Capítulo 16 - Dúvidas e Certezas

As peças do quebra-cabeça estavam se encaixando. Cada mentira e manipulação de Francine começava a desmoronar, mas ainda havia muito em jogo. Ester, determinada a proteger Lucas e Lívia, estava cada vez mais próxima de expor a verdadeira natureza de Francine.

Ester havia descoberto algo que poderia destruir Francine de vez. Em uma tarde silenciosa, após horas revisando documentos e ouvindo rumores de contatos na França, ela encontrou o que procurava: provas de que Francine e sua mãe haviam tentado adulterar papéis financeiros para desviar dinheiro de uma empresa familiar de um amigo.

Com o dossiê em mãos, Ester não perdeu tempo. Foi direto ao encontro de Francine.

E foi até a casa de Francine que estava na sala de estar, folheando uma revista de moda, quando Ester entrou com passos firmes e jogou os papéis na mesa à sua frente.

— Acho que temos um problema aqui, Francine.

Francine levantou os olhos, tentando disfarçar a tensão.

— O que você está insinuando agora, Vovó Ester? Disse em tom de deboche.

Ester cruzou os braços, com o olhar fixo.

— Não estou insinuando nada. Estou afirmando que você e sua mãe tentaram roubar dinheiro de uma empresa na França. Tenho provas disso aqui, e se você acha que vou deixar você continuar prejudicando Lucas e Lívia, está muito enganada. E mais, você mexeu com um amigo meu.

Francine tentou manter a compostura, mas havia pânico em seus olhos.

— Você não sabe do que está falando. Esses papéis não provam nada!

Ester se aproximou, inclinando-se para encarar ela bem de frente olhando nos olhos.

— Ah, provam sim. E você sabe disso. E pior? Se eu entregar isso às autoridades, você e sua mãe vão estar muito bem encrencadas.

Francine riu, nervosa.

— Você acha que pode me ameaçar? Eu conheço os segredos da sua família, Ester. Você acha que eles estão a salvo?

Ester estreitou os olhos.

— O segredo que você acha que tem sobre mim é algo pessoal. Não é um crime, e não me leva à prisão. Mas você e sua mãe? Bem, o caso de vocês é bem diferente.

Francine levantou-se, tentando manter a postura ameaçadora.

— Você não ousaria.

Ester sorriu, fria.

— Ouse-me testar.

Francine permaneceu em silêncio, mas seus olhos demonstravam uma derrota iminente.

Naquela mesma tarde, sentada em uma mesa discreta na lanchonete do hospital, eu tentava controlar o nervosismo enquanto esperava Mila. Quando ela chegou, sorriu calorosamente, mas logo percebeu minha inquietação.

Mila Montenegro

— Lívia, o que está acontecendo? Você parecia tão séria na mensagem.

Respirei fundo e a convidei para se sentar.

— Mila, eu preciso te contar algumas coisas. Não é fácil para mim, mas acho que você tem o direito de saber.

Ela segurou minha mão com firmeza.

— Diga, querida. Estou aqui para ouvir.

Comecei do início, minha voz trêmula no começo, mas logo ganhei força. Contei sobre a noite que Lucas e eu passamos juntos e o acordo que fizemos de dormir em quartos separados e manter o casamento de aparências e após o casamento falar somente o necessário. Contei que havíamos combinado um divórcio um ano depois, mas que tudo ficando mais complicado com Francine no meio.

— Lucas mal fica em casa, Mila. Ele dorme fora quase todas as noites. E Francine... — minha voz falhou, mas eu precisava dizer. — Francine me envia fotos dos dois juntos, como se quisesse esfregar na minha cara.

Mila arregalou os olhos, surpresa.

— Fotos?

Peguei meu celular, onde havia armazenado tudo as minhas mãos trêmulas e mostrei as mensagens, ligações e imagens. Mila observava em silêncio, a expressão no rosto dela, alternando entre choque e decepção.

— Lívia, eu... — ela começou, mas parecia não encontrar as palavras.

Baixou o olhar para a mesa, os dedos apertando o guardanapo com força. Finalmente, respirou fundo e disse:

— Eu não entendo. Não é o Lucas que conheço. Ele nunca agiria assim.

— É o que está acontecendo, Mila. E eu não sei o que fazer. Eu não queria causar problemas para ninguém, mas...

Ela interrompeu, balançando a cabeça.

— Lívia, você tem todo o direito de pedir o divórcio. Não posso culpar você.

Foi nesse momento que decidi contar.

— Há mais uma coisa, Mila. Eu estou grávida, falo sem rodeios.

Ela congelou, os olhos se enchendo de lágrimas. Por um momento, não disse nada. Apenas deixou que as lágrimas escorressem pelo rosto, mas eram lágrimas de felicidade.

— Grávida? Lívia, isso é maravilhoso! — ela disse, segurando minhas mãos com força.

— Mas eu não sei como lidar com isso. Tenho medo do que Francine pode fazer.

Mila enxugou as lágrimas e olhou para mim com determinação.

— Você não está sozinha. Não mais.

Horas depois, Mila estava em casa e chamou por Dona Ester. As duas sempre foram muito próximas, mas, naquele momento, Mila precisava de Ester como nunca antes.

— Precisamos conversar — Mila disse, assim que Ester chegou na sala.

— O que houve? — perguntou Ester, já percebendo a seriedade no tom da nora.

Mila sentou-se e começou a contar tudo que Lívia havia revelado. Falou sobre o acordo com Lucas, as mensagens de Francine e, finalmente, sobre a gravidez. Ester escutava em silêncio, mas a tristeza em seu olhar era evidente.

Quando Mila terminou, Ester suspirou profundamente, fechando os olhos por um momento.

— Essa Francine... Eu sabia que ela era venenosa, mas não imaginava que ela fosse tão longe.

Mila assentiu.

— Lívia está sofrendo, Ester. E Lucas... não entendo o que está passando na cabeça dele.

Ester levantou-se, andando pela sala com passos pesados.

— Mila, eu preciso te contar algo. Tenho um dossiê que pode destruir Francine e a mãe dela. Elas tentaram desviar dinheiro de uma empresa na França. Eu já confrontei Francine, mas agora é hora de agir.

Mila arregalou os olhos, sentindo um calafrio subir pela espinha.

— Meu Deus, Ester. Isso é grave.

Ester virou-se para Mila, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e determinação.

— É grave, mas é o suficiente para acabar com ela.

Mila hesitou, mas decidiu contar a novidade.

— Lívia está grávida, Ester, você vai ser bisavó!

Por um momento, o silêncio tomou conta da sala. Então, Ester sorriu, largando tudo que segurava e levantando os braços em um gesto de alegria.

— Grávida? Isso é maravilhoso! — disse ela, dançando pela sala, incapaz de conter a felicidade.

— É, mas precisamos proteger Lívia e o bebê. Francine já causou estragos demais.

Ester assentiu, parando de dançar.

— Não se preocupe. Vamos acabar com Francine.

As duas mulheres trocaram olhares determinados. Sabiam que, juntas, poderiam proteger Lívia e garantir que Francine finalmente enfrentasse as consequências de suas ações.

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