...Ravi Narrando...
Após alguns dias de visita de Vicente em Chicago, comecei a notar que ele estava inquieto, frequentemente observando ao redor como se sentisse sendo vigiado. Achei que poderia ser apenas o efeito de tantos anos vivendo em um ambiente de desconfiança, sempre alerta. Mas, na noite seguinte, enquanto o marido de Ravena estava no jardim, um carro desconhecido parou em frente à propriedade. De uma das janelas, vi um homem armado saindo do veículo, mirando o marido de Ravena e outro na nossa casa.
Num impulso, gritei para ele se abaixar, então, Vicente e eu reagimos rápido, mas, apesar da nossa tentativa de neutralizar o ataque, o marido de Ravena acabou gravemente ferido. Nos dias que se seguiram, o hospital se tornou o centro das nossas atenções, e Ravena mesmo abalada com o ocorrido, manteve firme a sua decisão de ficar conosco.
Depois do atentado ao marido de Ravena, uma aura de tensão pairou sobre todos nós. Vicente reagiu prontamente naquela noite, com o instinto rápido e preciso de quem já lidou com ameaças antes. Ele conseguiu deter alguns homens que nos atacaram, mas aquilo só confirmou o que eu temia: o passado que tentei deixar para trás estava cada vez mais próximo, e Zoe era a prioridade máxima. O sacrifício que fiz ao me afastar da família mafiosa parecia ter sido em vão, mas a presença de Vicente, mesmo breve, foi o suficiente para me alertar sobre o tipo de proteção que eu realmente precisava.
Nos dias que seguiram, enquanto o marido de Ravena se recuperava, discutimos os próximos passos. Vicente sabia que permanecer aqui poderia atrair mais atenção indesejada. Após resolver as questões com os homens que nos ameaçaram, ele decidiu que era hora de voltar para a Itália e continuar monitorando as coisas à distância. Antes de partir, Vicente me deu um abraço firme e, com o olhar sério, me aconselhou a aumentar a segurança para Zoe e para mim. “A qualquer custo,” ele reforçou, e eu sabia que não poderia ignorar.
Com Vicente de volta à Itália e Ravena constantemente no hospital com o marido, resolvi que era hora de tomar providências mais drásticas. Em poucos dias, organizei nossa mudança para uma nova casa — não uma casa qualquer, mas uma mansão que me permitisse oferecer à Zoe o que ela precisava: segurança, espaço para crescer livremente e, acima de tudo, a paz que merecíamos.
A mansão ficava em um bairro mais isolado, cercado por uma extensa área verde e muros altos, onde eu teria o controle absoluto sobre quem entrava e saía, já que mesmo morando em um condomínio fechado, fomos alvo. Investi em uma equipe de segurança experiente e equipada, e implementei um sistema de vigilância com câmeras e alarmes em pontos estratégicos. Cada detalhe foi pensado para garantir que Zoe pudesse crescer em um ambiente protegido.
A mudança para a mansão trouxe uma nova sensação de tranquilidade. Zoe ficou encantada com o tamanho do lugar e especialmente com o jardim, onde passava horas brincando e correndo, como se o trauma recente nunca tivesse acontecido. Mas, para que essa paz fosse completa, eu precisava garantir que alguém estivesse ao lado dela enquanto eu cuidava dos negócios.
Ravena continuava determinada a ficar conosco, mas o cansaço era evidente, especialmente com a recuperação lenta do marido. Zoe precisava de uma atenção contínua e, sabendo que Ravena estava no limite de suas forças, decidi conversar com ela sobre a necessidade de uma ajuda adicional.
— Sei que está sendo difícil para você — falei uma tarde, enquanto Ravena descansava no sofá após mais um longo dia no hospital. — Não quero que isso seja um fardo, mas talvez devêssemos pensar em alguém para nos ajudar com Zoe, sei que disse que não queria, mas acho que seria melhor, Ravena.
Ela assentiu, um alívio discreto transparecendo em sua expressão.
— Tenho alguém em mente, Ravi. Uma jovem de confiança. Ela não tem experiência com crianças, mas é uma pessoa doce, paciente… algo que Zoe precisa agora.
— Se é de sua confiança, então confio em sua indicação — respondi, grato por ela entender a situação.
Assim, alguns dias depois, a mulher recomendada por Ravena chegaria. Eu estava à espera dela na entrada da mansão quando ouvi o carro parar. Assim que abri a porta, um choque percorreu meu corpo. Ali, de pé diante de mim, estava a mulher de cabelos ruivos que eu havia visto na boate semanas antes. A mesma mulher que, em um breve instante, mexeu comigo como ninguém havia mexido em muito tempo.
Ela também parecia ter me reconhecido, e um brilho de surpresa misturado com nervosismo surgiu em seus olhos. O sorriso que ela tentou manter hesitou, e percebi o leve rubor que coloria suas bochechas. Desci as escadas e por um segundo, ambos ficamos em silêncio, como se tentássemos entender o significado daquele reencontro inesperado.
Tentando recuperar a postura, estendi a mão para cumprimentá-la, embora meu coração estivesse batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir.
— Bem-vinda — Consegui dizer, controlando o tom de voz. — É um prazer ter você aqui.
Ela apertou minha mão, os olhos fixos nos meus, como se estivesse tão surpresa quanto eu.
— Emilly, e obrigada… O prazer é meu — respondeu, num tom suave, mas com uma intensidade que denunciava que nossa breve interação na boate não havia sido esquecida por nenhum dos dois.
No instante em que nossas mãos se tocaram, senti um misto de nervosismo e expectativa que há muito tempo não experimentava. A presença dela ali era inesperada, e o silêncio entre nós só aumentava a tensão no ar. Zoe desceu as escadas nesse momento, a curiosidade visível em seu olhar, e Emily se ajoelhou para cumprimentá-la, seu semblante suavizando.
— Oi, Zoe! — ela disse, com uma ternura que parecia natural. — Eu sou a Emily. Espero que possamos brincar bastante juntas, a Ravena me falou muito de você.
Zoe a observou com um olhar analítico, como se tentasse decifrar se aquela nova presença era digna de confiança. Mas logo seus olhos se iluminaram, e ela abriu um sorriso que só as crianças sabem dar.
— Você sabe brincar de faz de conta? — perguntou, já se aproximando com confiança.
Emily riu, uma risada leve que dissipou parte da tensão entre nós.
— Sei sim, e prometo que vou aprender todas as brincadeiras que você quiser me ensinar.
O vínculo entre as duas foi instantâneo. Enquanto elas trocavam ideias sobre histórias e jogos, fiquei parado, observando a cena, mas minha atenção continuava voltada para Emily. Ela era mais jovem do que eu esperava, e, ao mesmo tempo, transmitia uma maturidade que poucos tinham.
Sua voz, o jeito como falava com Zoe, tudo nela parecia familiar e ao mesmo tempo perturbador, como se, em um nível profundo, eu já a conhecesse, entramos e Zoe logo a levou para conhecer o seu quarto, depois desceram para a sala onde brincavam e eu apenas observa, perdido de alguma forma naquele momento.
A presença de Ravena na porta trouxe de volta a realidade. Ao nos ver na sala, ela sorriu, exausta, mas claramente satisfeita.
— Vejo que vocês já se conheceram? — perguntou, a voz suave, mas o olhar atento.
Emily virou-se para Ravena, assentindo.
— Sim, e agradeço pela recomendação, Ravena. — Ela disse indo até Ravena e a abraçando, e logo voltou para Zoe.
Houve uma troca de olhares entre nós três, e percebi que Ravena notara a tensão silenciosa que existia entre mim e Emily. Seus olhos se estreitaram levemente, mas ela preferiu não comentar, talvez por achar que era melhor deixar que as coisas seguissem seu curso natural.
— Venha comigo Zoe, deixe o seu pai tratar com a Emilly sobre o trabalho. — Zoe meio que hesitou. — Podemos fazer biscoitos. — Sugeriu Ravena e Zoe logo a seguiu para a cozinha.
A tensão já estava presente e se intensificou quando finalmente ficamos a sós.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Maria Nunes
Quando duas pessoas estão predestinada a se encontra e ficarem juntas o destino se incumbe d unir
2025-02-21
1
Anonymous
Eu acho que a menina que ajudou na época do sequestro da Zoe e da mulher do Beto.
2024-12-31
1
pila souza
Ela deve ser conhecida msm talvez alguém do passado.
2025-01-02
0