Capítulo 14 O jantar

Eu acordei ansiosa no sábado. A campainha toca e recebo um belíssimo buquê de rosas amarelas. O cartão perfumado dizia: bom dia Aby. Para colorir o seu dia. Ansioso para que chegue o jantar ".

Eu sorri com o gesto carinhoso e resolvi escolher um vestido mais atraente. Fui a uma loja dentro do residencial, lá o preço era mais acessível.

Aproveitei para cuidar das unhas e cabelos. A tarde estudei para as provas da próxima semana.

Estava na hora de me arrumar. Tomei o meu banho. usei a loção hidratante que Eve me dera e o meu perfume preferido.

Deixei os cabelos soltos e fiz uma maquiagem simples. Deu uma olhada no espelho e aprovei o visual.

Pontualmente ele chegou. Dei uma última olhada no espelho, peguei a minha bolsa e fui atender a porta. Prendi a respiração ao ver Luke totalmente diferente numa roupa casual, mas extremamente lindo e sexy. Senti um arrepio na nuca.

Ele me olhou de cima a baixo com um brilho nos olhos.

Luke: oi Aby. Você está mais linda ainda.

Aby: oi. Obrigada. Você também está muito bonito.

Luke: está pronta?

Aby: estou.

Ele pegou a minha mão e me levou até o carro. Abriu a porta e me ajudou a entrar. Depois de sentar-se ao lado, olhou novamente para mim antes de dar a partida.

Luke: gostou das flores?

Aby: Ah sim. Adorei. Foi a primeira vez que recebi flores.

Luke: e não será a última. Espero que seja só de mim.

Ele murmurou essa última fala, mas eu ouvi e fiquei pensativa. O que isso significava?

A pizzaria era perto da lagoa da Pampulha. Apesar de exalar um cheiro desagradável na maior parte do dia. aquela hora estava melhor. E era muito linda.

Aby: eu acho essa lagoa linda. É uma pena que não cuidam direito dela.

Luke: também acho. É uma falta de respeito com o meio-ambiente. Essa lagoa foi projetada não só para embelezamento como abastecer as casas Infelizmente tomou outro rumo.

Entramos e o garçom nos levou à uma mesa com vistas para a lagoa.

Luke, ; o que vai beber?

Aby: pode ser um suco? Eu não bebo bebida alcoólica.

Luke: claro. Quer escolher o sabor da pizza? Ou prefere outra massa?

Aby: quero pizza. Mas pode escolher. Gosto de qualquer sabor.

Pedi cerveja, uma jarra de suco de abacaxi com hortelã e pizza à portuguesa.

Luke,: Aby, posso te fazer umas perguntas?

Aby: pode. Não sei se irei responder a todas.

Luke: mulher misteriosa, linda, inteligente, independente. Você é um desafio.

Aby: obrigada pelos elogios.

Luke: você tem namorado?

Aby: não.

Luke: já teve algum?

Aby: um namorico de colégio. Mas nada importante.

Luke: por que vive uma vida de freira?

Aby: engraçado você dizer isso. É a segunda pessoa que me fala. Helen, a minha amiga da faculdade também disse isso.

Luke: por que ela disse?

Aby: porque vive me chamando para baladas, querendo me apresentar rapazes e eu só digo não.

Luke: você não se interessa por rapazes?

Aby: não é para isso que vim parar aqui. Quero estudar, ter autonomia financeira.

Luke: uma coisa não impede a outra.

Aby: em muitas famílias sim. Aconteceu com a minha mãe. E não vou permitir que aconteça isso nem comigo e nem com a minha irmã.

Luke: talvez a sua mãe escolheu não trabalhar fora.

Aby: eu sei que não é a vontade dela

E não consigo entender o motivo dela continuar por anos sendo servil aos caprichos machistas do meu pai.

Luke: você tem mágoa do seu pai. Vejo o brilho de raiva quando fala dele. Desculpe por tocar num assunto que a chateie.

Aby: não me chateou. Eu não me dou bem com o meu pai, apesar de tudo o amo. Eu só queria que ele entendesse os meus motivos.

Luke: ele é um dos nossos fornecedores. Mas eu não o conheço pessoalmente. Sei que é um empresário de sucesso. E confesso que fiquei um pouco irritado por ver você passar pelo que passou sem necessidade.

Aby: peço que não fale nada com ele sobre o ocorrido. Ele iria jogar na minha cara e até me forçar a voltar. Nem que precise usar da minha mãe para isso.

Luke: pode ficar tranquila. Admiro-a por sua fibra. Qualquer uma iria correr para os braços do pai e desistir.

Aby: eu nunca correria para os braços dele. Dar a ele o gosto de se sentir mais forte? Ele não é.

A pizza chegou e comemos em silêncio. Ela era determinada. E como é linda. Theo ficaria muito feliz se ela fosse a mãe dele.

Aby: e como vai Theo?

Eu assustei com a pergunta dela. Será que tem o poder de ler mentes.

Luke: está muito bem. Resolvi não falar com ele que nós dois íamos sair. Ele iria se sentir dividido.

Aby: eu entendo. Ficaria muito feliz com ele aqui. A alegria dele é contagiante. Você é um pai incrível.

Luke, : obrigado. Theo é fácil de amar. E os meus pais me ajudam muito.

Aby: a mãe dele morreu?

Arrependi quando fiz a pergunta. Os olhos dele escureceram e o semblante fechou.

Aby: desculpe pela pergunta indelicada. Não precisa responder.

Luke: está tudo bem. Não é culpa sua se fico com raiva ao lembrar da mãe de Theo. Ela não morreu. Resolveu que não queria ser mãe assim que soube da gravidez. Ela só não abortou porque era vigiada dia e noite. Eu prometi a ela uma quantia significativa para levar a gravidez adiante. Assim que Theo nasceu, ela o deixou na maternidade e foi embora com o amante.

Aby: eu sinto muito mesmo. Não imaginava isso.

Luke: nem eu. A conheci numa igreja, tirando fotos. Da minha parte era um sentimento forte e achei que era correspondido. Fiz o pedido de casamento e assim que ela assinou o contrato nupcial e viu que havia a cláusula onde estipulava o tempo necessário para ela receber uma parte da minha fortuna, ela se modificou. Não de imediato. Mas aos poucos foi se mostrando fria, desinteressada e quando viu que estava grávida, ficou furiosa. Só aí entendi que ela queria era dinheiro. Então dei o que ela queria. E nunca mais a vi.

Aby: muito triste para o Theo. Suponho que ele não sabe.

Luke: não. Eu disse que ela morreu.

Aby; ah mas isso também é ruim Luke. Mentiras não ficam encobertas eternamente.

Luke: eu sei. E pretendo falar a verdade. Espero contar com a ajuda de um terapeuta.

Aby: ele vai entender os seus motivos.

Luke: assim espero. Me diga, qual seria a sua reação se fosse com você?

Aby: eu ficaria magoada claro. Mas tentaria entender os motivos que tudo foi para me proteger.

Eu sabia que ela iria sofrer quando soubesse da sua história. E no caso, da parte do pai não foi para protegê-la.

Luke: quer sobremesa?

Aby: estou com vontade de tomar sorvete.

Luke: eu também.

Tomamos um sorvete de flocos com chocolate e depois fomos dar uma volta pela orla da lagoa. A noite estava linda. A lua cheia inspirava vários casais e por um momento eu queria Aby nos meus braços.

Luke: Aby, você entendeu a obsessão de Theo por uma mãe agora?

Aby: sim, entendo. E sabe que eu me identifico com ele. Eu tenho carência de amor paterno. É como se eu fosse órfã de pai, com ele vivo.

Luke: sabe que Theo a escolheu para ser a mãe dele?

Aby: ele é um fofo. Mas não o leve tão a sério.

Luke: e se eu disser que concordo com ele?

Aby: eu não estou entendendo onde você quer chegar.

Luke: acho que está entendendo sim. Mas eu pergunto. Você quer ser a mamãe do Theo?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***