Capítulo 14

...Emily Narrando...

Ravena não exagerou em nada ao descrever a grandiosidade do lugar; o tamanho do jardim, a altura dos muros, as portas imponentes… tudo parecia saído de um sonho, mas para mim soava mais como um cenário de um novo e desconhecido desafio. Era como se eu estivesse prestes a entrar em um filme, onde cada detalhe era cuidadosamente elaborado para criar uma atmosfera de expectativa e mistério.

As luzes suaves destacavam a imponência do lugar, iluminando os contornos de uma arquitetura antiga e impecável. Cada ângulo e cada sombra pareciam contar uma história, sussurrando segredos de um passado glorioso. O ar parecia mais frio ali, mais pesado, como se eu estivesse diante de algo muito maior do que eu havia imaginado. O cheiro do jardim, uma mistura de flores e grama recém-cortada, era agradável, mas não conseguia me distrair da sensação de ansiedade que apertava meu peito. As mãos suavam um pouco, e o coração batia com mais força a cada segundo.

Olhei para os jardins bem cuidados, com flores perfeitamente alinhadas, e por um instante me perdi na beleza ao meu redor. Estava ali para trabalhar, para tentar recomeçar, mas antes mesmo de entrar, algo me dizia que esse não seria um emprego qualquer. Uma sombra de dúvida cruzou minha mente, mas eu sabia que precisava seguir em frente, por mais intimidador que fosse.

Fechei a porta do carro com cuidado, o som do impacto ressoando no silêncio opressivo, e dei um passo à frente. Foi quando o vi. No topo dos degraus, parado com uma postura confiante e os olhos fixos em mim, estava o homem da boate. A mesma expressão intensa, a seriedade que havia me desarmado naquela noite; ele parecia ainda mais imponente sob a luz suave do dia. Meu peito se apertou, e a lembrança daquela troca de olhares voltou com força, preenchendo minha mente.

Tentei manter a calma, mas cada fibra do meu corpo parecia ter congelado. Ele era o mesmo que havia mexido tanto comigo, o estranho que havia despertado um turbilhão de emoções em meu interior, e agora estava ali, à minha frente, como o homem para quem eu trabalharia. Ravi. Esse era o nome que Ravena mencionara, mas eu nunca imaginara que fosse ele.

Ravi me observava, e em seus olhos havia uma surpresa que refletia a minha. A tensão entre nós era quase palpável, e eu mal conseguia respirar. Meus pensamentos corriam numa tentativa de processar o que aquilo significava, mas tudo o que consegui fazer foi encarar de volta, mesmo que minha vontade fosse desviar o olhar. O coração batia em um ritmo frenético, um eco da confusão que sentia.

Ele desceu os degraus, e a cada passo que dava na minha direção, o chão sob meus pés parecia se desestabilizar. Sua presença era magnética, dominadora, e havia uma tranquilidade enigmática em seus gestos. Parecia que nada o surpreendia, que ele tinha sempre o controle da situação, e isso me deixava intrigada. O homem que eu conhecera na boate agora se revelava como um homem de negócios, alguém que eu precisaria conhecer profundamente.

— Bem-vinda — a voz dele era baixa e firme, reverberando no ar entre nós. — É um prazer ter você aqui.

Ele apertou minha mão, e a intensidade do contato fez meu coração disparar. Aquele toque era ao mesmo tempo familiar e novo, e a conexão entre nós parecia mais forte do que eu poderia imaginar.

— Emily, e obrigada… O prazer é meu — respondi, tentando manter a voz estável, mas a emoção em meu interior estava à flor da pele. Era uma luta constante entre a ansiedade e a expectativa.

Ravi não desviou os olhos dos meus, e um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios, um sorriso que carregava uma mistura de mistério e desafio. Era como se ele soubesse exatamente o efeito que sua presença causava, como se estivesse se divertindo em me ver tentando me recompor.

Os segundos seguintes se arrastaram em um silêncio denso, carregado de uma estranha familiaridade. Não trocamos uma palavra a mais, mas havia uma conexão não dita ali, uma espécie de reconhecimento mútuo. Aquilo me deixava confusa. Eu havia aceitado aquele trabalho acreditando que seria uma oportunidade para colocar minha vida de volta nos eixos, mas agora me questionava se conseguiria manter o foco sabendo que Ravi era o homem que havia mexido comigo de uma forma tão inexplicável.

Neste momento, uma garotinha que julguei ser a Zoe desceu as escadas, sua curiosidade visível em seu olhar. Ajoelhei-me para cumprimentá-la, e logo seu semblante foi suavizando ao ver meu sorriso. Era uma troca que iluminava o ambiente, trazendo uma sensação de esperança que eu tanto precisava.

— Oi, Zoe! — disse, estendendo a mão para ela. — Estou tão animada para conhecê-la!

Ela olhou para mim com a inocência de uma criança, seus olhos brilhando com curiosidade. A resposta dela foi um sorriso, mas havia uma sinceridade que me tocou. O peso da responsabilidade de cuidar dela se instalou em mim, e a determinação de fazer um bom trabalho cresceu.

Entramos na mansão, e a grandiosidade do espaço era ainda mais impressionante do que eu imaginara. Os móveis elegantes, a arte nas paredes, e o cheiro de madeira polida preenchiam o ar. A ideia de que este poderia ser um novo começo começou a se enraizar dentro de mim. Ao mesmo tempo, a presença de Ravi era um lembrete constante do turbilhão emocional que poderia surgir.

Algum tempo depois ficamos a sós e o ar parecia ter sido totalmente sugado, tudo era intenso, de uma pequena frase, até um gesto, eu sabia que deveria dizer algo, falar que devíamos manter o profissionalismo e que ele podia contar comigo, então resolvi tocar no assunto, querendo ou não aquilo era uma coincidência, e eu não queria que ele pensasse mal de mim.

— Sei que é muita coincidência eu está aqui após aquela noite. — Falei com a voz quase falha

— Muita coincidência mesmo. — Ele me interrompeu.

Eu arqueei as sobrancelhas, o seu tom parecia provocativo, como se eu tivesse armado tudo aquilo, eu já estava pronta para lhe dar uma resposta, e, então, Zoe apareceu suja de farinha e solicitou a nossa presença, nos puxando para junto dela, e então, todos estávamos na cozinha fazendo biscoitos, foi um dia e tanto, mais eu precisava ir, precisava organizar as minhas coisas e o mais importante, encarar o meu carrasco, e isso era o que mais me dava medo, mais eu precisava fazer alguma coisa para mudar de vida.

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Comments

karvalho Heloiza😍

karvalho Heloiza😍

que ele liberte ela desse carrasco

2025-01-31

0

Anonymous

Anonymous

espero que ela tenha contado a ele sobre o cara .

2025-02-18

1

pila souza

pila souza

Ele não vai perder essa mulher com toda certeza vai liberta-la desse carrasco é de família não perder tempo.

2025-01-02

1

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