Capítulo 8

Antes de ir para casa, Alyssa passa no floricultura, ela visitará o túmulo de Harry, colocando as flores sob a lápide, Alyssa ajoelha-se, contou a Harry como havia sido o seu dia e ficou por mais um tempo apenas em silêncio.

— Sinto a sua falta. — Ela disse finalizando a sua visita e enxugou as lágrimas.

Os funcionários cuidavam do cemitério sempre viam a jovem ali, era uma tristeza tudo que aconteceu.

Quando Alyssa chegou em casa tomou banho e ajudou a sua mãe com a preparação dos lanches, contou sem muitos detalhes como havia sido o seu primeiro dia de trabalho. 

Os seus pais saíram e ela comeu meio sanduíche com um copo de suco, se aprontou para dormir, os pesadelos ainda a atormentavam, resolveu tomar o seu remédio para dormir e deitou-se novamente.

O resto da semana foi muito corrido, Nolan não parava na sala dele, e isso foi bom para Alyssa, ela conseguiu terminar a limpeza da estante, as outras salas estavam impecáveis, era só manter. 

Finalmente era sábado, Alyssa só trabalharia até o meio-dia, ela aproveitou e marcou de almoçar com Carmen a psicóloga. 

Não havia nenhum sinal de Nolan, ela organizou tudo que deveria e o seu horário de sair já havia passado, ela se apressou, após se trocar ela pegou a sua bolsa e saiu.

Usando uma calça jeans e uma blusinha, soltou os seus cabelos, passou um pouco de gloss, pegou a sua bolsa e sentiu que estava esquecendo alguma coisa, mas não se lembrou no momento e deixou para lá.

Descendo pelo elevador de serviço como sempre, estava distraída avisando a Carmen por mensagem que já estava indo, quando ela levantou a cabeça, não deu tempo de desviar, bateu com tudo no homem e antes que ela pudesse cair ele a segurou.

— Me desculpe eu não vi… senhor Nolan, me desculpe. — Ela havia finalmente percebido em quem havia esbarrado.

— Oi Alyssa, já está indo? — Nolan perguntou ainda com a sua mão envolta da cintura dela

— Já, não esperava vê-lo aqui hoje! — Ela diz se afastando dele.

— Vim só buscar uma pasta.

— Entendi, bom, preciso ir! Estou atrasada. — Ela fala um pouco inquieta.

— Vai sair assim? — A pergunta dele fez Alyssa olhar para as próprias roupas. — Quero dizer, está ficando frio lá fora. — Ele acrescenta.

— Aaah! Nossa, eu sabia que está esquecendo alguma coisa, o meu casaco está no meu armário, vou me atrasar ainda mais. Com licença Senhor. — Ela fala indo para o elevador, precisava do seu casaco e ter contato físico com Nolan havia a deixado inquieta.

Enquanto ela espera o elevador, o de Nolan chega primeiro.

— Venha, o meu elevador é mais rápido. — Nolan fala e Alyssa não pensa duas vezes indo até lá, os dois entram e colocam os seus respectivos andares.

— Vai encontrar com o seu namorado. — Nolan pergunta um tanto incomodado.

— Uma amiga, ficamos de almoçar juntas e eu vou chegar super atrasada.

— Posso te dar uma carona, só vou pegar uma pasta e te encontro lá embaixo.

— Não precisa se incomodar.

— Não é incômodo, vá pegar o seu casaco, já te encontro lá embaixo.

O elevador parou antes que Alyssa dissesse algo, mesmo que ele estivesse apenas conversando, tudo soava como um comando.

Ele pegou a pasta e desceu, Alyssa já o aguardava, foram para o estacionamento e entraram no carro.

— Achei que tivesse motorista. — Alyssa disse

— E eu tenho, mais gosto de dirigir, de estar no controle. — Ele falou a fitando intensamente. — Qual endereço?

— Esse aqui. — Ela fala lhe mostrando o endereço no celular, a pequena proximidade que eles estavam a deixava inquieta.

— Hum, sei onde é esse lugar. — Nolan disse a sua voz grave havia saído um tanto rouca e provocadora, Alyssa olhou para os lábios dele e voltou-se para frente.

— Então podemos ir! — Ela afirmou se afastando.

— Primeiro. — Ele disse e puxou o cinto dela, e o prendeu. — Bem melhor assim! — Ele disse bem próximo, ela podia sentir o seu hálito fresco.

— Obrigada. — Alyssa disse sem reação. — O que estava acontecendo? Ela se perguntou a si mesma.

Durante o trajeto ela evitou olhar para Nolan, não sabia o que estava acontecendo, como o “relacionamento” deles havia ido de zero a mil tão rápido, ela se perguntou se não estava imaginando coisas, depois do dia que conversaram Nolan parecia está evitando ela, mais Alyssa afastou esses pensamentos, ela era só uma funcionária, por que Nolan se importaria?

— Vi que terminou de limpar a minha estante. — Nolan disse quebrando o silêncio.

— Aquilo foi um desafio. — Alyssa falou e os dois riram. — Ouvi que o senhor resolveu levar a sua noiva para jantar naquele mesmo dia que conversamos.

— Ouviu é? 

— Juro que não foi por mal, só ouvi mesmo. Ocorreu tudo bem?

— Não, Erin e eu somos muito diferentes, mas estamos tentando.

— O senhor não a ama? — Alyssa pergunta e vê a expressão facial de Nolan mudar. — Me desculpe, não precisa responder isso, não quis ser invasiva, não foi a minha intenção.

Passa alguns segundos e...

— O amor é uma ilusão. — Nolan ressalta.

— Vocês vão se casar! Como não se amam? 

— O casamento é só um negócio, os meus pais se casaram e vivem bem, o amor não é tudo.

— O amor é tudo, a base do relacionamento é a amizade, mais como existiria amizade se não houvesse admiração, e quanto mais você admira alguém se dá conta do quanto a ama e só quer que ela fique bem.

— Vejo que usa aliança, você o ama? Não posso deixar de ver a tristeza estampada no seu rosto enquanto fala, com certeza se decepcionou! 

— Muito pelo contrário, eu amei tanto alguém que faria qualquer coisa para tê-lo de volta, daria a minha vida por ele.

— E ele onde está agora? O que houve?

— Ele… ele se foi, ainda é recente.

— Me desculpe, eu… 

— Não precisa dizer nada, ficamos juntos há quase dez anos, eu achei que envelheceríamos juntos, mas não somos nós quem decidimos isso. — Alyssa fala secando o seu rosto.

— Me perdoe. — Nolan fala estacionando o carro, já haviam chegado, ele vira-se para ela e passa a mão no seu rosto. — Por favor não chore. — Ele seca as suas lágrimas e os seus olhares se cruzam.

Eles se encaram por breves segundos, mais parece que o tempo havia parado, eles se perdem um no olhar do outro, Nolan acaricia a face dela e Alyssa fecha os olhos, como se aquele toque fosse familiar.

Até que toque do telefone celular de Nolan os tiram dos seus devaneios, ele passa a língua nos lábios e Alyssa acompanha o movimento. 

— Mas que droga está acontecendo comigo. — Ele pensa consigo mesmo

— Obrigada pela carona, senhor! — Alyssa fala saltando do carro rápido. 

Ela caminha para dentro do restaurante e Nolan fica parado lá, observando até ela sumir.

— Oi, você tá aí? — Evan falava do outro lado da linha.

— O que você quer?

— Já estou no seu apartamento, você está chegando?

— Já Evan. Até logo! — Nolan fala e encerra a ligação. 

Ele joga o telefone celular no banco e lembra da sua mão acariciando a pele de Alyssa, a sua mente passava e repassava a mesma cena, os olhos dela o encarando, a boca dela semiaberta e a respiração que mudou com um simples toque. 

Nolan balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos, como alguém que ele nem conhecia o atraia tanto. A verdade é que desde que pousou o olhar sobre Alyssa sentiu atração, ele estava se mantendo o mais ocupado possível para não encontrá-la, mais isso só piorava, ele passou a sonhar com ela, da forma mais inocente e mais pervertida que um homem poderia quando desejava uma mulher.

Tentou sair com Erin, mais o assunto sempre era sobre ela. Ela o procurava na cama e enquanto os seus corpos se uniam era no corpo pequeno de Alyssa que pensava, teve uma noite que ele largou Erin no meio da transa e foi para debaixo do chuveiro, ele não sabia o que estava acontecendo com ele, durante todos esses anos nunca, jamais ficou tão fissurado em alguém dessa forma.

E agora pouco ficou tão próximo dela, tudo o que ele mais queria era beijá-la, mais sabia que se ultrapasse essa barreira não teria mais volta.

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