Um conselho

Sebastian

No escritório eu deveria me preocupar com as plantas dos apartamentos que trouxe da matilha para os sócios, mas me encontro sentado à minha mesa, ainda tentando processar tudo o que descobri sobre.

A teoria de que ela usa Maya para se proteger volta com toda força depois de ter descoberto que ela é dez anos mais velha do que nós, ainda que não pareça. Dimitry entra pela porta de vidro e se joga no pequeno sofá no canto da sala, olhando-me com curiosidade.

— Acabei de descobrir que você é uma Maria cupim — digo com um olhar entre calando entre a ironia e a seriedade. —Pelas contas que fiz, Heyde tem os seus 33 anos hoje.

— Ela é bem ativa — brinca meu amigo, fazendo-me rir. — Então isso significa que…

— Ela cuida de Maya desde sempre. Se passou por amiga dos pais adotivos dela até o acidente que os matou e depois ela e uma outra bruxa adotaram Maya.

Dimitry não diz mais nada. Apenas se levanta retirando seu celular do bolso e o coloca em cima da minha mesa. Ele carrega consigo uma versão da nossa tecnologia, algo que funciona entre os dois mundos, diferente dos telefones comuns que param de funcionar ao atravessar.

Decido que precisamos de mais orientações e pego o telefone para ligar para minha mãe, pois sabemos que apenas ela tem as respostas que procuro.

— Oi, meu amor — A voz dela soa do outro lado da linha após alguns toques. Calorosa e acolhedora como sempre.

— Mãe, preciso falar de algo importante. — Digo, tentando manter minha voz firme.

— Claro, querido. O que aconteceu? — Ela pergunta e a sua voz se torna preocupada.

— Acredito que Maya está sendo usada por uma bruxa para se esconder de algo, não consigo pensar em outro motivo para alguém com tanto poder usar uma humana como se estivesse lhe protegendo.

— Uma bruxa com a sua companheira? — a minha mãe pergunta e eu afirmo. Ela murmura algo do outro lado e acredito que não está sozinha, então aguardo até que ela retorne para mim. — Como se chama essa suposta bruxa?

— Heyde.

Outro silêncio se segue, e posso ouvir minha mãe respirando fundo antes de falar novamente.

— Sebastian, preciso te contar algo. — Ela começa, sua voz agora mais séria. — Mas primeiro quero ter certeza dessa história toda. Vou mandar Loren até você para que ela analise sua companheira.

— Vai mandar minha irmã? Mãe, o que está acontecendo?

— Filho, preciso que confie em mim e seja paciente. Não é o momento ainda de dizer tudo. — Ela responde com sua voz firme mas cheia de carinho.

— Tudo bem, mãe. — Digo, tentando esconder minha frustração. — Vou esperar Loren chegar.

— Obrigada, querido. Loren estará aí em breve. Enquanto isso, mantenha-se vigilante e não tente confrontar a bruxa ainda, não até eu ter certeza da minha suspeita. — Ela diz com sua voz suavizando um pouco.

— Entendido. — Respondo, sentindo uma nova onda de curiosidade.

Desligo o telefone e olho para Dimitry, que está me observando atentamente.

— Então, o que ela disse? — Ele pergunta.

— Loren está vindo para nos ajudar a confirmar algo para minha mãe. — Respondo, ainda processando a informação e Dimitry arqueia a sobrancelha.

— Confirmar o que? — ele questiona e dou de ombros.

— Ela não me disse nada, apenas me pediu para não confrontar Heyde até Loren confirmar sabe-se lá o que.

Dimitry franze a testa, claramente intrigado. Assim como eu, vejo que ele se sente perdido.

— Isso é estranho. — Ele comenta, pensativo. — Mas se a Luna acha que é importante ao ponto de investigar por si, então devemos seguir o conselho dela.

— Concordo. — Respondo, tentando manter a calma. — Vamos esperar Loren chegar e ver o que ela descobre.

Dimitry assente, mas posso ver que ele está tão ansioso quanto eu. Decidimos que, enquanto esperamos, vamos continuar investigando discretamente. Precisamos de mais informações sobre Heyde, e qualquer pista pode ser crucial.

— Vou investigar para descobrir onde fica o cartório onde está o registro da adoção de Maya. — Dimitry sugere. — Talvez haja algo lá que possa nos ajudar a entender melhor a relação entre as duas. Ou tenha qualquer outra informação para nos dar uma direção.

— Boa ideia. — falo, agradecido por ele conseguir pensar em algo tão rápido. — E eu vou tentar falar com algumas pessoas que conhecem elas. Talvez alguém saiba de algo que possa nos ajudar.

Passamos o resto do dia investigando, cada um seguindo suas pistas. Sinto a ansiedade cresce a cada minuto, mas entendo que preciso ser pacientes e cuidadosos. A segurança de Maya depende disso.

Quando a noite cai, ainda não temos muitas respostas, mas estamos mais confiantes do que nunca, pois Loren deve chegar em breve, e com sua ajuda, finalmente vamos descobrir a verdade.

Minha irmã é uma rastreadora habilidosa. Nada escapa do seu faro e saber que ela quem irá tomar conta dessa investigação me conforta de certo modo.

— Vamos descansar um pouco. — Dimitry sugere em um momento da noite, vendo minha expressão cansada. Embora não precisemos dormir tanto quanto um humano, já tem dias que não consigo pregar os olhos por mais de uma hora e acredito que isso o preocupe. — Amanhã será um dia longo.

Afirmo, sabendo que ele está certo. Precisamos estar em nossa melhor forma para continuar investigando e o cansaço não irá me deixar fazer nada.

O hotel não fica longe do escritório e chegamos antes que meu corpo não suporte mais estar em pé.

— Boa noite, Dimitry. — Digo, assim que a porta do quarto se abre para mim.

— Boa noite, Sebastian. — Ele responde, dando-me um tapinha no ombro e seguindo para o quarto ao lado.

Não vejo a hora de me jogar na cama do hotel e desmaiar até o próximo dia. Tomo um banho rápido e logo estou entre os lençóis de seda, pensando em toda aquela história maluca que estou vivendo.

Logo o sono me agarra, trazendo com sigo um sonho muito bom onde uma ruiva de olhos verdes corre animada em uma praia linda, escondida em algum lugar da terra onde não temos problemas algum.

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