Capítulo 10

Eu entro no escritório dele e imediatamente me sinto hipnotizada, sem conseguir desviar o olhar dele. Não posso negar que ele é um homem extremamente atraente, com um corpo forte e definido; seus músculos se destacam de maneira impressionante. Ele me observa intensamente, e nós ficamos assim, trocando olhares, até que eu finalmente consigo sair daquele estado de transe que me dominava.

Rodrigo, eu gostaria de te pedir um pouco de calma. João, eu entendo que te coloquei no meio de toda essa confusão. Essa é a minha vida, e quem se aproxima de mim acaba se envolvendo em toda essa bagunça insana. Não era a minha intenção te envolver nisso, mas a verdade é que, de alguma forma, as pessoas ao nosso redor acharam que você é o meu ponto fraco. E, por consequência, a sua irmã também se tornou um alvo, assim como meu irmão. Eu sinto muito por tudo isso.

João_ você sabe qual é o motivo para tudo isso? Por que estão atrás de você ou de nós dois?

Eu percebo que não faz mais sentido pressionar o Rodrigo, porque ele não tem culpa de nada disso. Tem um maluco perseguindo a gente, e ele só quer nos proteger. Eu entendo a posição dele, mas, ao mesmo tempo, ele poderia tentar não me envolver em tudo isso. O problema é que ele está com uma expressão de culpa no rosto, e eu sei exatamente como é lidar com isso.

João_ Olha, Rodrigo, eu vou ser sincero com você. Eu vou tentar ser paciente até que você consiga lidar com essa situação e depois eu pretendo ir embora. Porém, eu não posso prometer que vou ficar aqui preso por muito tempo.

Rodrigo_ Se você quiser sair, eu também posso sair com você e com a sua irmã, sem problemas. Só peço uma coisa: por favor, não saia sozinho.

João_Tudo bem, entendi o que você está dizendo. Se eu decidir sair, eu vou precisar ir acompanhado do meu segurança, ou seja, de você.

Rodrigo_(rindo) Exatamente! Mas isso só até que tudo isso acabe.

João_ Rodrigo, eu estou acreditando que tudo isso vai chegar ao fim. Você tem um prazo, então me avise, pois quero me preparar para quando isso acontecer.

Rodrigo_ Eu percebo que você ainda está com raiva, isso é evidente. Mas, olha, você vai acabar gostando de ficar nesta mansão, aqui tem tudo o que você precisa.

João_ Não vai adiantar eu dizer que não, já que estou metido nessa situação. Só espero que você respeite meu espaço e a minha privacidade.

Olho diretamente nos olhos de Rodrigo e, para a minha irritação, ele me responde com um sorriso que me incomoda profundamente. Eu realmente não suporto essa característica dele; parece que ele está sempre tentando se esquivar dos problemas, ignorando o que está acontecendo à sua volta. Eu continuo a encará-lo por mais alguns instantes, tentando transmitir a ele minha frustração.

Depois de um momento que parece interminável, decido me levantar. Por que eu deveria ficar ali, sentindo essa irritação? Ele não me respondeu absolutamente nada e, para ser sincera, sei que nesta casa ele não vai me dar o espaço que eu preciso. É como se eu tivesse me metido, literalmente, na toca do leão, sem a esperança de sair ilesa dessa situação.

Rodrigo_ joão...

Eu me viro e encaro aqueles olhos negros, que me hipnotizam com seu olhar intenso. Ele se aproxima tanto que, por instinto, dou dois passos para trás, até sentir a parede fria encostar em minhas costas. No momento seguinte, ele se inclina e sente o aroma do meu pescoço, uma mistura de curiosidade e um certo desejo pairando no ar.

Rodrigo_ você quer ter um espaço pessoal na minha casa?

Sinto uma raiva crescente enquanto olho para ele, e, surpreendentemente, ele se aproxima ainda mais, posicionando-se tão perto que posso sentir a sua respiração perto da minha boca. Ele parece estar fora da realidade, como se pensasse que entre nós existe algo mais sério do que realmente há. É difícil de acreditar que eu esteja nesse momento na casa de um mafioso, que a todo instante pode me devorar, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Agradeço ao destino, que parece estar me pregando uma peça, em um tom irônico, pois não poderia estar em uma situação mais complicada e arriscada neste momento.

Tentando me afastar da sua intensidade, coloco a mão em seu peito musculoso, numa tentativa de empurrá-lo para longe. No entanto, percebo que é uma luta em vão, pois ele não parece disposto a recuar. A tensão no ar é palpável e a sensação de perigo só aumenta.

Rodrigo_quer toca mais

Rodrigo_ deseja que eu toque mais frequentemente.

No entanto, ele é uma pessoa extremamente autoritária, quase como um mafioso. Ele adora ter o controle das situações, enquanto eu, por outro lado, detesto ser comandado. Essa dinâmica entre nós é tensa, e já percebo que estamos prestes a entrar em um conflito. Mais uma vez, sinto que estou à mercê das suas vontades, como se estivesse sendo devorado por essa situação.

Rodrigo_você sabe que aqui estaremos sob vigilância 24 horas por dia. Portanto, nada de gracinhas, entendeu? Não pense em trazer amigos ou pessoas que você está paquerando para cá, porque se fizer isso, eu não hesitarei em lidar com todos eles. Antes de qualquer atitude, me avise; somente com a minha permissão é que eles poderão entrar.

João: Olha, se você realmente quer que eu fique aqui, precisa respeitar as pessoas que eu vou trazer. Eu vou morar aqui, goste você ou não, este lugar vai ser minha casa.

Rodrigo: Exatamente, isso aqui não é um hotel.

João: Sem problemas, pode ficar tranquilo. Não vou me encontrar com ninguém na sua casa.

Rodrigo: E nem em outro lugar...

João: Você não tem autoridade sobre mim, Rodrigo.

Rodrigo: Mas você pertence a mim...

João: De jeito nenhum, eu não sou seu e nem de mais ninguém. Eu tenho a minha própria vida e sou solteiro. Está complicado para você entender isso, ou quer que eu desenhe?

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