Capítulo 6

...Noite de Excessos...

Vicente sabia que seu irmão precisava de uma pausa, um momento longe das responsabilidades que ele insistia em carregar como se fossem parte de sua própria pele. Ravi mudou-se para Chicago com o objetivo de recomeçar, mas Vicente via o peso de tudo sobre ele – Zoe, a empresa, e as memórias de um passado que o irmão raramente mencionava. Como seu irmão gêmeo, Vicente sentia que Ravi, mesmo sem confessar, ansiava por algo além da rotina rígida e, por isso, decidiu levar Ravi para uma noite de descontração.

A boate pulsava com uma energia vibrante, quase hipnotizante, à medida que o som da música preenchia cada canto. As luzes dançavam, mudando de tons roxos a vermelhos intensos, lançando sombras e reflexos pelas paredes. Ravi sentia-se fora do lugar, mas a expressão animada de Vicente lhe dava uma sensação de conforto.

 — Relaxa, essa noite é só nossa. Esquece tudo por algumas horas. — disse Vicente com um sorriso que irradiava segurança, como se ele soubesse exatamente o que o irmão precisava.

Ravi tentou resistir, mas ao olhar ao redor, viu que poderia se deixar levar, pelo menos por um tempo. Ele sentiu os ombros relaxarem quando Vicente o puxou em direção ao bar, onde pediu duas doses de uísque, o brilho nos olhos dele refletindo a atmosfera em volta.

— Brindemos aos bons tempos, irmão! — Vicente disse, levantando o copo. Ravi sorriu, balançando a cabeça, mas brindou com o irmão.

As doses iniciais de uísque logo se multiplicaram, e Ravi percebeu que a bebida, junto com a intensidade do ambiente, o fazia relaxar de uma maneira que ele mal se lembrava. Solto e risonho, ele começou a interagir com as pessoas ao redor. Mulheres atraentes se aproximavam, riam de suas piadas e trocavam olhares interessados. Vicente incentivava o irmão com palavras e tapas amigáveis no ombro, assegurando que ele aproveitasse cada momento.

Ravi sentia o calor da bebida correr pelas veias, dissolvendo, aos poucos, o peso das preocupações. Depois de algumas risadas e conversas, ele se viu cercado por algumas mulheres, todas atraídas por sua presença intrigante e os sorrisos ocasionais. Seus olhos atentos, somados à postura inicialmente séria, só faziam aumentar o interesse delas, que encontravam nele um ar misterioso. Sem pensar muito, ele começou a dançar, sentindo uma leveza que há tempos não experimentava. Ele se permitiu sorrir, rir e até flertar, algo que antes não passava por sua mente.

Vicente, observando de perto, ria e incentivava o irmão com frases provocativas, mas com a tranquilidade de quem estava ali apenas para garantir que Ravi realmente aproveitasse.

— Olha só, Ravi, acho que Chicago já está te fazendo bem, hein? — ele brincou, dando um tapa amigável nas costas do irmão.

Conforme a noite avançava, Ravi percebeu que seu cansaço habitual havia se transformado em energia. A música alta, as luzes vibrantes, as risadas e a companhia ao redor faziam com que ele se sentisse parte de uma realidade que há muito tempo havia abandonado. As mulheres o cercavam, trocando sorrisos, olhares, e até beijos, enquanto ele se desconectava cada vez mais do homem rígido e responsável que costumava ser.

Mas foi pouco antes de irem embora que Ravi sentiu algo mudar. Enquanto se preparava para seguir Vicente para fora da boate, ele notou um movimento à distância que capturou sua atenção. No meio da pista, dançava uma jovem que parecia alheia ao mundo ao seu redor. Era uma ruiva de cabelos intensos, que contrastavam com o ambiente escuro. Mesmo em meio à luz baixa e ao jogo de sombras, a cor vibrante de seus cabelos parecia iluminar a área ao redor dela, como se tivesse sido feita para aquele cenário.

Ela se movia com uma naturalidade que hipnotizou Ravi, cada movimento sutil acompanhando o ritmo da música, os olhos fechados, imersa em seu próprio mundo. Ao vê-la, Ravi sentiu uma sensação estranha, diferente de tudo que já havia sentido, uma força magnética que o mantinha parado, incapaz de desviar o olhar. Era como se ele estivesse vendo uma obra de arte em movimento, algo que ele sabia que não deveria tocar, mas que, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar.

Ele observava atentamente, e então, como se tivesse sentido o peso do olhar de alguém sobre ela, a jovem abriu os olhos sem sair do ritmo da música, e notou Ravi a observado. Foi um momento silencioso, uma troca que parecia transcender o caos ao redor. Os olhos dela eram claros, intensos, e Ravi sentiu-se como se estivesse preso naquele olhar. Cada segundo parecia uma eternidade, ele ficou esperando que ela desviasse, mas, ao contrário, ela manteve o olhar, desafiadora e curiosa.

O tempo pareceu parar, e, por um instante, Ravi esqueceu completamente onde estava. Ele sequer notou a movimentação das pessoas ao redor, o som da música abafado pela intensidade daquela troca. Havia algo nela que prendeu a sua atenção de forma diferente e ao mesmo tempo desconhecida.

Vicente percebeu o que estava acontecendo. Ele seguiu o olhar do irmão até a ruiva e riu baixinho. Aproximou-se de Ravi, dando-lhe um leve empurrão no ombro.

— Ela te pegou de jeito, hein? Parece que finalmente encontrou algo mais interessante que o trabalho. — Provocou, com um sorriso brincalhão.

Mas Ravi mal o ouviu. Ele continuava olhando para a jovem, sentindo uma mistura de ansiedade e fascínio. A ruiva, percebendo a interação entre ele e Vicente, sorriu de canto, como se reconhecesse o efeito que tinha causado. O sorriso dela era enigmático, e Ravi sentiu-se inexplicavelmente atraído, como se houvesse algo nela que ele precisava descobrir.

Antes que pudesse tomar qualquer iniciativa, Vicente deu outro empurrão, dessa vez mais insistente.

— Está na hora de ir, Ravi. Vamos, ou você mudou de ideia? — disse, rindo.

Ravi hesitou, os olhos ainda presos na figura da ruiva, mas sabia que Vicente estava certo. O irmão o puxou em direção à saída, mas ele não pôde evitar dar uma última olhada para a jovem, que o observava de volta, sem desviar o olhar.

No caminho para casa, Ravi permaneceu em silêncio, perdido em pensamentos, enquanto Vicente dirigia. O irmão lançou-lhe alguns olhares curiosos, mas, respeitando o momento, deixou que Ravi ficasse imerso em sua própria mente. Aquela noite havia trazido à tona algo que ele não sabia que sentia falta: o desejo de se reconectar com o lado mais despreocupado de si mesmo.

E, mesmo enquanto as luzes da cidade passavam pela janela do carro, Ravi sentia a imagem da ruiva gravada em sua mente, uma lembrança viva e intensa que, de alguma forma, o fazia questionar tudo. Naquela noite, ele não conseguiu dormir, e sabia que, de agora em diante, a lembrança daquele olhar o acompanharia, um mistério que ele talvez quisesse resolver.

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Comments

Graça Fernandes

Graça Fernandes

Isso aí autora, agora sim começa a melhor parte do livro! Nosso Ravizinho apaixonado, mais que tudo, amando cada capítulo /Heart/

2025-03-16

0

Patricia Sousa

Patricia Sousa

amor a primeira vista em ravi 😍

2025-03-14

0

Gislaine Duarte

Gislaine Duarte

ele.gamou na ruiva🤭

2025-01-28

0

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