##Capitulo 2 Recuar para prosseguir!!!

A porta do porão rangeu. A empregada entrou, o rosto pálido de horror ao me ver estendida no chão, imóvel. Ela correu até mim, os dedos tremendo enquanto buscava por um sinal de vida. Mal sabia ela — meus batimentos estavam quase imperceptíveis... exatamente como planejei.

— Senhorita Daiana! — gritou em desespero. Sem perder tempo, saiu correndo pelos corredores da mansão.

O som de passos apressados ecoou logo em seguida. O mordomo entrou esbaforido, os olhos arregalados ao me ver. Sem hesitar, ajoelhou-se e me pegou no colo.

— VÁ CHAMAR O MÉDICO, AGORA! — bradou com uma voz tomada pelo pânico.

Ao sentir seus braços, voltei a respirar bruscamente, fingindo uma súbita recuperação. O mordomo engasgou com o susto, arregalando ainda mais os olhos.

— Graças a Deus... está viva! — murmurou, aliviado.

Abri os olhos com esforço, encenando confusão. — Onde... onde estou...? — sussurrei, antes de desmaiar outra vez.

O médico chegou correndo logo depois, ajoelhando-se ao meu lado. — Ela tem pulso, mas está fraco. Se eu demorasse mais... ela poderia ter morrido — disse com gravidade.

Depois de me examinar cuidadosamente, levantou-se e encarou o mordomo.

— Ela precisa de repouso absoluto. Sem abalos emocionais e com uma alimentação reforçada. —

— Sim, doutor! — respondeu ele, aliviado mas tenso.

Meu plano funcionou perfeitamente. Agora... é hora de virar o jogo.

Esse corpo é frágil demais. Se quero sobreviver, preciso torná-lo uma arma. — pensei, enquanto fingia dormir.

Dias se passaram. Agora, as refeições vinham três vezes ao dia, fartas e nutritivas. Aproveitava cada segundo da reclusão para treinar. Fazia flexões, agachamentos, alongamentos. Meu corpo tremia no início, mas minha determinação não vacilava.

Mesmo com um rosto angelical, minha aparência escondia a força crescente dentro de mim. Duas semanas se passaram. Além da empregada, ninguém vinha me ver. Isso só reforçava minha suspeita: algo estava por vir.

Naquela manhã, a porta se abriu. A figura da minha madrasta surgiu com elegância cruel. Ana Stanley, com seus cabelos negros impecáveis e olhos castanhos penetrantes, sorria com veneno nos lábios.

— Parece até corada... Está se sentindo melhor? — disse ela, entrando devagar.

— Graças aos seus cuidados, estou muito melhor. — respondi, olhando-a diretamente nos olhos.

Ela hesitou. Seu rosto se contorceu em surpresa, quase como se tivesse visto um fantasma. Deu um passo para trás.

— Se está tão bem assim, devia ter ficado mais no porão... refletindo sobre os seus atos. Quando seu pai chegar, vamos conversar seriamente sobre você — disse com um sorriso perverso antes de sair, trancando a porta atrás de si.

Ela está tramando algo... Mas se quiser me destruir, vai ter que ser mais esperta do que eu.

Ninguém sabia, mas durante minha reclusão, estudei cada canto da mansão. Aprendi os horários dos empregados, os turnos dos guardas. Descobri passagens secretas no mapa da mansão, escondido no escritório do conde. Entre meio-dia e meio-dia e meia, o jardim ficava deserto... a rota perfeita de fuga, se necessário.

Na manhã seguinte, desci para o salão principal. Era a primeira vez que me sentava à mesa com a família nesta nova vida. O conde me esperava na cadeira central. À sua esquerda, Ana. Ao lado dela, minha meia-irmã Alana. Meus passos soaram como trovões naquele silêncio desconfortável.

Fiz uma reverência. Sentei-me à direita do conde. Alana me lançou um olhar fulminante.

— Esse lugar é do Ricardo! — rosnou.

— Quando ele não está, cabe à filha mais velha ocupá-lo. — respondi com firmeza.

— Parece que você não se arrepende dos seus atos, Daiana — disse o conde com a voz fria como aço.

Sem hesitar, levantei-me. Ajoelhei-me diante de todos. — Sinto muito, Alana. De verdade.

O conde ergueu uma sobrancelha. — Sente muito... pelo quê?

— Por tentar te envenenar. — declarei, sabendo que não era verdade, mas era necessário recuar... por agora.

— Fique aí mesmo — ordenou ele. Permaneci ajoelhada enquanto todos jantavam. Ana e Alana sorriam satisfeitas. Como se tivessem vencido.

— Devíamos discutir o futuro de Daiana — disse Ana. — Pensava em mandá-la para o convento. Um destino melhor do que ela merece.

— Convento...? — murmurou o conde, pensativo.

— As atitudes dela ultrapassaram todos os limites. No convento, ao menos aprenderia obediência.

— Se for pra me mandar pra algum lugar, mande-me para o treinamento militar! — exclamei com voz firme.

O silêncio caiu como uma lâmina. O conde me olhou, surpreso. Ana reagiu com desdém.

— Você não tem voz aqui, menina! — vociferou.

— Estão decidindo sobre a minha vida. Claro que tenho o direito de opinar! — repliquei, mantendo os olhos fixos em meu pai.

Por um instante, o conde ficou em silêncio. Então, assentiu. — Muito bem. Se é isso que quer... vai para o treinamento militar.

Ana e Alana trocaram sorrisos maliciosos.

— A partir de hoje, vai acordar antes de todos. Dormir depois de todos. Vai aprender o que é disciplina. — declarou Ana.

— Aceito meu destino. — disse com firmeza.

Prefiro sangrar em treinamento... do que apodrecer em silêncio num convento.

E assim, com o olhar de quem não se renderá novamente, levantei-me e voltei para o quarto. Mas agora... meu coração ardia com um novo propósito.

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Comments

Frederica Ribeiro

Frederica Ribeiro

que droga! mais um pai que não serve nem pra fazer o papel dele . amar e proteger

2024-09-21

5

Aerilyn Bambulu

Aerilyn Bambulu

Uau, este livro me deixou sem fôlego!

2024-08-29

2

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Atualizado até capítulo 42

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