Capítulo 12: O Erro Fatal - A Aposta Maldita

Aquela noite, quando voltei para casa, o rosto daquele estranho continuava a assombrar meus pensamentos. Fiquei sabendo pelo meu pai que seu nome era Fonseca Abreu, o proprietário da fazenda La Rosa. Meu pai falou dele com respeito, mas havia algo no tom de sua voz que me deixou inquieta. Ele o descreveu como um homem poderoso, com um histórico que não tolerava erros ou desobediência.

Não consegui evitar pensar em Fonseca durante o jantar. Meu pai estava diferente, mais tenso, e minha mãe parecia ter percebido, mas não disse nada. Eu, por outro lado, mal consegui tocar na comida. O medo ainda estava em mim, um medo que eu não conseguia explicar completamente.

Depois do jantar, fui para o meu quarto e deitei-me, mas o sono não veio fácil. Fiquei olhando para o teto, relembrando o olhar de Fonseca, o modo como ele me estudava. Havia algo nos olhos dele, algo que não conseguia esquecer. Era como se ele visse algo em mim que nem eu mesma sabia que existia.

Fechei os olhos e desejei nunca mais cruzar o caminho dele, mas, no fundo, sabia que isso era impossível. Belo Monte era pequena demais, e o velhote era um homem que não parecia esquecer facilmente.

Naquela noite, uma sensação de presságio me envolveu. Algo me dizia que aquele encontro mudaria minha vida para sempre, que ele era apenas o começo de algo muito maior, algo que eu não estava preparada para enfrentar.

Mal sabia eu que aquele homem rude e misterioso teria um papel tão grande em meu destino.

À medida que lua começava a se pôr no centro, papai pegou o chapéu e saiu de casa, dizendo que precisava resolver uns negócios no centro de Belo Monte. Já era tarde, mas ele parecia decidido, e não era prudente contrariá-lo quando ele estava daquele jeito. Tentei-me distrair com os afazeres da casa, mas algo me dizia que aquela noite seria diferente.

Enquanto a noite caía, Gustavo caminhava pelas ruas de Belo Monte, seus pensamentos fervilhando com a ideia de ganhar uma boa quantia de dinheiro para tirar a fazenda do buraco em que estava. Sabia que havia um jogo acontecendo na casa de jogos, e seu coração se enchia de esperança ao imaginar-se voltando para casa com os bolsos cheios de notas. Ele sempre acreditava que a sorte mudaria a qualquer momento, que um golpe de sorte o tiraria de todas as dificuldades. Era esse pensamento que o guiava naquela noite.

Ao entrar na casa de jogos, papai avistou aquele homem, sabe o mesmo de logo sedo Fonseca Abreu sentado a uma mesa, jogando com outros homens. O som das cartas sendo distribuídas, das fichas deslizando sobre a mesa, criava uma atmosfera tensa e excitante. Papai não pôde deixar de sentir uma pontada de inveja ao ver o quão à vontade Fonseca parecia naquele ambiente, como se estivesse no controle de tudo e todos ao seu redor.

— Gustavo, venha se juntar a nós! — disse Sr. Fonseca, com um sorriso que não alcançava os olhos.

Meu pai até hesitou por um momento, mas a ganância e a necessidade de melhorar a situação da família falaram mais alto. Sentou-se à mesa e entrou no jogo. As primeiras rodadas foram tranquilas, e para sua surpresa, começou a ganhar. A cada mão vencedora, sua confiança crescia, e com ela, a vontade de arriscar mais.

O Sr.Fonseca observava papai com um interesse particular. Ele sabia exatamente como manipular um homem desesperado, e papai era um exemplo clássico. A ganância ofuscava seu julgamento, e era apenas uma questão de tempo até que ele começasse a perder.

Quando meu pai Gustavo acumulou uma boa quantia, deveria ter se levantado e ido embora. Mas a sensação de vitória o cegou. Ele não conseguia parar, queria mais. E então, como se o destino estivesse esperando por esse momento, a sorte mudou.

Em poucas mãos, papai perdeu tudo o que havia ganho. Tentou recuperar, apostando ainda mais, mas a maré não voltava. As cartas pareciam conspira contra ele, e Sr. Fonseca observava cada movimento seu com uma calma desconcertante.

— Talvez seja melhor parar por hoje, Sr. Gustavo — sugeriu um dos jogadores, vendo o desespero começar a se formar no rosto dele.

— Não! Eu posso recuperar... só preciso de mais uma chance! — Gustavo respondeu, quase suplicante.

— E o que você vai apostar agora, sr. Gustavo? — perguntou o Sr. Fonseca, sua voz suave, mas carregada de intenções.

Gustavo olhou para suas mãos vazias, já havia perdido tudo que que trouxe e o que havia ganho. Sua mente estava nublada, confusa. Foi então que Sr. Fonseca se inclinou para frente, com um brilho predatório nos olhos.

— E se apostassemos algo que realmente valesse a pena? Algo que ninguém recusaria para aumentar o bolo da apostas... — Fonseca sugeriu, cada palavra uma armadilha.

— Como o quê? — papai perguntou, incapaz de ver a armadilha se fechando ao seu redor.

— Como terras por exemplo, — declarou Sr. Fonseca, — Eu aposto a minha a lá Rosa!

— Eu também aposto as minhas terras da fazenda Monteiro! — declarou Gustavo, num ato de desespero.

O sr. Fonseca levantou uma sobrancelha, como se estivesse apenas esperando por isso.

— Tem certeza que quer fazer isso, Monteiro? — perguntou sr. Fonseca, sua voz suave, quase cínica.

A mesa ficou em silêncio. Os outros jogadores pararam, incrédulos, mas sr. Fonseca apenas sorriu. Um sorriso frio, cruel.

— Sim! Aposto as terras! — Gustavo respondeu, com o olhar vidrado, incapaz de recuar.

— Aceito — disse ele, sem hesitação.

A proposta era insana, impensável. Mas meu pai estava tão afundado em desespero, tão cegado pelo desejo de ganhar, que a lógica se perdeu. Ele pensou na miséria que a nossa família estava vivendo, na pressão sobre seus ombros... e, de alguma forma distorcida, começou a ver essa aposta como uma solução.

— Feito — disse ele, mal reconhecendo sua própria voz.

A partida final foi breve. ele perdeu com uma rapidez que o deixou atônito, incapaz de compreender o que havia acabado de fazer. Quando a última carta foi jogada, ele se deu conta do erro catastrófico que cometera.

O Sr. Fonseca se levantou, recolhendo suas fichas com a mesma calma e frieza que mostrara durante todo o jogo.

— Parece que a sorte não estava do seu lado esta noite, Sr. Gustavo — ele disse, antes de sair da sala, deixando Gustavo sozinho com o peso de sua culpa.

Papai ficou lá, sentado, encarando o vazio. Quando finalmente se levantou, suas pernas estavam trêmulas, e ele cambaleou até o bar. Bebeu como se quisesse apagar a memória do que havia feito, mas o álcool só intensificou seu arrependimento. Lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto enquanto ele chorava como uma criança, sabendo que havia condenado sua própria filha e destruído qualquer esperança de salvação para sua família.

Quando ele finalmente voltou para casa naquela noite, o homem que havia saído não era o mesmo que retornava. Ele estava destruído, despedaçado pelo peso de sua própria ganância e pela maldita aposta que fizera. E, no fundo de seu coração, ele sabia que a partir daquele momento, nada mais seria como antes.

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Comments

Odailma

Odailma

Não entendi…. Ele não havia apostado as terras? Porque a filha foi junto?

2025-01-19

1

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Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 1: Vida em Belo Monte
3 Capítulo 2: A Casa em Desarmonia
4 Capítulo 3: Laços de Sangue e Coração
5 Capítulo 4: O Peso da Dívida
6 Capítulo 5: Segredos à Luz do Entardecer
7 Capítulo 6: Sombras Sobre a Mesa
8 Capítulo 7: O Declínio Silencioso
9 Capítulo 8: O Clímax do Conflito
10 Capítulo 9: Sonhos em Meio ao Café Amargo
11 Capítulo 10: A Chegada do Senhor Fonseca Abreu
12 Capítulo 11: O Encontro que Mudou Tudo
13 Capítulo 12: O Erro Fatal - A Aposta Maldita
14 Capítulo 13: O Acordo Sombrio - Porquê eu?
15 Capítulo 14: O Peso da Escolha
16 Capítulo 15: A Última Carta
17 Capítulo 16: O Desespero da Impossibilidade
18 Capítulo 17: Preparativos para o Casamento
19 Capítulo 18: O Casamento
20 Capítulo 19: A Viagem para a Cidade Grande
21 Capítulo 20: Chegada à Cidade Grande
22 Capítulo 21: A Vida Luxuosa e Sufocante na Mansão de Fonseca
23 Capítulo 22: A Dama da Mansão
24 Capítulo 23: O Jantar dos Poderosos
25 Capítulo 24: No Silêncio da Mansão
26 Capítulo 25: O Despertar de um Monstro
27 Capítulo 26: A Revelação do Cativeiro
28 Capítulo 27: A Sombra da Liberdade
29 Capítulo 28: A Virada de uma Vida
30 Capítulo 29: No Limiar de Sentimentos
31 Capítulo 30: Sob o Véu do Desconhecido
32 Capítulo 31: Adeus, Dubai; Olá, Lagoas
33 Capítulo 32: A Casa Nova, O Novo Eu
34 Capítulo 33: As Correntes Invisíveis
35 Capítulo 34: Um Novo Horizonte
36 Capítulo 35: Sob o Peso da Ira e do Desejo
37 Capítulo 36: Um Conto de Fadas na Realidade
38 Capítulo 37: Duas Vidas, Um Amor: Entre a Realidade e o Disfarce
39 Capítulo 38: Entre Dois Mundos: O Agito do Campus e a Realidade do Poder
40 Capítulo 39: Suspiros à Meia-Luz
41 Capítulo 40: O Veneno do Silêncio
42 Capítulo 41: Desespero e Solidão
43 Capítulo 42: O Funeral da Esperança
44 Capítulo 43: Quando Tudo Estava Contra Mim?
45 Capítulo 44: Os Muros da Injustiça
46 Capítulo 45: O Veredito Final
47 Série Sombras de Um Amor Fatal
Capítulos

Atualizado até capítulo 47

1
Prólogo
2
Capítulo 1: Vida em Belo Monte
3
Capítulo 2: A Casa em Desarmonia
4
Capítulo 3: Laços de Sangue e Coração
5
Capítulo 4: O Peso da Dívida
6
Capítulo 5: Segredos à Luz do Entardecer
7
Capítulo 6: Sombras Sobre a Mesa
8
Capítulo 7: O Declínio Silencioso
9
Capítulo 8: O Clímax do Conflito
10
Capítulo 9: Sonhos em Meio ao Café Amargo
11
Capítulo 10: A Chegada do Senhor Fonseca Abreu
12
Capítulo 11: O Encontro que Mudou Tudo
13
Capítulo 12: O Erro Fatal - A Aposta Maldita
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Capítulo 13: O Acordo Sombrio - Porquê eu?
15
Capítulo 14: O Peso da Escolha
16
Capítulo 15: A Última Carta
17
Capítulo 16: O Desespero da Impossibilidade
18
Capítulo 17: Preparativos para o Casamento
19
Capítulo 18: O Casamento
20
Capítulo 19: A Viagem para a Cidade Grande
21
Capítulo 20: Chegada à Cidade Grande
22
Capítulo 21: A Vida Luxuosa e Sufocante na Mansão de Fonseca
23
Capítulo 22: A Dama da Mansão
24
Capítulo 23: O Jantar dos Poderosos
25
Capítulo 24: No Silêncio da Mansão
26
Capítulo 25: O Despertar de um Monstro
27
Capítulo 26: A Revelação do Cativeiro
28
Capítulo 27: A Sombra da Liberdade
29
Capítulo 28: A Virada de uma Vida
30
Capítulo 29: No Limiar de Sentimentos
31
Capítulo 30: Sob o Véu do Desconhecido
32
Capítulo 31: Adeus, Dubai; Olá, Lagoas
33
Capítulo 32: A Casa Nova, O Novo Eu
34
Capítulo 33: As Correntes Invisíveis
35
Capítulo 34: Um Novo Horizonte
36
Capítulo 35: Sob o Peso da Ira e do Desejo
37
Capítulo 36: Um Conto de Fadas na Realidade
38
Capítulo 37: Duas Vidas, Um Amor: Entre a Realidade e o Disfarce
39
Capítulo 38: Entre Dois Mundos: O Agito do Campus e a Realidade do Poder
40
Capítulo 39: Suspiros à Meia-Luz
41
Capítulo 40: O Veneno do Silêncio
42
Capítulo 41: Desespero e Solidão
43
Capítulo 42: O Funeral da Esperança
44
Capítulo 43: Quando Tudo Estava Contra Mim?
45
Capítulo 44: Os Muros da Injustiça
46
Capítulo 45: O Veredito Final
47
Série Sombras de Um Amor Fatal

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