Shin e Yuna desceram das Montanhas Cinzentas com uma nova determinação, mas também com um peso indescritível em seus corações. A revelação sobre o destino que os aguardava era algo que jamais poderiam ter imaginado. Eles agora entendiam que seu papel no equilíbrio entre luz e sombras ia além de uma simples batalha contra o caos: estavam prestes a se tornarem parte do próprio tecido do mundo, sacrificando sua liberdade para salvar tudo que conheciam.
Enquanto caminhavam de volta à cidade, o céu parecia mais pesado, as nuvens escuras se acumulavam e a atmosfera estava carregada de tensão, como se o próprio mundo pressentisse o confronto iminente. O ar estava gelado, e o som do vento nos galhos secos das árvores soava como sussurros de antigos segredos. O castelo de Azura, que outrora simbolizava o poder e a segurança do reino, agora parecia um distante símbolo de esperança enfraquecida.
“Shin…” Yuna quebrou o silêncio, olhando para ele com seus olhos profundos e sinceros. “Eu sei o que está em jogo, mas ainda não consigo aceitar completamente o que isso significa para nós. Estaríamos dispostos a… desaparecer do mundo, a nos perder um no outro para sempre?”
Shin, com o olhar fixo no horizonte, suspirou profundamente antes de responder. “Eu também me pergunto isso a cada passo que damos. É uma escolha cruel, Yuna, mas não podemos permitir que Akuma destrua tudo. Se nós temos esse poder, devemos usá-lo. Mesmo que o preço seja nossa liberdade.”
Yuna assentiu lentamente, mas o brilho de determinação em seus olhos não desapareceu. “Se estamos juntos nisso, então, de alguma forma, estaremos livres. Livre do caos que ameaça este mundo. Isso me dá forças.”
A estrada de volta ao reino de Azura era perigosa. À medida que se aproximavam da cidade, a sensação de desequilíbrio se tornava ainda mais evidente. O vazio, criado pela presença crescente de Akuma, estava se espalhando como uma praga, drenando a energia da terra e dos céus. As pessoas que encontravam pelo caminho pareciam desorientadas, seus olhares perdidos, incapazes de compreender o que estava acontecendo ao redor delas.
Quando finalmente chegaram às portas da cidade, foram recebidos por um cenário desolador. Guardas e cidadãos estavam reunidos nas ruas, discutindo com vozes nervosas e temerosas. As sombras que pairavam sobre a cidade haviam se tornado opressoras, e uma sensação de desespero começava a tomar conta de todos. Mas quando os olhos dos habitantes caíram sobre Shin e Yuna, algo mudou. Mesmo em meio ao caos, ainda havia uma centelha de esperança.
Os dois avançaram pelas ruas e foram diretamente ao salão principal do castelo, onde os conselheiros e líderes do reino os aguardavam com expressões de pavor. Eles sabiam que a chegada de Shin e Yuna significava que o momento final se aproximava.
“Vocês voltaram,” disse o rei de Azura, sua voz pesada. “O que descobriram? Existe uma maneira de parar Akuma?”
Shin deu um passo à frente, seu semblante sério. “Sim. Descobrimos que Akuma não é apenas uma força de escuridão, mas algo muito mais antigo, o vazio. Ele não pode ser derrotado com as armas ou poderes comuns. Precisamos usar algo que transcenda a luz e as sombras.”
O rei franziu a testa, confuso. “Algo que transcenda? O que vocês querem dizer com isso?”
Yuna respirou fundo, tomando a palavra. “Há uma antiga força chamada o Destino dos Escolhidos. Nós, como aqueles que carregam tanto a luz quanto as sombras, podemos invocá-lo e moldar o destino. Mas o preço é alto. Se usarmos esse poder, perderemos nossa liberdade. Nos tornaremos parte do equilíbrio eterno, sem chance de retorno.”
O salão caiu em silêncio. As palavras de Yuna ecoaram pelo espaço, e o peso de sua decisão caiu sobre todos ali presentes. Os conselheiros se entreolharam, incapazes de falar, e o rei fechou os olhos, claramente afetado pelo sacrifício que estava sendo exigido.
Finalmente, o rei quebrou o silêncio. “Se isso for verdade, então vocês serão lembrados como os maiores heróis que o reino já conheceu. Mas… vocês têm certeza de que estão prontos para pagar esse preço?”
Shin olhou para Yuna, e ela lhe devolveu um olhar firme. Eles sabiam que não havia outra escolha. “Sim,” respondeu Shin, sua voz firme. “Estamos prontos.”
Naquela mesma noite, os dois se prepararam para a batalha final. Shin e Yuna sabiam que, uma vez que enfrentassem Akuma com o poder do Destino, não haveria volta. No campo aberto ao norte da cidade, eles sentiam o vazio ao redor crescendo, consumindo as sombras e a luz, tornando-se uma ameaça tangível.
O vento cortava o ar com ferocidade, como se o próprio céu estivesse em guerra. À distância, uma figura sombria se aproximava, seus passos ecoando pela terra arruinada. Akuma finalmente havia chegado, e sua presença era sufocante. Sua forma era indefinida, uma manifestação de puro caos, sem limites ou forma precisa, um ser além da compreensão.
“Finalmente,” Akuma disse com uma voz que parecia vir de todas as direções. “Vocês vêm a mim com a esperança de salvar seu frágil mundo. Patético. A luz e as sombras são brinquedos de crianças. Vocês não entendem o poder que eu sou.”
Shin apertou os punhos, sentindo o poder das sombras dentro de si, enquanto Yuna levantava sua Espada da Luz, que brilhava intensamente na escuridão opressora. “Você é o vazio, Akuma,” disse Shin. “Mas até o vazio pode ser moldado pelo destino.”
Akuma riu, uma risada gélida e sem emoção. “Destinos são ilusões criadas por mortais que temem a verdadeira liberdade. Eu sou a destruição de todas as ilusões.”
Yuna deu um passo à frente, erguendo sua espada com determinação. “E nós somos a prova de que o equilíbrio pode ser restaurado.”
Com um movimento uníssono, Shin e Yuna invocaram seus poderes. As sombras de Shin envolveram o campo como uma tempestade, enquanto a luz de Yuna explodiu em todas as direções, criando uma dança de opostos que se chocavam e se entrelaçavam. No centro dessa tempestade de luz e trevas, uma nova força começou a emergir: o poder do destino.
Akuma rugiu, sua forma distorcida lutando contra a força crescente. Mas o poder de Shin e Yuna estava além do que ele havia imaginado. Eles não eram apenas os portadores da luz e das sombras — eram os escolhidos para moldar o destino de todas as coisas. A luz e as sombras se uniram, criando uma energia que transcendia ambas, uma força que era capaz de conter até mesmo o vazio primordial.
“Pelo equilíbrio!” gritaram ambos, em uníssono.
A luz e as sombras explodiram, consumindo Akuma em uma onda de energia pura. O vazio gritou, sua forma se desfazendo, como se estivesse sendo absorvido pela própria realidade que ele havia tentado destruir. E, no último segundo, antes de desaparecer, Akuma sussurrou: “Isso não é o fim…”
Quando a poeira baixou, Shin e Yuna estavam de joelhos, exaustos, mas vitoriosos. O vazio havia sido derrotado, e o equilíbrio havia sido restaurado. Mas eles sabiam que o preço estava pago. Eles sentiam a conexão entre si se aprofundar, tornando-se uma parte inseparável do equilíbrio eterno.
“Shin…” Yuna murmurou, segurando a mão dele.
“Estamos livres, Yuna,” Shin respondeu, com um sorriso suave. “De uma forma que jamais imaginamos.”
E juntos, eles desapareceram no horizonte, não mais como guerreiros mortais, mas como parte do equilíbrio do mundo, guardiões eternos de um destino que eles mesmos moldaram.
Continua...
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Atualizado até capítulo 38
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