Capítulo 15

...Emily Narrando...

Assim que pisei na nossa pequena casa um turbilhão de emoções me invadiu. A casa estava silenciosa, o tipo de silêncio que poderia facilmente ser preenchido pelas vozes da minha mãe e da minha tia, mas naquele momento, só havia o som do meu coração batendo forte. A luz do sol entrava pelas janelas, e eu sabia que não poderia esperar mais para contar a elas sobre o novo emprego. Finalmente, algo estava mudando em minha vida.

A primeira a me notar foi a minha mãe, Marta. Ela estava na cozinha, organizando algumas panelas, mas assim que me viu, seu rosto se iluminou.

— Emily! — ela exclamou, limpando as mãos em um pano de prato. — Como foi seu dia?

— Mãe, você não vai acreditar! — Eu disse, sentindo uma onda de empolgação. — Consegui um emprego!

Ela me olhou com os olhos arregalados, os lábios se curvando em um sorriso que poderia iluminar qualquer lugar. A felicidade dela me tocou profundamente, como se toda a dor que já suportamos estivesse prestes a ser compensada por essa pequena vitória.

— Isso é maravilhoso, filha! — Ela empurrou a cadeira de rodas na minha direção, me envolvendo em um abraço apertado. — Onde você vai trabalhar?

— Para uma família em uma mansão. Vou cuidar da Zoe, a Ravena me indicou, ela trabalha lá. É tudo muito bonito, mãe. O lugar é incrível, como algo de um filme! — Comecei a falar rapidamente, ansiosa para compartilhar cada detalhe. O que eu realmente queria era que ela sentisse a esperança que me envolvia.

— Eu sempre soube que você conseguiria, Emily! — disse mamãe, com orgulho na voz. — Você sempre teve talento para cuidar das pessoas, Ravena fez certo em te indicar, ela nunca se esqueceu de nós.

Nesse momento, minha tia Mercedes entrou na cozinha, atraída pela agitação. Ela franziu o cenho e cruzou os braços, mas assim que entendeu o que estava acontecendo, seu rosto se iluminou também.

— O que está acontecendo aqui? — Ela perguntou, um sorriso se formando nos seus lábios. — O que você conseguiu, minha querida?

— Ela conseguiu um emprego, Mercedes! — Mamãe respondeu, ainda em êxtase. — E é em uma mansão, com uma garotinha chamada Zoe, junto com a Ravena!

A tia olhou para mim, e os olhos dela brilhavam de aprovação. Ela sempre acreditou em mim, mesmo quando eu duvidava. A sensação de ter o apoio delas era reconfortante, como se um peso estivesse sendo retirado de meus ombros.

A minha tia foi a nossa única fonte de renda por um tempo, já que sempre que arrumava algo o Victor dava um jeito, e então, ele conseguiu me colocar exatamente aonde ele queria, algo que eu nunca quis, mais pelo desespero aceitei, e isso era algo que ainda me atormentava.

— Estou tão feliz por você, Emily! — disse minha tia, vindo me dar um abraço. — Você merece uma chance de recomeçar. Eu sabia que esse dia chegaria.

A conversa continuou, mas eu sentia que um novo tipo de ansiedade começava a se formar dentro de mim. Embora o alívio de ter encontrado um emprego me envolvesse, a ideia de Victor pairava sobre minha cabeça como uma nuvem escura. Eu ainda precisava enfrentar a realidade de nossa situação. A cada palavra que trocava com elas, eu sabia que a alegria era apenas temporária.

Depois de algum tempo, a conversa naturalmente se desviou para outros tópicos, e eu consegui respirar fundo. Enquanto elas falavam sobre os preparativos do jantar, eu me perdi em pensamentos sobre como seria o trabalho e a expectativa de cuidar de Zoe e esta perto do Ravi. A vida estava parecendo mais leve, mas eu sabia que em breve teria que voltar à dura realidade.

Quando a noite caiu, e o cheiro do jantar começava a encher a casa, a tensão que eu estava segurando começou a se tornar insuportável. Sabia que não poderia procrastinar por mais tempo. O relógio marcava quase oito horas, e eu sabia que precisava ir até Victor, meu carrasco.

A ideia de enfrentá-lo novamente me deixava com um nó no estômago. Eu sempre tentei evitar confrontos com ele, mas agora que consegui um emprego, e Ravena sabendo da minha situação me ajudaria, não haveria como adiar mais. Eu teria o dinheiro que devia, mas a liberdade que desejava parecia tão distante. O que Victor não entendia era que eu estava mudando, e ele não tinha mais tanto controle sobre mim.

— Mãe, tia Mercedes, eu preciso sair por um momento — avisei, tentando manter a voz firme. Elas pararam e olharam para mim, e eu pude ver a preocupação em seus rostos.

— A essa hora? — Mamãe perguntou, franzindo o cenho. — Para onde você vai?

— Vou resolver algumas coisas. Não se preocupem, eu já volto — respondi, forçando um sorriso. Sabia que isso não as acalmaria, mas o que mais poderia eu fazer?

— Filha, não precisa falar nada ao Victor, só arrume as suas coisas e vá. — Minha mãe disse preocupada.

— Não posso mamãe, ele fará o mesmo com a Elisa se eu fugir, não posso deixar isso acontecer.

— Emily, não pode proteger todo mundo. — A minha tia disse, elas sabiam o que acontecia, mas, nada poderia ser feito.

— Vocês não fazem ideia de como é conviver com isso, sabe o que é ter estranhos tocando em você? — Eu disparei com a voz firme, mesmo quebrada por dentro. — Não vou deixar isso acontecer com a minha irmã, farei o que for para que ela não viva da forma que eu vivo, isso não é vida.

As duas me olharam e ficaram em silêncio, as duas sabiam pelo que eu era obrigada a passar, e não adiantava falar com a polícia, já que eles eram conivente com o que acontecia por aqui, éramos esquecidos.

Assim que fechei a porta atrás de mim, o ar se tornou mais pesado. Cada passo que eu dava era uma batalha entre a determinação e o medo. Como eu havia feito tantas vezes antes, respirei fundo e tentei me preparar para o que estava por vir. Sabia que Victor não iria aceitar bem a minha nova situação. Ele era possessivo, e essa mudança não fazia parte dos planos que ele tinha para mim.

Quando cheguei ao lugar onde ele costumava me encontrar, o ambiente estava envolto em sombras, e a luz fraca das lâmpadas do poste mal iluminava a calçada. O coração batia descontroladamente, e uma voz interior me alertava sobre os riscos que estava correndo. Mas, novamente, eu precisava fazer isso. Pela minha mãe, tia, irmã e principalmente por mim.

Entrei na pequena sala onde costumávamos nos encontrar, e ao vê-lo, uma onda de desagrado me atingiu. Ele estava sentado à mesa, um copo de bebida em suas mãos, conversando com dois dos seus homens. Seu olhar se ergueu para mim, e a expressão em seu rosto era a de quem já esperava pela minha visita.

— Olha quem decidiu aparecer — disse ele, com um sorriso que não chegava aos olhos. — Eu estava começando a pensar que você tinha se esquecido de mim.

— Eu não me esqueci, Victor — respondi, tentando manter a voz firme, mesmo que as palavras saíssem trêmulas. — Vim aqui para dizer que vou pagar a minha dívida.

— E você acha que isso é tudo que precisamos conversar? — ele perguntou, inclinando-se para frente, o tom provocativo na sua voz. — Eu não sou apenas um credor, Emily.

As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. Eu sabia que essa conversa não seria fácil. Ele não aceitaria bem minha tentativa de me libertar, e isso me deixava nervosa.

— Não quero mais isso. Estou trabalhando agora, e quero que você entenda que não estarei mais disponível para suas exigências — tentei explicar, mas a determinação na minha voz vacilou.

O olhar de Victor se tornou frio, e a tensão na sala aumentou. Ele se levantou, e a presença dele se tornou ainda mais ameaçadora. Eu sabia que tinha que manter a cabeça erguida e não mostrar medo, mas cada instinto em mim gritava para correr.

— Você realmente acha que pode simplesmente se afastar de mim? — ele disse, a voz baixa e cortante. — Não será tão fácil assim, Emily. A vida que você quer, sem mim, não é uma opção.

Senti um calafrio percorrer minha espinha. As palavras dele ecoavam na minha mente, e eu sabia que estava prestes a entrar em uma batalha que poderia determinar meu futuro. Mas havia algo em mim que havia mudado. Eu estava decidida a lutar por minha liberdade, mesmo que isso significasse enfrentar as consequências.

— Eu estou pronta para isso, Victor. Vou pagar o que resta da minha dívida, você não terá mais poder sobre mim. — Eu disse e os seus olhos ficaram sombrios.

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Comments

Anonymous

Anonymous

Nossa autora, vc acha que o Ravi merece isso?
Uma mulher presa a dívidas e psicologicamente presa a ameaças.

2025-02-14

0

pila souza

pila souza

Espero q esse Victor não a machuque eu quero dizer por fora pq por dentro ela já está machucada faz tempo.

2025-01-02

0

Maria Lima De Souza

Maria Lima De Souza

Eu não acho certo, ela vai pôr a vida do Ravi e da filha em risco.

2025-02-26

0

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