...Caros leitores,...
...Esta história foi escrita na minha infância, enquanto ainda estava no ensino fundamental. Ela foi criada seguindo as diretrizes de um concurso literário da escola, por isso não contém cenas de sexo ou beijos explícitos, como alguns talvez esperem. Se você procura uma história com grande foco em "intimidade", talvez esta não seja a mais adequada para você. Este é um conto mais simples e inocente, onde a confiança e a interação entre os personagens ganham destaque....
...Desde já, agradeço sua compreensão....
Capítulo 2: "A Proposta de Sir Thomas
O sol já estava alto quando Eleanor finalmente deixou a sala de jantar. Seus passos eram lentos e medidos enquanto ela caminhava pelo corredor em direção à biblioteca, um dos poucos lugares na mansão onde ela ainda encontrava algum consolo. As paredes estavam cobertas por prateleiras que se estendiam do chão ao teto, cheias de livros que haviam pertencido a gerações de Ashfords. Os volumes, muitos deles antigos e raros, eram testemunhas silenciosas do prestígio e erudição que sua família outrora possuíra.
Ao entrar na biblioteca, Eleanor sentiu o cheiro familiar de papel envelhecido e couro. Era um odor reconfortante, que a transportava para tempos mais simples, quando suas maiores preocupações eram escolher qual livro ler em seguida ou qual música tocar no piano. Agora, no entanto, a presença reconfortante dos livros não conseguia afastar a tempestade de pensamentos que assolava sua mente.
Ela caminhou até uma das janelas altas da biblioteca e olhou para fora, observando os jardins que haviam sido o orgulho de sua mãe. Embora a beleza do lugar fosse inegável, Eleanor não podia deixar de notar como as cores vibrantes das flores pareciam atenuadas, quase apagadas, refletindo o estado de espírito que dominava a mansão. A proposta de Sir Thomas Wycliffe girava em sua mente como um redemoinho, impossível de ignorar.
Eleanor não conhecia Sir Thomas pessoalmente, mas já ouvira falar dele. Um homem que havia ascendido rapidamente na sociedade, enriquecendo-se através do comércio, um empreendimento que muitos nobres tradicionais desprezavam, mas que inegavelmente o havia tornado poderoso. As histórias que circulavam sobre ele eram variadas, algumas o descrevendo como um homem honesto e trabalhador, outras insinuando que sua riqueza havia sido acumulada de maneiras menos nobres. De qualquer forma, ele era uma figura que inspirava respeito e, em alguns casos, medo.
A ideia de se casar com um homem que ela mal conhecia a perturbava profundamente. Eleanor sempre imaginara que, se um dia se casasse, seria com alguém por quem tivesse afeto, alguém que a amasse por quem ela era, e não por seu nome ou status. A proposta de Sir Thomas era, na melhor das hipóteses, uma transação comercial. Ele não estava oferecendo amor ou carinho, mas sim segurança financeira em troca de uma aliança conveniente. Para ele, ela seria apenas mais um meio para um fim, e essa percepção fazia seu estômago se revirar.
No entanto, ao mesmo tempo, Eleanor não podia ignorar a gravidade da situação. A ruína iminente de sua família era uma realidade que precisava ser enfrentada. Ela pensou em seu irmão, Henry, e no peso que ele carregava. Ele era o Conde agora, mas suas responsabilidades iam além de um título. Ele tinha que garantir que a família Ashford não desaparecesse na obscuridade, que o legado de seus ancestrais não fosse perdido para sempre. E Eleanor sabia que, se ela pudesse ajudar de alguma forma, ela deveria fazê-lo, mesmo que isso significasse sacrificar seus próprios desejos.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida suave na porta da biblioteca. Ela se virou para ver Martha, sua aia, entrando com uma expressão grave.
— Milady, Sir Thomas Wycliffe está aqui para vê-la — anunciou Martha, com um tom que revelava sua própria inquietação.
O coração de Eleanor deu um salto involuntário. Sir Thomas? Aqui? Ela não esperava que ele viesse tão cedo, nem mesmo estava preparada para encontrá-lo. No entanto, Eleanor sabia que não poderia evitar o encontro. Com um aceno de cabeça, ela indicou que estava pronta para recebê-lo.
Martha saiu da biblioteca, e poucos minutos depois, Sir Thomas Wycliffe entrou. Ele era um homem alto, com uma presença imponente. Seu cabelo escuro estava perfeitamente penteado, e sua barba bem aparada destacava as linhas fortes de seu rosto. Seus olhos verdes, frios e calculistas, observaram a biblioteca antes de finalmente se fixarem em Eleanor. Ele vestia um casaco de veludo escuro, adornado com bordados discretos, mas elegantes, que sugeriam sua riqueza sem ostentação exagerada.
Eleanor sentiu um arrepio correr por sua espinha enquanto os olhos de Sir Thomas a analisavam. Ele fez uma reverência educada, e Eleanor respondeu com uma leve inclinação de cabeça, mantendo a postura ereta e graciosa que lhe fora ensinada desde a infância.
— Lady Eleanor, é um prazer finalmente conhecê-la — disse Sir Thomas, sua voz firme e controlada.
— Sir Thomas, o prazer é meu — respondeu ela, tentando manter a voz estável, apesar da tensão que sentia.
Ele gesticulou para uma das cadeiras perto da lareira, convidando-a a se sentar, e Eleanor aceitou. Sir Thomas se sentou na cadeira oposta, mantendo uma postura relaxada, mas seu olhar atento não perdeu nenhum detalhe.
— Sei que minha visita é inesperada, e espero não estar incomodando — começou ele, com um tom que sugeria que, mesmo se estivesse incomodando, isso não o afetaria. — Mas achei que seria melhor discutirmos pessoalmente a proposta que apresentei ao seu irmão.
Eleanor assentiu, cruzando as mãos no colo para disfarçar o nervosismo. Ela sabia que este era um momento decisivo. O que ela dissesse agora poderia definir o futuro de sua família.
— Agradeço por sua vinda, Sir Thomas. Meu irmão mencionou sua proposta, e devo admitir que fiquei surpresa. Não esperava... algo assim.
Sir Thomas esboçou um leve sorriso, mas seus olhos permaneceram inexpressivos.
— Entendo que não seja o tipo de proposta que uma jovem dama como a senhorita esperaria receber. No entanto, acredito que estamos em uma posição única para ajudar um ao outro.
Ele fez uma pausa, como se esperasse que Eleanor respondesse, mas ela permaneceu em silêncio, incentivando-o a continuar.
— Acredito que a senhorita está ciente da situação financeira de sua família. — A forma como ele disse isso não era uma pergunta, mas uma afirmação. Eleanor sentiu um leve rubor em seu rosto, mas manteve a compostura.
— Sim, estou ciente.
— Então deve compreender que a proposta que estou fazendo não é apenas para meu benefício, mas também para o da sua família. Um casamento entre nós garantiria que os Ashford mantivessem sua posição na sociedade, enquanto eu me beneficiaria do prestígio de seu nome. — Ele inclinou-se um pouco para frente, como se quisesse sublinhar suas próximas palavras. — Este é um acordo que beneficia a ambos, Lady Eleanor. E, honestamente, não vejo outra solução para os problemas que enfrentamos.
Eleanor sentiu o peso de suas palavras. Ele estava certo, claro. Ela sabia disso. Mas saber disso não tornava a decisão mais fácil. Havia algo no tom frio e prático de Sir Thomas que a incomodava. Ele falava de casamento como se fosse um simples contrato comercial, uma transação entre duas partes, sem qualquer menção ao que isso significaria para ela, como mulher, como pessoa.
— Entendo a lógica de sua proposta, Sir Thomas — disse Eleanor, escolhendo cuidadosamente as palavras. — Mas o casamento é mais do que uma simples aliança comercial. É uma união entre duas pessoas, uma parceria que deve ser baseada em confiança e, se possível, em afeto.
Os olhos de Sir Thomas estreitaram-se levemente, como se as palavras de Eleanor tivessem tocado algo que ele preferia manter enterrado.
— Lady Eleanor, sou um homem prático. Entendo que o casamento pode ser muitas coisas, mas na nossa situação, deve ser, acima de tudo, uma solução. Sei que a senhorita pode ter esperanças de um casamento baseado em afeto, mas acredito que a situação em que nos encontramos exige uma abordagem mais... pragmática.
Eleanor sentiu um aperto no peito. As palavras dele eram duras, mas verdadeiras. Ela sabia que, em muitos casos, os casamentos nobres eram pouco mais que alianças políticas, mas mesmo assim, a frieza com que Sir Thomas falava do assunto a perturbava.
— E quanto ao futuro? — perguntou ela, tentando entender melhor as intenções dele. — O que espera desse casamento além da segurança financeira?
Sir Thomas inclinou-se um pouco mais na cadeira, observando-a atentamente antes de responder.
— Espero que, com o tempo, possamos construir uma parceria sólida e respeitosa. Não sou um homem de grandes paixões, Lady Eleanor, mas acredito firmemente no respeito mútuo e na honestidade. Se aceitarmos esta união com esses princípios em mente, acredito que ambos podemos nos beneficiar grandemente.
Eleanor observou Sir Thomas por um momento, tentando decifrar o que estava por trás de suas palavras. Havia uma franqueza desconcertante na maneira como ele se apresentava. Ele não estava tentando encantá-la ou seduzi-la com promessas vazias. Ele era direto, talvez até brutalmente honesto, sobre o que oferecia e o que esperava em troca. Isso, por si só, era incomum e, de certa forma, intrigante.
Ela sabia que não poderia tomar uma decisão tão importante naquele momento, mas também sabia que não tinha muito tempo. A pressão de salvar sua família era esmagadora, e a proposta de Sir Thomas, por mais impessoal que fosse, oferecia uma solução clara e direta para seus problemas.
— Sir
Thomas, devo dizer que suas palavras me deram muito em que pensar — disse ela, finalmente. — Esta é uma decisão que afetará não apenas minha vida, mas também o futuro da minha família. Preciso de algum tempo para considerar sua proposta.
Sir Thomas assentiu, parecendo satisfeito com a resposta dela.
— Compreendo, Lady Eleanor. E não quero apressá-la. Apenas peço que considere o que está em jogo. Nem sempre podemos escolher o que queremos, mas podemos escolher como responder às circunstâncias que nos são impostas.
Com essas palavras, ele se levantou da cadeira, sinalizando que estava pronto para partir. Eleanor também se levantou, e eles trocaram uma breve reverência formal.
— Deixarei que a senhorita pense sobre o que discutimos — disse ele, dirigindo-se à porta. — Espero ouvir sua resposta em breve.
Eleanor acompanhou-o até a porta, sentindo-se um pouco mais segura de si do que quando ele havia chegado. Havia algo reconfortante na clareza com que Sir Thomas abordava a situação. Ele não estava pedindo nada que ela não pudesse dar, e, em troca, oferecia a segurança que sua família desesperadamente precisava.
Quando a porta se fechou atrás dele, Eleanor voltou à janela da biblioteca, onde permaneceu por um longo tempo, perdida em pensamentos. Ela sabia que não poderia ignorar a proposta de Sir Thomas por muito mais tempo. A escolha estava diante dela, clara como o dia, mas não menos difícil por isso.
Ela passou o resto do dia imersa em reflexões, pesando os prós e contras, tentando imaginar como seria sua vida ao lado de um homem como Sir Thomas. Havia um vazio frio em seu peito, uma sensação de perda antes mesmo de ter tomado uma decisão. Ela sabia que, independentemente do que escolhesse, parte de sua liberdade e sonhos seria sacrificada.
Ao cair da noite, Eleanor decidiu que precisava de um descanso. Retirou-se para seus aposentos, mas o sono não veio fácil. A imagem de Sir Thomas, com seus olhos frios e voz controlada, continuava a assombrá-la, e a proposta que ele lhe fizera parecia pairar no ar, uma presença invisível que não a deixava em paz.
Finalmente, quando o sono a tomou, seus sonhos foram povoados por imagens de um futuro incerto, de um casamento sem amor, mas cheio de responsabilidades. Ela viu-se caminhando pelos corredores da Mansão Wycliffe, um lugar tão diferente de sua própria casa, com sua beleza fria e calculada. Viu-se ao lado de Sir Thomas, seus passos ecoando em sincronia, mas sempre distantes, como dois estranhos que se cruzam em uma encruzilhada.
Quando o sol se levantou na manhã seguinte, Eleanor sabia que o tempo de tomar uma decisão estava se aproximando. Ela ainda não sabia o que escolheria, mas sabia que, independentemente da escolha, sua vida nunca mais seria a mesma.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Ione barbosa
coitada tomara que o amor e respeito venha a nascer entre eles
2024-10-27
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