OS PADRINHOS DE VIVI

Não liguem, François nos ajudou muito, mas estava muito espertinho. Lucrou mais do que merecia e agora já deu.

Ao sair, François está revoltado e exclamando em voz alta ao chegar perto do seu carro.

- Estive o tempo todo junto e esse velhote vai atrás da maldita da filha e de um genro que não sabe nada de administração e de investimento. Mas eu vou deixar minha marca registrada nessa família, Ah isso eu vou!

No primeiro dia que Vivi iniciou na mesma escola que Renan, ela tinha 15 anos e foi o dia que algo fora dos nossos pensamentos mudaria alguns planos relacionados a sua trajetória. Pelo menos por algum tempo.

Vivi sempre foi adiantada nos estudos e muito inteligente. Era sempre premiada com alguns concursos de Matemática.

Vivi conheceu Leonardo e os dois se apaixonaram na primeira troca de olhares. Era namoro de adolescente mas que nós ja sabíamos que isso poderia mudar o rumo das coisas que nos comprometemos a cumprir, porém contra o coração quem pode tentar mudar os sentimentos nele guardados?

Sempre foi perceptível o amor que os envolvia. O cuidado do Leonardo com ela, a atenção, amor. E Vivi, como toda mulher, delicada, apaixonada e muito carinhosa com ele.

O problema entre eles eram seus pais, gananciosos que a todo tempo tentavam destruir o relacionamento dos dois. Mas o amor deles, ninguém podia mexer, pois era verdadeiro. Eu e Lisandra torcíamos para que eles enfrentassem as adversidades e vencessem juntos, como os pais dela fizeram um dia.

Mas Vivi tinga sempre receio de ficar entre Leonardo e seus pais: ela lembrava dos seus pais, e o que enfrentaram .

Lisandra às vezes ficava preocupada porque percebiamos algumas implicâncias de Robson com Leonardo quando está aqui no Brasil, pois sempre percebemos que ele gostava dela, mas sempre foi visto como um irmão mais velho por ela. E Renan, meu filho caçula, era muito apegado a Vivi. Os dois são carne e unha.

Bom, vou contar um pouco sobre a história de Vivi.

Desde que os pais dela faleceram naquele acidente e somente ela sobreviveu, que assumimos a responsabilidade de cuidar dela até completar seus 21 anos. 21 anos pirque alcancaria a maioridade e eu entregaria a ela todo seu patrimônio como combinado com seus pais e avós.

Uma promessa feita aos meus amigos mais chegados que irmãos. Era uma situação que não pesava de forma alguma para nós, cuidar dela, pois Vivi era uma pessoa encantadora, desde bebê a temos como a nossa afilhada e nada mais justo cumprir esse papel de cuidar caso algo acontecesse a seus pais um dia.

Ela sempre se portava como se estivesse nos devendo um favor, mas já explicamos que além de padrinhos dela, a amamos como uma filha que não tivemos. Nunca a tratamos diferente dos nossos filhos.

O que Vivi não sabe, e isso nos incomoda a consciência um pouco, é que ela é dona de uma fortuna, que os pais negaram ter acesso de imediato, devido aos problemas entre os seus avós e seus pais no passado.

Mas quando os avós resolveram procurá-los para pedir perdão, se reconciliar com os pais dela, os mesmos os perdoaram, mas não queriam usufruir de nada da herança ao qual a mãe de Vivi tinha por direito, porém aceitaram a proposta dos avós de pagarem todos os seus estudos e permitir que ela se capacitasse para assumir o império construído por seu avô e uma mesada era depositada para ajudá-los em despesas. Foi difícil convencer meus amigos, mas eles cederam.

Enquanto isso, alguém da confiança deles estaria cuidando dos negócios. E esse alguém não foi ninguém menos que eu, o seu padrinho.

Como já trabalhava na área administrativa de uma multinacional e era bem conceituado na empresa, fui também agraciado nesse acordo entre os pais e avós pois tive a oportunidade de gerir a empresa, dar aos meus filhos uma boa educação, os encaminhando também nesse mesmo ramo, tanto que Robson hoje é CEO da nossa empresa, nossa porque fui aos poucos crescendo e formando nosso próprio negócio até porque logo logo, Vivi tomaria conta de tudo que era dela.

Cuidar da minha afilhada da melhor forma que ela merecia era um prazer e nossa missão.

Tudo foi ideia do Meu amigo Maicon e Luciane também, que não aceitava “assumir” ou trabalhar na empresa, dizia não ser capaz do mesmo e propôs ao seu sogro a minha pessoa, na gestão até que minha afilhada Vivi pudesse assumi-la. o mesmo queria que Maicom o ajudasse também, mas parecia até que ele sabia o que estava por vir seis meses depois.

Ele achava que não precisava de nada que viesse deles, mas não podia impedir que a filha fosse herdeira de tudo, porém queria que se tornasse capacitada a cuidar de tudo aquilo e que sua essência nunca mudasse por causa de dinheiro e bens.

Eles se relacionaram mas contato com a empresa Maicon não queria.

Seu Enoque, avô de Vivi aceitou a proposta e preparou um documento para assegurar que eu não iria roubar o que pertencia a minha afilhada.

Entendi o lado dele é claro, mas Luciane assegurou aos pais, quem nós éramos e que eu e Lisandra quem os acolhemos quando os mesmos fugiram para não serem separados pelos pais dela e que até aquele dia, nosso relacionamento, dos quatro, era de irmãos verdadeiros.

...Paulo e Lisandra (padrinhos de Vivi)...

Pedi demissão da empresa que trabalhava e passei a trabalhar com o Sr Enoque, aprendendo tudo e conhecendo o que ele queria nos repassar. Foi quando ganhei sua confiança e assumi a empresa, sendo agraciado por ele com tudo que temos hoje. Conforto, bens, uma vida muito boa, e filhos encaminhados, assim também a minha afilhada que tanto amo.

No início não foi fácil pois ele tinha um sobrinho que se incomodou comigo e que implicava muito, pois não achava justo ter se dedicado aos tios da maneira que fez e o mesmo ainda ir atrás da filha ingrata. O sr Enoque já tinha tirado ele da empresa, mas vez ou outra gostava de aparecer e criar caso.