...Ravi Narrando...
A chegada em Chicago representava para mim o início de uma nova vida, algo que eu havia desejado desde a promessa feita ao meu tio. Estávamos longe de tudo o que a máfia representava, e, apesar da exaustão após um voo direto, a sensação de ter cumprido a primeira etapa desse recomeço era recompensadora. A tentação de usar o jato da família havia sido real, mas esse luxo contradizia tudo o que eu estava tentando fazer agora: uma vida nova, sem laços, sem privilégios suspeitos. A normalidade era o que eu mais almejava.
Após desembarcar, enfrentei o primeiro desafio que só quem viaja com um bebê conhece: equilibrar malas, uma criança, e o bebê conforto, além de chamar um táxi e ajeitar toda a bagagem. Um funcionário do aeroporto, percebendo a cena caótica, ofereceu ajuda, e foi como um anjo salvador. Ele nos conduziu até o ponto de táxi, ajudando com o carrinho de bagagem e garantindo que eu conseguisse acomodar tudo. Dei-lhe uma gorjeta generosa, agradecendo silenciosamente por aquela ajuda que parecia pequena, mas que, para mim, era essencial naquele momento.
Entramos no táxi, e eu informei o endereço do Magnificent Mile Hotel. Durante a viagem, olhei pela janela, absorvendo a cidade que seria nosso novo lar. Chicago tinha um ritmo que parecia vibrar com oportunidades. O hotel serviria como base temporária enquanto eu procurava uma casa. Meu objetivo era claro: um lugar com espaço para Zoe crescer, brincar e ter contato com a natureza.
No hotel, após acomodar a pequena, pedi uma refeição, dei um banho nela, troquei sua roupa e preparei sua mamadeira. As aulas que a babá havia me dado antes de nossa partida da Itália estavam começando a valer a pena. Embora eu ainda estivesse longe de me sentir um pai experiente, ao menos as tarefas básicas eu já conseguia realizar sozinho. Com Zoe alimentada e segura na cama com algumas almofadas ao redor, finalmente pude tomar um banho. A água quente era um alívio indescritível após o longo voo e os primeiros desafios como pai solo.
Naquela noite, depois de uma refeição rápida, desabei na cama, exausto. Acordei com as pequenas mãos de Zoe nos meus cabelos, enquanto ela ria, entretida com o movimento. Peguei-a nos braços e a levei até a varanda, onde uma brisa matinal revelava a vista da cidade.
— Olha só, Zoe... Aqui é onde vamos recomeçar — sussurrei, sentindo uma mistura de esperança e responsabilidade que jamais imaginei ter um dia.
Depois de acomodá-la no carrinho, pedi o café da manhã e comecei a revisar minha agenda. A corretora que eu havia contatado estava pronta para nos apresentar algumas propriedades. Eu deixei muito claro o que buscava: uma casa sem escadas internas, arejada, com um jardim, piscina e que fosse segura para uma criança pequena. Zoe tinha quase dez meses, já engatinhava, e eu precisava de um ambiente onde ela pudesse explorar sem grandes perigos.
Após o café, dei mais um banho em Zoe, vesti-a e arrumei a bolsa com tudo o que ela poderia precisar. Sabia que teria uma tarde intensa, então, quando ela adormeceu, aproveitei para descansar. Poucas horas depois, acordei com o alarme que havia programado. Estava na hora de conhecer o que talvez fosse o nosso futuro lar.
Pedi um táxi e logo chegamos a um condomínio de casas. A corretora, Ana, estava nos esperando, pronta para nos mostrar as opções. Visitamos cinco casas, e, honestamente, eu já estava quase desistindo, quando vi a última. Bastou entrar pela porta da frente para saber que aquela era a casa certa. Zoe sorriu, quase como se concordasse com minha escolha.
— É essa! — afirmei com convicção, enquanto Ana observava minha reação com um sorriso.
Demos mais uma volta pela casa, e cada detalhe parecia encaixar-se no que eu desejava. Arejada, com espaço suficiente para Zoe brincar, um jardim perfeito e uma piscina segura. Era como se aquele lugar estivesse esperando por nós.
— Podemos assinar os papéis hoje mesmo, se desejar — disse Ana, sua voz delicada e levemente sedutora, enquanto ajustava os botões de sua blusa.
Percebi a insinuação e levantei uma sobrancelha. Relacionamentos eram a última coisa em que eu pensava agora. Meu foco estava em três coisas: estudar para me tornar CEO, abrir minha própria empresa, e, acima de tudo, cuidar de Zoe.
— Claro. Quanto antes, melhor — respondi, adotando um tom sério e direto.
Ela piscou, surpresa pela resposta evasiva, mas logo sugeriu que passaria no hotel para que assinássemos os documentos.
— Agradeço, mas seria mais prático se assinássemos aqui mesmo — retruquei, mantendo a mesma postura.
Ana hesitou, mas acabou admitindo que talvez tivesse trago os papéis, pediu licença para ir até o seu carro, e, minutos depois, voltou com toda a papelada e um sorriso sem graça. Li cada linha antes de assinar, garantindo que nada passasse despercebido. Enfim, a casa era nossa.
Ao sair da propriedade, dei uma última olhada e sorri, com Zoe segura em meus braços. Essa era nossa nova vida, e, por mais que o passado estivesse sempre à espreita, eu sabia que estávamos prontos para encarar o futuro.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Kelbiana Neves Dos Santos
Começando 28/02/25. Cheia de expectativas com a história do Ravi, pois os outros 2 da trilogia foram maravilhosos.
2025-03-01
0
Simone Guimarães
verdade principalmente o Bento foi maravilhoso
2025-03-01
1
Vania Lucia
Já gostei da estória,mas gostaria de ler os dois primeiro alguém me informe por gentileza?
2025-03-05
2