Ela é tão fofinha, precisa apenas de cuidados. Os cabelos ruivos poderiam estar mais bem hidratados e as roupas também poderiam ser melhores. Parece que vou me tornar um Pigmalião para ela.
— Tá, não vou te mandar de volta. Vou me casar com você. Seremos marido e esposa, mas somente no papel. Não posso levá-la para a minha cama. E não vai reclamar se eu trouxer outra mulher para casa, pois não quero te machucar, mas sou homem e preciso me aliviar. — Ela se senta no chão, como se estivesse aliviada com isso.
Fico incomodado com sua atitude. Será que ela quer mesmo que eu tire a sua virgindade? Ela não me viu ainda de verdade. As luzes da minha sala são mais fracas, além da máscara que eu uso. Mas o fato é que ela não viu o meu verdadeiro rosto. Não viu o meu rosto deformado, não viu o monstro que eu realmente sou. Será que mudaria seu comportamento se me visse?
— Venha aqui, menina, vou te mostrar uma coisa que com certeza vai te fazer mudar de ideia. — Pego sua mão, faço-a se levantar e a levo até a cozinha, onde a luz é mais forte. Vou na frente dela e, assim que chegamos, tiro a minha máscara devagar para que ela veja o meu verdadeiro rosto. — Sou deformado, garota, e acho que você não vai querer um marido assim, não é?
Ela se aproxima de mim e passa a mão na minha cicatriz. Olhando bem nos seus olhos, não vejo pena neles, não vejo ela com dó de mim, e sim um olhar... Não sei decifrar o que ela está pensando, mas o toque suave da sua mão me faz ter sensações estranhas.
— Isso não é vergonha para ninguém. Vergonha quem tem que ter é quem rouba, quem mata e faz maldade com as pessoas. Você está machucado, mas isso não é motivo para se envergonhar de nada.
Seguro em sua mão com força, tirando-a do meu rosto, sem entender o porquê de ela estar sendo tão boa assim. Ela nem me conhece para falar de mim, como se eu não tivesse culpa de nada. Ela não conhece a minha história e nem imagina o tipo de monstro que eu sou, não só por fora, mas por dentro também.
Mas ela abre um sorriso singelo, e eu fico ainda mais perdido. Será que ela é tão ingênua assim mesmo, ou será que ela já sabia que eu era um deformado e está apenas garantindo a permanência dela nesta casa?
— Já sabe da minha história? — Ela nega com a cabeça, e eu busco em seu olhar qualquer indício de mentira. — Pois bem, como você se chama?
— Amélia Slink.
— Lindo nome. — Olho para trás e chamo a minha governanta, e ela se aproxima. — Lira vai te levar até um dos quartos de hóspedes, você ficará lá como minha convidada até o casamento. Mas, como eu disse, não se meta na minha vida pessoal. Aqui dentro, só seremos marido e mulher no papel. Nada de entrar no meu quarto sem a minha permissão, entendeu?
— Sim, senhor, eu prometo que vou fazer tudo o que o senhor mandar. Desde que me mantenha em sua casa e em segurança, não terá do que reclamar de mim, eu juro.
— Combinado, agora vá. Edson... — Chamo-o de volta. — Procure outra mulher para eu passar a noite, essa menina é muito nova para mim. E não tem estrutura para me aguentar.
— Se quiser, eu a levo de volta, James. Você não precisa ficar com ela se não quiser, muito menos se casar.
— Deixe-a aí. Se ela me incomodar, eu a mando embora. Agora vá e faça o que eu te mandei. — Ele segue para fora e eu olho para as escadas, imaginando como vai ser ter uma adolescente na minha casa.
Mas ela é muito bonita, isso eu não posso negar. Seus cabelos ruivos são raridade para mim. Já transei com todos os tipos de mulheres, mas nunca uma ruiva original. Balanço a minha cabeça afastando esses pensamentos, ela será nessa casa como uma prima ou amiga, talvez a trate até mesmo como uma filha, já que praticamente tenho o dobro de sua idade.
Assim que o Edson volta, ele diz que está uma confusão enorme de onde ele comprou a mulher. Pelo que ele diz, Amélia fugiu e a casa está fechada.
— Você falou que ela está aqui?
— Não, senhor. Também não encontrei o segurança que a trouxe para cá. Mas vi a mulher que o senhor comprou, ela disse que sem dinheiro, o cafetão não vai liberá-la para vir.
— Volte lá e leve o dinheiro para que ela passe só a noite comigo... Não, esquece, não pode ser nenhuma mulher de lá. Amélia disse que o pai dela ia vendê-la para outro homem, se uma das mulheres a ver aqui, vai entregá-la, o que vai ser bem pior. Faz o seguinte, pesquise tudo que puder sobre a Amália Slink. Quero tudo amanhã cedinho.
Vou ter que ficar mais uma noite sozinho. Foram dez anos, o que é uma noite a mais? Subo para o meu quarto e, antes de entrar, olho para a porta em que ela está. Essa casa sempre foi tão solitária quanto eu, sempre silenciosa, pois até as empregadas não fazem barulho. Espero que ela seja comportada também, e que não vire minha casa e nem minha vida de ponta cabeça.
Entro no meu quarto indo direto para o banheiro. Relaxo deixando a água cair sobre o meu corpo, mas o foda, é que a garota não sai da minha cabeça. Seu toque tão macio sobre a minha pele queimada fez meu corpo reagir estranhamente. Pensei que ela ia sair correndo, mas não, parecia que era algo normal para ela.
Desligo o chuveiro e enrolo a toalha em minha cintura. Quando abro a porta do banheiro, ouço um barulho no closet. Vou até ele e me deparo com ela enrolada em uma toalha mexendo nas minhas camisas.
— O que está fazendo aqui? — Falo com um tom elevado e ela se vira com tudo. O susto faz ela largar a toalha, que cai no chão me dando a visão de todo o seu corpo perfeito. Merda!
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Atualizado até capítulo 105
Comments
Mari Silva
/Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/ tadinha matou o homem de coração /Chuckle/
2024-12-04
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Jucileide Gonçalves
A casa eu não sei, mas sua vida com certeza vai virar de ponta a cabeça.
2024-12-20
0
Mary Fabricio
Eu acredito sinceramente que não,ela não te enxergará como um monstro.🥰
2024-12-04
0