Dia de meninas

Viemos nós duas para a piscina aquecida da nossa casa, seria algo mais íntimo para que tivéssemos a conversa que estava me apavorando, mas me sentiria melhor se falasse, então assim fiz.

Minha mãe trouxe vinho e colocamos um biquíni, aqui não é um lugar onde venham soldados então ficamos bem a vontade.

Por isso que o pai morre de ciúmes né, mãe como pode não ter uma gordurinha no corpo — falei rindo, minha mãe não tinha quarenta anos e se cuidava muito.

Tenho um marido gostoso e perfeito, não posso ficar para trás né, vem vamos entrar na água — falou e entramos.

Ai eu amo esses momentos que passamos juntas, agora sem as aulas podemos ter mais dias assim né — falei e ficamos as duas na água.

Vamos lá, me conte logo que estou me roendo de ansiedade, o que aconteceu ou você sente pelo Enrico? — falou ela.

Eu não sei mãe, de verdade eu não sei, eu sinto algo diferente pelo Enrico, sinto sim um amor diferente, ontem eu o confrontei, disse que o Connor havia mandado mensagem e ele o bloqueou no meu celular e ficou furioso, eu disse que ele saia com todo mundo e que ele não deveria me prender, o confrontei mesmo,” Enrico, o que você sente em relação a mim” — falei para minha mãe, que estava atenta a cada palavra que eu dizia.

O que ele te respondeu? — ela perguntou.

Ele me beijou, foi um beijo tão bom, mas parece que ele teve um surto e me deixou sozinha lá, ele me deixou sozinha após dar meu primeiro beijo, agora decidi que ele pagará, por isso aceitei conhecer alguns dos candidatos, ele vai ver que eu não sou criança — finalizei.

Filha, um relacionamento entre vocês assusta ele, assustam mais gente meu bem, seu primo será o Don, ele tem muitas responsabilidades e no mínimo continua lutando contra o que sente, seu pai me disse que ele avançou no pai do Connor, dizendo que vocês não casariam, Enrico nunca faria isso, ele sente algo muito forte por você, mas concordo que sim ele tem que pagar, apoio que saia com alguém e que o faça entender que ele não pode te tratar igual criança, e te digo que o seu pai não gostará de saber que vocês andaram se pegando, se Enrico te quer ele tem que ter a hombridade de falar com o seu pai e assumir um compromisso — ela falou e nesse momento não me senti confortável, será que o jeito é casar agora? Será que o que sinto é tão grande a ponto de me casar?

Passamos a manhã rindo e conversando, minha mãe me incentivou a dar um gelo no Enrico, pedi que nesse momento ela não falasse nada com a tia e as outras meninas, ela super doce e maravilhosa assentiu, fui tomar um banho e me arrumar para ir até a instituição nessa tarde, falar com as crianças e organizar com as funcionárias sobre a festa que teríamos para arrecadar fundos, não precisamos de dinheiro, mas a instituição é usada para as coisas que nossa família precisa fazer, Paola estaria lá também e iriamos comprar algumas roupas para as crianças, tomei meu banho e saí de casa um pouco antes do almoço, hoje eu comeria lá com elas.

Filha, não vai almoçar? — perguntou meu pai.

Comerei na instituição paizinho, Paola está me esperando lá — falei beijando sua mão e saindo de casa.

__ Vão com cuidado, qualquer coisa me liga imediatamente — eu tinha 19 anos, mas meu pai me tratava igual uma criança, na saída meu carro passa pelo carro do Enrico entrando e meu coração não deixa de palpitar quando nossos olhares cruzaram, mas mantive a pose, não deixaria ele perceber que me confunde dessa forma.

   Meu telefone toca e vejo ser ele, mas não vou atender, desligo a chamada e ele liga mais uma vez, desligo o celular e largo ali, focando em chegar ao meu destino.

Enrico…

  Minha manhã foi uma merda, Luca chegou na empresa para pegar a lista de nomes que temos de possíveis soldados que estariam em jornada dupla, precisamos fazer uma limpa e descobrir quem são os traidores e resolver tudo, aproveitar e jogar o Luca na fogueira.

Sabe pai, Luca tem sentimentos pela sua filhinha — falei rindo e ele arregalou os olhos.

A é, que bom saber, talvez agente se encontre em algum tatame por ai — ele respondeu e meu amigo ficou sem jeito enquanto o pai ria da situação.

Ficamos ali na empresa até próximo do almoço, minha mãe ligou e pediu que fossemos em casa almoçar, meu pai nunca dizia não para ela, então seguimos até para o complexo cada um no seu carro, assim que passei pelo portão vi o carro da Lavínia saindo, nossos olhares se cruzaram e pude ver uma mágoa nele, senti uma culpa infernal e liguei para ela, a tinhosa desligou duas vezes, na terceira tentativa o celular estava desligado, talvez seja melhor assim, melhor que ela esteja ciente de que isso é errado e que não pode acontecer, entro para dentro preocupado em saber onde ela estaria, mas como saber sem perguntar e sem ela me atender.

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