Capítulo 12

Natália:

Estou muito exausta. Depois desse banho relaxante quero dormir um pouco. Saio do banheiro já vestida com a roupa que minha querida sogra buscou e para minha surpresa, ela ainda me esperava sentada na poltrona do meu quarto.

-- Vai querer comer alguma coisa quente? Que tal um chocolate quente, meu bem? Pode ser também uma sopa ou um caldo. É só me dizer que minhas empregadas farão imediatamente..

Vejo em seus olhos castanhos um cansaço aparente e uma tristeza por detrás daquele sorriso mascarado de alegria.

Fico surpresa com o gesto caloroso da minha sogra e expresso minha gratidão por suas palavras reconfortantes. No entanto, recuso educadamente sua oferta de comida quente, explicando que só preciso descansar e dormir um pouco para recuperar minhas energias. Ela parece compreender e me deseja um bom descanso antes de sair do quarto.

À medida que mergulho cada vez mais no conforto dos travesseiros macios, sinto-me grata pela compreensão da minha sogra. É reconfortante saber que tenho alguém ao meu lado disposto a oferecer apoio durante momentos difíceis como esse. Fechando os olhos lentamente, permito-me render à exaustão e afundar nas profundezas tranquilas do sono revigorante.

Quando finalmente acordo, o quarto estava escuro e apenas sinto a brisa fresca da noite tocar levemente meu rosto enquanto abro os olhos. Percebo então que tinha dormido bastante tempo. O quarto está silencioso e escuro, com apenas um raio de luar iluminando parte do ambiente. Lembro-me das palavras gentis da minha sogra antes de adormecer e agradeço interiormente pelo seu apoio incondicional.

Levanto da cama me espreguiçando com a boca bastante seca. Eu estava com sede e sem hesitar sai do quarto na direção da cozinha.

O grande corredor estava vazio e silencioso, as luzes da mansão já estavam apagadas e com a lanterna do celular iluminei o caminho a minha frente.

À medida que me aproximo da cozinha, ouço um rangido vindo de algum lugar da mansão. Meu coração dispara e meus sentidos ficam aguçados enquanto tento identificar a origem do som assustador. Será que há alguém acordado além de mim? Acendo a luz da cozinha e vejo em cima do fogão sopa e caldo já prontos. Ligo o fogo para esquentar a sopa enquanto bebo um copo de água gelada, e ao me virar dou um grito soltando o copo de vidro no chão ao ver Bryan parado de braços cruzados na entrada da porta da cozinha olhando fixamente para mim.

-- Você me assustou. -- Digo me virando de costas com o coração acelerado devido o susto.

-- Você parece que não dorme. Ele fala calmamente. Podia sentir seu olhar gélido sobre mim, me causando desconforto.

-- Dormir até demais.. Agora estou sem sono . Respondi me virando na direção dele.

Bryan continuava imóvel na entrada da cozinha, meu corpo ficou tenso instantaneamente e meu instinto de autopreservação entra em ação novamente. Sua presença repentina traz à tona todas as minhas preocupações ocultas sobre nosso casamento turbulento até agora.

-- Porque está tão calado? O gato mordeu sua língua senhor Navarro? -- Digo provocando-o para fazê-lo sair da cozinha, mas logo em seguida percebo algo que não havia percebido desde que ele chegou até aqui.

-- Oh, você está em pé?! Que bom que já está andando.. -- Falo e ele continua como uma estátua muda com aquele olhar gélido sobre mim. Sinto uma coisa diferente.. só não sei dizer o quê.

-- Você é tão lesada. Não sei o que minha mãe viu em você. Me diga, quanto recebeu para se casar comigo?

Olho perplexa para ele. Como um homem pode ser tão miserável desse jeito? -- Você só pensa em dinheiro? -- Falo e me abaixo juntando os cacos de vidro pelo chão. -- Se sua vida é movida pelo dinheiro, a minha não, senhor Navarro..

De repente, me corto em um dos pedaços de vidro espalhado e o sangue começou a sair rapidamente na minha mão.

-- Deixe-me te ajudar. Escuto a voz dele perto de mim e por algum motivo meu coração dispara ao ver-lo segurar a minha mão ensanguentada.

Olhei fixamente para Bryan por um momento antes de finalmente encontrar a voz para responder. A dor no corte já estava desaparecendo graças ao pano que ele amarrara firmemente em minha mão.

-- Tudo bem, murmurei sinceramente, sem saber realmente o motivo pelo qual estava concordando com isso. Talvez fosse porque as palavras dele tinham tocado alguma parte sensível dentro de mim ou talvez fosse apenas uma esperança frágil surgindo em meio à escuridão do nosso relacionamento conturbado.

Bryan pareceu surpreso com minha resposta, mas rapidamente recuperou a compostura e ofereceu um sorriso tímido.

-- Vamos trabalhar juntos então, disse ele determinadamente enquanto segurava minha mão suavemente entre as suas.

-- O quê? Não compreendo o que está dizendo? -- Realmente fiquei confusa com sua fala.

-- Acorda Natália, estou falando de ajuntar os cacos de vidro. Ele diz com arrogância se abaixando e juntando cuidadosamente os pedaços do copo quebrado e colocando dentro de um recipiente.

Saio de perto dele e apago o fogo do fogão.

Me sirvo de uma tigela de sopa me sentando na mesa da cozinha.

Surpreendentemente, Bryan também se serve de uma tigela e se senta ao meu lado na mesa. Tomamos a sopa silenciosamente até terminarmos ao mesmo tempo.

-- Por favor, pode pegar um copo d'água pra mim? Minhas pernas estão fracas, o médico disse que não posso força-las muito.

Sem dizer nada, pego o copo d'água que ele pediu e entreguei-lhe, e logo depois viro-me abruptamente para sair da cozinha quando as suas palavras cautelosas finalmente atingem os meus ouvidos:

  -- Espere! Eu queria falar com você.. -- Parei rapidamente ao escutar sua voz embargada.

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