Amélia,
O silêncio toma conta do quarto e eu tento mais uma vez abrir os meus olhos para ver o que está acontecendo. Mas eles não se abrem ainda, continuam pesados.
— Saia daqui, eu estou mandando. — Meu pai fala, e eu só ouço a porta se fechando. — Viu a merda que você fez, você saiu por um dia e transformou a minha vida num inferno. Se eu for preso por sua culpa, quando eu sair da cadeia eu vou te quebrar todinha, ou você para de andar ou morre de uma vez.
— Pai... — Forço os meus olhos e enfim consigo abri-los. — Porque? Eu sou sua filha...
— Não, você não é a minha filha, você apenas carrega o meu sangue dentro de você, mas isso não me torna seu pai. Já que você acordou, vou chamar o médico para te dar alta, pois não podemos mais ficar aqui.
A porta se abre e eu olho para ela e vejo o cara da casa do James olhando para mim. Ele sai da frente e dois policiais entram e já vão direto segurar o braço do meu pai.
— O que está acontecendo?
— O senhor está preso por agressão à mulher e tentativa de assassinato.
— Que mulher eu agredir? — ele olha para mim. — Eu não bati na minha filha, ou bati em você, Amélia?
Olho para o meu pai que está com o mesmo olhar ameaçador para cima de mim. Balanço a cabeça negando com medo dele, da sua promessa de quando sair matar ou me deixar aleijada.
— Não tenha medo dele, Amélia, você só vai se livrar do seu pai se falar a verdade para os policiais. — Viro o meu rosto para o outro lado e começo a chorar. — Ela está com medo dele, mas podemos resolver isso com o exame de corpo de delito.
Volto a olhar para eles e meu pai está olhando fixamente para o carinha. Depois ele olha para mim com raiva e é arrastado pelos policiais para fora do quarto. Tento me levantar um pouco, mas o meu corpo todo dói. O homem se aproxima de mim e mexe na cama, fazendo ela se elevar um pouco.
— James me mandou aqui para saber como você estava e te levar de volta pra casa dele quando você estiver melhor.
— Meu pai vai me matar quando sair da cadeia, não deveria ter feito isso.
— Ele não vai, não vai nem chegar perto de você. James te prometeu proteção, não foi? Se tivesse ficado na casa dele, não estaria no estado em que está. Mas não se preocupe, James já sabe de tudo e mesmo que você não queira, ele vai te proteger. Agora descansa, não vou sair daqui até a sua alta.
Solto um sorriso para ele e o médico entra no quarto. Ele mexe em mim, me vira de costas, passa algo gelado nela, o que faz aliviar bastante as dores. Depois de me virar de volta de frente, ele anota algumas coisas em uma prancheta.
— Ela não teve nenhuma fratura grave, teve uma hemorragia inteira por causa das pancadas, mas já estabilizamos e está tudo bem. Hoje ela fica aqui em observação, se ela não tiver nenhuma alteração, amanhã darei alta para ela.
— Obrigado, doutor. — Ele assente com a cabeça e sai. — Viu, amanhã você volta para casa do James, você gosta de lá?
Balanço a cabeça concordando, pois na casa do James, mesmo que seja escura, eu me sinto segura, já que lá eu como e não tenho medo do meu pai chegar e me bater sem nenhuma razão como ele fazia muitas vezes em casa.
O dia passa e ele não vai embora, e nem James aparece aqui para me visitar. Porque ele mandou alguém em seu lugar, mas não veio? A noite chega e ele sai e uma enfermeira me ajuda no banho, já que meu corpo ainda está um pouco dolorido e não consigo andar. Depois ela me coloca na cama e o cara chega com uma bandeja, falando que é a minha janta.
— Como você se chama? — Ele arruma a bandeja na cama e sorri para mim.
— Me chamo Edson, eu sou o assistente pessoal do James, é como se eu fosse ele fora de casa.
— E porque ele não veio aqui me ver? — Ele se senta na poltrona e solta um suspiro.
— Acho melhor você perguntar isso para ele amanhã. Não tenho autorização para falar da vida particular dele com ninguém.
— Me desculpa. — Abaixo a minha cabeça e começo a comer a comida, que está uma delícia. Uma sopinha bem quentinha à noite é a melhor coisa desse mundo.
Depois de alimentada, ele tira a bandeja de cima de mim e eu me deito para dormir, ansiosa para que amanheça logo para eu voltar a ver o James.
(...)
Pela manhã, o médico passa, me avalia e fala que eu estou bem, que posso me recuperar em casa. Passa uma receita para o Edson e me dá a alta. Ele me ajuda a andar até o carro dele e, sem esperar mais nada, ele me leva de volta até a casa do James. Meu coração bate tão rápido que parece que vai sair pela minha boca.
— Estava com saudades daqui? — O Edson pergunta, e eu concordo com a cabeça sorrindo. — James também ficará feliz em te ver. Parece que ele realmente gosta de você.
— Ele é tão estranho, sei lá, parece que é gelado por dentro.
— Ele tem um jeito bruto, mas não é tudo isso não. Com o tempo você vai conhecer ele melhor e tenho certeza que vocês formarão um belo casal. Estarei aqui para ver isso. — Ele sorri, e descemos juntos do carro. Olho para ele que está na porta me esperando com o seu jeito rígido de ser. Me aproximo mais dele e seus olhos fixam fixos aos meus.
— Como está se sentindo?
— Meu corpo dói um pouco, mas estou bem. — Ele olha para o Edson e espera uma resposta.
— O médico disse que ela pode se recuperar em casa, mas podemos conversar no escritório? Deixe ela ir para o quarto, pois ela precisa descansar para se recuperar.
Ele concorda com a cabeça e chama a Lira para que me acompanhe até o meu quarto. Olho para trás enquanto vou subindo os degraus, sem tirar os olhos do meu salvador, e por um instante, um único segundo, posso garantir que vi um sorriso lindo em seus lábios.
— Que bom que voltou, senhorita. Você viu a Lourdes lá na sua casa?
— Desculpa, eu não vi nada. Meu pai já chegou me batendo e acabei desmaiando. Quando eu acordei, já estava no hospital.
— Vou ter que ir lá, eu não estou conseguindo falar com ela desde o dia que ela te mandou para cá. Descansa, menina, agora você ficará bem. — Ela me ajuda a me deitar na cama e sai, mas me deixa preocupada com a Lourdes, que me ajudou a sair do meu mundo de tormento.
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Atualizado até capítulo 105
Comments
Josi Gomes
MAIS AMANHÃ O TAL FUTURO MARIDO DELA, VAI LEVÁ-LA COM ELE , AMÉLIA JÁ DEVIA TER FALADO ISSO PARA ELE
2024-12-19
1
Patricia M
o pai dela fez alguma coisa com a empregada psra ela falar onde estava Amélia
2024-11-11
13
Ivanilde T. Serra
Ficou alegre em ter você de volta em casa.
2025-01-14
0