condições financeiras e precisava ajudar a minha tia, e aí meu aniversário chegou, a maioridade chegou, e com ela dores que eu carrego até hoje, marcas que nunca se cicatrizariam.

Fui despedida no dia do meu aniversário, retornei para casa cabisbaixa, o Raul já me esperava na esquina, havia chegado a hora de pagar parte da minha dívida. Fui levada até o Victor, o medo me invadiu, quando fiquei sozinha com o ele.

Eu disse a ele que o pagaria, que daria um jeito, ele disse que eu pagaria uma parte da dívida de uma forma agradável. Senti as suas mãos em mim, me despindo, me alisando, eu paralisei, fiquei sem ação, nunca ninguém havia me tocado, ele sabia disso, sussurrou ao meu ouvido que seria um prazer ser o meu primeiro, tentei dizer não, mais não conseguia.

Ele me virou do avesso, fez tudo o que queria de mim naquele dia, tentou ser carinhoso por alguns instantes, mais eu só conseguia sentir repulsa, a cada minuto que aquilo acontecia, e foi assim que ele me matou por dentro.

Passei o dia chorando, os dias seguintes procurei emprego, mais ninguém queria me contratar, quando eu achava algo, no dia seguinte era despedida, sem ao menos saber o motivo, mais eu sabia que o motivo tinha um nome: Victor.

Eu o confrontei, mais ele começou a ser ameaçador, ele falava da minha irmã e eu não queria que isso acontecesse a ela, ele sabia que esse era o meu ponto fraco, e foi justamente aí que ele se instalou. Victor me possuía todas as noites, exceto quando eu estava naqueles dias.

Até então era só ele, mas tudo mudou quando um cliente viu uma foto minha, ele ofereceu o triplo do valor e desde então Victor me oferecia apenas para os maiorais.

Eu ia até a polícia, queria acabar com tudo isso, mais descobri que os homens que eu acompanhava em eventos privativos, eram empresários, policiais, advogados, promotores e juízes, uma cadeia de poder que não parava por ai.

Entrei em casa e fui direto para o banheiro, elas já imaginavam o que havia acontecido só pelo meu semblante, quando eu saí e as vi me olharem daquela forma foi inevitável não chorar, aquela foi a primeira vez que eu me deixei desmoronar na frente delas, eu sempre havia sido uma rocha, mais agora eu havia me despedaçado.

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Comments

Maria Nunes

Maria Nunes

Que sina dos irmãos eu em ; arrumaram dua mulheres q mesmo nao querendo se tornaram prostitutas o Ravi tem q investigar logo a vida dela pq algo me diz q esse monstro vai pegar a menina posso estar enganada mas nao sei nao

2025-02-21

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daniely aparecida

daniely aparecida

caramba sem palavras
não sei expressar
o pior que quando o Victor descobrir ele vai achar que ela faz pq gosta
e vai surtar
até prova que fucinho de porco não e tomada a menina já sofreu o triplo do que sofre 🤦

2025-02-06

0

Maria Luiza Marques

Maria Luiza Marques

Ficou um pouco parecido com o relacionamento do Vicente, tipos os irmãos se envolverem com "garotas de progama", e ambas contra a vontade

2024-12-29

0

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