A casa estava limpa e, naquela noite, com certeza, Intan dormiria em paz. Na noite anterior, com apenas uma vela e a casa ainda suja, ela conseguira dormir tranquilamente. Intan sentia-se grata por estar rodeada de pessoas boas como aquelas. Se o grupo da Senhora RT não tivesse aparecido, ela não teria conseguido terminar a limpeza, pois só tinha meio dia disponível e já estava quase na hora do Maghrib. As pessoas saíram rapidamente quando viram que já passava das seis e meia da tarde. Talvez a Senhora RT estivesse certa ao dizer que aquela casa era assustadora para todos. Intan percebeu o medo estampado nos rostos das pessoas quando entravam, elas limparam apenas a parte externa.
"O que será que realmente habita esta casa? Sinto que, quando criança, nunca vivenciei nada parecido", Intan pensou, observando a casa ao redor.
Clank!
"Meu Deus!"
Intan correu para o último quarto, o antigo quarto de sua babá. A lâmpada que tinha acabado de ser trocada e instalada naquele quarto havia explodido, mergulhando o cômodo na escuridão novamente. O ar estava pesado e abafado, mesmo após a breve limpeza.
"É porque a janela nunca é aberta, por isso está tão abafado", murmurou Intan, acendendo a luz externa para ter alguma claridade.
Ao olhar novamente para dentro, ela pensou ter visto alguém em pé no canto do quarto. Fixando o olhar, ela teve certeza de que realmente havia uma figura parada ali. O coração de Intan disparou; ela tinha certeza de que estava sozinha, então quem estaria ali?
Com as mãos trêmulas, ela tentou ligar a lanterna do celular novo, mas sem sucesso. A luz não acendia. Quando ela direcionou o celular para a figura, esta desapareceu. No entanto, quando o ambiente escurecia, a silhueta voltava a surgir. Intan podia jurar que a figura vestia-se de preto, assim como sua babá, que sempre usava preto dos pés à cabeça, incluindo o véu.
"Morra..."
"Meu Deus!", Intan se virou assustada ao ouvir a voz atrás dela.
Ao olhar para trás, não havia mais ninguém, nem som algum. Seu coração batia descompassadamente, o medo a dominava. Era apenas a segunda noite e os eventos estranhos já começaram. Intan correu para o banheiro para fazer sua ablução. Sentia que precisava rezar e ler o Alcorão para afastar qualquer energia negativa.
Blaaap.
De repente, as luzes se apagaram, mergulhando Intan na escuridão total. Ela não conseguia enxergar nada no banheiro e seu celular estava longe, perto da mesa. Mesmo tateando no escuro, determinada, ela continuou a realizar sua ablução.
Um odor metálico e intenso invadiu suas narinas. Era o cheiro inconfundível de sangue menstrual, mas não era proveniente da água. Intan, alheia ao perigo, continuou sua ablução. Ela não percebeu a figura grotesca pairando sobre ela, com olhos penetrantes e brilhantes. A criatura se inclinou, tentando tocar Intan com suas longas garras, mas sem sucesso.
"Preciso rezar agora", Intan saiu apressada em direção ao seu quarto.
Ao passar em frente ao antigo quarto da babá, ela olhou para dentro mais uma vez. Desta vez, não havia dúvidas. Um par de pés envoltos em um tecido preto e espesso estava parado no canto do quarto. Intan congelou, paralisada pelo medo. Era a figura que assombrava a casa, a mesma que aterrorizava a todos.
"Morra..."
"Aaaah!", Intan gritou quando sentiu seus pés sendo puxados com força para dentro do quarto.
"Morra..."
"Me solta", Intan se debatia, tentando se soltar.
"Morra..."
"Allahu Akbar, Allahu Akbar!"
No mesmo instante, a criatura a soltou. As luzes se acenderam e Intan correu em direção ao seu quarto, o coração batendo forte no peito.
"Allah, Allah, Allah!", Intan vestiu seu mukena e começou a rezar, mesmo sentindo dor nos pés.
Apesar do medo, ela precisava rezar para se proteger. Durante a oração, Intan se assustava com os arranhões que ecoavam na porta do quarto, como se garras afiadas estivessem tentando entrar. Ela se esforçava para se concentrar, para que a entidade a deixasse em paz.
Após a oração, ela leu o Alcorão até a hora do Isha. Os ruídos cessaram e Intan se sentiu um pouco mais calma, embora a dor e o medo ainda a acompanhassem. Aquela era a primeira vez que ela vivenciava algo tão aterrorizante. Agora, Intan acreditava que a casa realmente era assombrada. E a entidade era má, cruel. Intan se perguntava se seria o espírito de sua mãe.
"Sniff, sniff... Dói tanto."
"Quem está chorando?", Intan pensou ao terminar de ler o Alcorão e tirar o mukena.
"Dói... por favor, parem com isso."
Intan não teve coragem de sair e ver quem estava chorando. Ela olhou para seus pés e viu marcas arroxeadas e escuras, resultado do ataque da entidade. Ao observar com atenção, Intan percebeu que a criatura tinha dois dedões em cada pé.
"Não pode ser... Não é possível", Intan murmurou incrédula.
Groooom! Groooom!
No telhado, parecia que alguém estava arrastando algo pesado com um gancho de lixo. O barulho estridente ecoava pela casa sem parar. Intan colou o ouvido na parede, tentando identificar a origem do som. Parecia vir do quarto de sua mãe.
"Não, não é do quarto da minha mãe", ela sussurrou.
Bang!
"Oh Deus!", Intan gritou apavorada.
"Morra..."
Intan recuou, apavorada. A voz da entidade vinha do quarto da sua mãe, a mesma voz que a ameaçou e a arrastou pelos pés, deixando marcas profundas.
"Huhuhu... dói."
"Morra..."
Crack! Crack!
O som de carne sendo dilacerada fez Intan tremer. Ela subiu na cama e começou a recitar versos do Alcorão, buscando proteção. Mas os sons horríveis continuavam, fazendo com que ela se sentisse cada vez mais fraca e apavorada.
"Me proteja, Allah", Intan chorou de medo.
Agora ela entendia porque ninguém queria entrar naquela casa. A entidade era aterrorizante, capaz de fazer qualquer um perder o juízo. Intan se viu em uma situação desesperadora. Se ficasse, não sabia quanto tempo suportaria o medo e os ataques da criatura. Mas para onde iria? Ela não tinha outro lugar para ir, apenas aquela casa.
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Atualizado até capítulo 111
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